A Terra do Tempo (Concluído)

O Mestre e o Mistério

Capítulo 6: O Mestre e o Mistério

Após o caos da Biblioteca de Alexandria, Luca e Mia foram lançados para um novo ponto no tempo. Quando abriram os olhos, perceberam que estavam em uma pequena vila pitoresca, com ruas de pedra e casas de madeira. Era diferente de qualquer lugar que haviam visitado antes.

"Onde estamos agora?" Mia perguntou, ainda se recuperando do turbilhão que os trouxe até ali.

Luca olhou ao redor e reconheceu as roupas das pessoas que passavam, o estilo arquitetônico das construções e, mais importante, o som familiar do martelo batendo no metal, vindo de uma oficina próxima.

"Estamos na Renascença," respondeu Luca com um leve sorriso. "A Itália renascentista, se eu não me engano."

Mia arqueou as sobrancelhas, intrigada, mas antes que pudessem explorar mais, eles foram surpreendidos por um homem mais velho, com cabelos brancos e uma barba bem cuidada, que se aproximou.

"Ora, ora, quem são vocês? Não parecem daqui," o homem disse, com uma voz carregada de curiosidade.

Sem saber ao certo o que dizer, Luca improvisou. "Nós... estamos de passagem, senhor."

O homem sorriu, avaliando-os com olhos penetrantes. "Vocês têm algo de especial... Eu sou Leonardo, Leonardo da Vinci. Sejam bem-vindos ao meu pequeno pedaço de inspiração."

Luca e Mia ficaram sem palavras. Eles estavam diante de um dos maiores gênios da história humana. Da Vinci, o mestre da arte, da ciência e da invenção.

Aquela pequena "passagem" que Luca havia mencionado se tornou muito mais do que esperavam. Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses. Eles logo se tornaram amigos de Da Vinci, ajudando-o em suas invenções e estudos. Com o tempo, Luca revelou seu interesse pela pintura, e Da Vinci, com seu espírito generoso e curioso, ofereceu-se para ensiná-lo.

"Você tem um bom olhar para a arte, Luca," disse Da Vinci em um dia ensolarado enquanto pintavam no campo. "A arte é mais do que técnica. É capturar a essência das coisas, a alma que está além do que os olhos podem ver."

Mia, por sua vez, também se aproximou de Da Vinci, mas seu foco era diferente. Ela apreciava o gênio dele, mas não era tão interessada em pintar quanto Luca. No entanto, certo dia, por pura diversão e para passar o tempo, Luca resolveu pintar um retrato de Mia.

"Fique parada, Mia. Eu quero capturar sua essência," Luca brincou, colocando-a em uma cadeira e começando a trabalhar no retrato.

Mia riu, mas deixou-se levar pela ideia. Ela fez uma expressão serena, com um leve sorriso, sem mostrar os dentes, e Luca começou a trabalhar. Com os conselhos de Da Vinci, ele soube capturar cada detalhe do rosto dela — a suavidade da pele, a profundidade nos olhos. O resultado foi surpreendente até mesmo para ele.

"Uau, Luca... Isso ficou incrível!" disse Mia, admirando a pintura.

Da Vinci, que observava de perto, sorriu de maneira enigmática. "Este retrato tem algo especial. Ele me lembra algo que já vi em minha mente, mas ainda não tinha pintado. Talvez... ele venha a ser importante no futuro."

Luca e Mia riram, achando que era apenas mais uma das reflexões filosóficas de Da Vinci. No entanto, o retrato de Mia acabou sendo o que conhecemos hoje como a Mona Lisa, um dos quadros mais enigmáticos e famosos do mundo. Eles, claro, não faziam ideia disso naquele momento.

Com o passar dos anos, Luca e Mia viveram momentos incríveis ao lado de Da Vinci. Embora o tempo parecesse fluir normalmente para os habitantes daquele período, eles notaram que seus corpos não envelheciam. Era como se estivessem presos em uma bolha temporal.

Vinte e cinco anos se passaram desde que haviam chegado àquele ponto da linha do tempo. E, apesar de toda a experiência e das amizades que formaram, algo os incomodava profundamente: eles estavam perdendo a noção de quem realmente eram. A vida ao lado de Da Vinci era fascinante, mas eles sabiam que precisavam continuar sua missão e escapar dos supervisores temporais.

Em um certo dia, Luca e Mia estavam conversando com Da Vinci sobre um de seus quadros inacabados — um trabalho misterioso que envolvia figuras estranhas e simbologias ocultas. Curiosamente, era uma pintura que, no futuro, seria um dos grandes mistérios do mundo da arte, pois ninguém saberia ao certo se Da Vinci foi o verdadeiro autor.

"Este quadro... tem algo de especial, mas nunca consegui terminá-lo," Da Vinci confessou, observando a tela.

Luca e Mia, buscando algo para preencher o tempo, decidiram ajudá-lo. Juntos, os três trabalharam no quadro, adicionando detalhes e cores que transformaram a obra em algo verdadeiramente único. Mas, assim como outras criações de Da Vinci, este quadro também carregaria um mistério não resolvido por séculos: quem realmente o pintou? Foi Da Vinci ou seus misteriosos companheiros temporais?

O quadro em questão seria, no futuro, conhecido como Salvator Mundi, outra obra famosa atribuída a Da Vinci, mas com origem envolta em mistério e controvérsia.

No entanto, antes que pudessem questionar o porquê de estarem tanto tempo naquela época, algo inesperado aconteceu. A trena, que estava guardada em um canto esquecido, começou a emitir uma luz estranha. Mia e Luca perceberam que o tempo para continuar suas aventuras estava prestes a se esgotar.

"Luca... está acontecendo de novo," Mia disse com um olhar de urgência.

Sem pensar duas vezes, Luca pegou a trena, e eles souberam que era hora de seguir em frente, antes que os supervisores os encontrassem. O adeus a Da Vinci foi rápido, e mais uma vez, o portal temporal se abriu, levando-os para uma nova jornada... ou talvez para um novo perigo.