Maximilian Konig Winkel
Um movimento involuntário me coloca sentado na cama, o peito subindo e descendo com rapidez enquanto o suor escorre lento pela lateral da minha testa. Dessa vez acordei com o meu próprio grito, a dor dilacera o meu peito como se estivesse vivendo aquela cena mais uma vez.
É impossível me questionar se o luto irá passar ou até mesmo diminuir a dor. Me disseram que a vida cresce em torno, mas até o momento tudo parece exatamente igual. Como se nem mesmo um dia houvesse passado daquele instante que parece ter sido o ponto de ruptura na minha vida.
Pisco várias vezes, obrigando meu cérebro a entender onde estou e voltar ao presente. As portas que dão para a varanda, estão abertas e as cortinas balançam de leve com a brisa gelada de uma madrugada comum de primavera em Emerald.
Jogo os lençóis para o lado, me colocando de pé. Sinto os músculos reclamarem quando começo a andar, a tensão do pesadelo cobrando seu preço. Não sei o que é dormir bem desde que tudo aconteceu... na verdade, não sei mais o que é dormir e ponto. Simples assim. É fechar os olhos e tudo voltar como uma avalanche, sem qualquer tipo de porto seguro para me proteger ou uma bóia a qual consiga me segurar quando a onda chega de uma vez só, como um tsunami.
Os olhos verdes de Ingrid, sem luz, atormentam a minha memória, colocando a prova a minha sanidade. Não tem um dia que eu não me lembre dela e do nosso filho. Respiro fundo, buscando o ar que parece não chegar aos pulmões da maneira correta para alimentar meu corpo e acalmar meu sistema nervoso que parece prestes a entrar em colapso.
Inspiro pelo nariz e expiro pela boca.
Passo as mãos sobre o rosto, em busca de concentração, de afastar os pensamentos que se esforçam para me sufocar. Eles precisam voltar para a caixa de onde vieram, no fundo da minha cabeça, naquele lugar obscuro que evito lembrar que existe.
— Alexa, que horas são?
— Bom dia, Maximilian. São quatro horas e trinta e dois minutos.
O sol ainda demorará um bocado para nascer e minha primeira reunião só irá acontecer às oito horas da manhã. Voltar para cama é impensável e então, como em quase todos os dias antes desse, nos últimos seis meses, caminho em direção ao closet em busca da primeira roupa de academia que encontrar.
Um shorts, uma camiseta, tênis para corrida e sigo entre os corredores ainda silenciosos devido ao horário. Não faço questão de acender nenhuma das luzes, me sinto acolhido pela escuridão. É um estado curioso para uma mente que sempre se julgou racional.
Abro a porta lateral da sala de estar, caminhando em direção a construção externa, onde fica a academia. Meus pelos se arrepiam quando a temperatura que deve beirar a negativa alcança minha pele, me lembrando que esse é o horário mais frio do dia. Paro por um instante, virando de frente para a piscina e olho a escuridão ao redor, o ar se condensado ao sair da minha boca, formando uma névoa densa.
Nem mesmo os pássaros começaram a cantar.
A única vida, além de mim, são os homens que fazem a ronda e mantém os curiosos e os não convidados longe da propriedade, garantindo não apenas a minha privacidade e a de todos os meus funcionários, como a segurança de cada metro quadrado dessa propriedade.
Abro as portas da academia, e as luzes se acendem, mantendo uma luminosidade baixa apesar disso. Vou direto para a esteira, onde sinto ser o único lugar capaz de me ajudar a colocar a cabeça no lugar, fazer com que os pensamentos tomem o rumo esperado para alguém como eu.
Com os fones já posicionados sobre as orelhas, aperto o play e deixo a música invadir a minha audição, me levando para um lugar que só existe o vazio junto com Linkin Park estourando em minha audição.
Time is a valuable thing
( O tempo é uma coisa valiosa)
Watch it fly by as the pendulum swings
(Assista-o voar como o balançar de um pendulo)
Watch it count down to the end of the day
(Observe a contagem regressive até o final do dia)
The clock ticks life away, it's so unreal
(O relógio faz a vida passar, e é tão irreal)
A esteira começa a rodar acelerada e corro desde o primeiro segundo, como se fugir fosse a única solução para me manter vivo e controlar essa maldita escuridão que não me dá trégua.
***
Nota da Autora: Seja muito bem vindo ao meu primeiro livro publico nessa plataforma incrível! Espero que vocês se divirtam lendo o tanto quanto estou me divertindo escrevendo! :D
Feliz aniversário, Andresa!!
Dedico esse prólogo para você :D
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Rejeitada pelo magnata viúvo - DEGUSTAÇÃO
RomanceFAST BURN + CONVIVÊNCIA FORÇADA + MOCINHO COM PASSADO TRISTE Maximiliam é um magnata implacável da área de tecnologia, marcado pela perda da esposa e do filho. Nicole é uma jovem humilde, que trabalha como jardineira em sua mansão, vivendo à sombr...