Eu não preciso dizer o quão insano era o potencial daquela noite em ser uma das mais atormentadas da minha vida, preciso?O castelo de cartas perfeito havia voado. De repente, toda atração que eu sentia por Stênio virou ódio ao saber que ele fingiu e fingiu muito bem que não sabia de nada sobre a minha vida.
Acho que se ele não tivesse omitido tanta coisa, eu não estaria tão possessa quanto agora. Até porque no momento do jantar, eu tive que segurar várias informações pessoais visto que... agora somos oficialmente promotores do mesmo ministério.
Piada. Só poderia ser uma piada de muito mal gosto.
— Senta aqui, Dra. – audacioso, doido pra levar na cara, Stênio ofereceu a parte livre do sofá de couro para mim, enquanto que Moretti e Guida se acomodavam junto a namoradeira.
Eu me joguei no sofá de Guida, caindo em ⅕ do lado lateral esquerdo do seu corpo, atacando uma taça de vinho que deixasse o ambiente mais tragável, e em consequência, causando uma tosse fora de hora em toda familia Moretti.
Eu, Stênio, o pobre do garoto, juntos num sofá. E a tensão pairando sobre nós: Um jogo não se joga sozinho, e aquele era sinuoso demais pra deixar que fosse jogado apenas por Stênio.
Se ele queria confusão, ele teria. E teria a pior do mundo.
Topei o desafio de ser social e tentei não tocar no assunto Promotoria e Ministério Público, então, exploramos o da vida pessoal. A familia me contou das suas últimas viagens, da parte dos Moretti que vivia na capital, de amigos que fez... e de repente, eu já sabia de tudo, e, ao mesmo tempo, não me sentia tão sozinha assim naquela nova cidade.
Apesar daqueles olhos grandes pairando do meu lado, eu estava bem controladinha. Na verdade, acho que a hora dele ainda ia chegar, e quando chegasse... eu teria dó da pele dele, de verdade.
Se Stênio pensa que com aquela sessão de papinho amistoso entre vizinhos eu iria ignorar aquela série de mentiras... ele estava redondamente enganado.
Desbaratinei com 3 taças a falar sobre minha vida, sobre meus pais, sobre os últimos anos e sobre a vida e as coisas que gosto. E de repente, eu me abria sobre tudo que eu pensava até demais com aquele velho conhecido.
— Guida comentou que você tem uma menina, Helô. — falou Moretti, puxando papo comigo.
— Ah tenho, tenho sim. Esther. É a minha parceirinha, sabe? Mesmo nessa fase de aborrecente, ela continua sendo muito íntima de mim. – disse, com um sorriso bobo na boca.
— Eu tinha um sonho em ter uma garotinha, acredita? — disse Moretti. — Mas acho que o Rudá preencheu essa vontade de ser pai que eu tinha muito bem.
— Babão. — disse o menino, quase corado, enquanto eu observava Guida que estava toda boba.
— Um dia você vai reconhecer esse carinho e pedir por ele, tá? — disse, brincando com o adolescente que ria, todo desconfiado.
— A Esther vem com você agora, Heloísa? — se manifestou Stênio, com o hálito quente, bem próximo do meu rosto. Tive que apertar os olhos pra não me perder.
— Ah, não. Esse semestre ela segue com os meus pais em Niterói, e vem nas férias de Dezembro, até que eu ache uma escola bacana e tal, até organizar a vida por aqui. Muita correria de uma vez só, sem contar que não seria justo com ela.

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Porque Não Eu?
FanfictionHeloísa e Stênio são promotores de justiça recém-empossados do cargo no Estado do Rio de Janeiro. Com histórias totalmente distintas que acabam se cruzando em momentos diferentes da vida de cada um, o destino de ambos vai se encarregando de criar op...