Quando Carina tem um desejo estranho

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Era madrugada, e Maya dormia profundamente, abraçada à cintura de Carina. Um leve toque na sua mão e uma voz sussurrante interromperam o sono tranquilo.

"Maya... Maya..." A voz de Carina era suave, mas insistente.

Maya abriu os olhos lentamente, ainda confusa com o chamado no meio da noite. "O quê? Tá tudo bem?" ela perguntou, já se sentando, visivelmente preocupada.

Carina estava deitada, mas seus olhos brilhavam com um misto de urgência e... algo que Maya não conseguia definir. "Eu... eu preciso de algo... agora."

Maya franziu o cenho, preocupada que talvez algo estivesse errado com o bebê. "Você está com dor? É o bebê? Quer ir ao hospital?"

Carina riu baixinho, segurando a mão de Maya para acalmá-la. "Não, não é nada disso. Eu só... Eu preciso de melancia."

"Melancia?" Maya piscou, sem saber se estava ouvindo direito.

"Com molho de pimenta." Carina completou, com a expressão mais séria do mundo.

Maya ficou em silêncio por um segundo, digerindo aquela frase. "Melancia... com... pimenta?"

Carina assentiu entusiasticamente, como se fosse a coisa mais óbvia e normal do mundo. "Sim! E se não tiver melancia, talvez pepino com sorvete de baunilha. Mas eu prefiro a melancia."

Maya soltou uma risada desacreditada, passando a mão no rosto. "Carina, são três da manhã..."

"Por favor, Maya... o bebê precisa!" Carina fez aquele olhar irresistível, que Maya sabia que nunca conseguiria negar.

Maya suspirou, resignada. "Tá bom. Tá bom. Eu vou ver o que eu consigo encontrar."

Ela saiu da cama, vestindo um casaco por cima do pijama, ainda se perguntando como a vida dela tinha chegado a um ponto em que ela iria caçar melancia com pimenta no meio da madrugada. Mas, por mais estranho que fosse, ver o sorriso grato de Carina fazia tudo valer a pena.

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Maya entrou de volta em casa com um sorriso triunfante no rosto, segurando uma sacola com os itens que procurou pela cidade quase deserta. Assim que entrou no quarto, Carina estava sentada na cama, já impaciente.

"Eu consegui!" Maya anunciou orgulhosa, como se tivesse vencido uma batalha épica.

Carina abriu um sorriso largo ao ver a sacola. "Você é a melhor, bambina!" disse ela, já estendendo as mãos ansiosamente.

Maya tirou uma pequena melancia e um frasco de molho de pimenta da sacola, colocando-os na frente de Carina com uma expressão de puro fascínio e uma pitada de horror. Ela observou enquanto Carina, cheia de vontade, cortava um pedaço da melancia e despejava uma quantidade generosa de molho por cima, como se fosse uma obra-prima culinária.

"Você vai mesmo comer isso...?" Maya perguntou, incrédula, mas sem deixar de sorrir. Era bizarro e ao mesmo tempo adorável ver Carina tão empolgada por algo tão estranho.

Carina assentiu com entusiasmo, colocando o primeiro pedaço na boca. O prazer no rosto dela era evidente. Ela soltou um suspiro de satisfação. "Ahh... isso é perfeito."

Maya observava, maravilhada e um pouco assustada. "Eu sabia que você tinha me acordado às três da manhã por algo importante, mas... eu realmente não esperava que fosse por melancia com pimenta."

Carina riu, claramente sem culpa alguma. "O bebê quis. E agora eu estou feliz."

Maya cruzou os braços, observando Carina com carinho, embora com uma careta ainda perplexa. "Bem, se você está feliz, acho que valeu a pena."

Enquanto Carina devorava mais um pedaço, Maya não podia deixar de se sentir realizada. Ela tinha feito algo estranho e, aos olhos de qualquer outra pessoa, talvez até ridículo, mas ver Carina satisfeita fazia tudo ter sentido.

"Você sabe que isso é muito estranho, né?" Maya comentou, ainda divertida.

Carina, entre uma mordida e outra, apenas deu de ombros. "A gravidez tem dessas coisas. Eu poderia querer algo ainda mais esquisito na próxima vez."

"Mais esquisito que isso? Agora estou com medo." Maya riu, aproximando-se e sentando-se na beirada da cama.

"Medo?" Carina provocou, com um brilho brincalhão nos olhos. "Você me ama demais pra ter medo."

Maya riu, inclinando-se para beijar Carina suavemente na testa. "Isso é verdade. Acho que não importa o que você peça... sempre vou correr atrás."

Carina sorriu para Maya, ainda lambendo os lábios com o gosto da melancia apimentada. Ela pegou mais um pedaço e olhou para Maya, com um brilho travesso no olhar. "Quer experimentar?"

Maya deu uma risada rápida e balançou a cabeça, erguendo as mãos em defesa. "Ah, não, obrigada! Eu estou bem só de assistir você... se deliciar com isso."

Carina deu de ombros e voltou a comer, saboreando cada mordida como se fosse a melhor refeição do mundo. Maya, por sua vez, se ajeitou ao lado dela na cama, apoiando-se no travesseiro e observando a cena com um sorriso nos lábios. Por mais que achasse aquilo completamente maluco, tinha algo de reconfortante em ver Carina tão feliz.

"Você realmente não quer provar?" Carina insistiu, estendendo um pedaço de melancia na direção de Maya, com o molho de pimenta escorrendo um pouco pelos dedos.

Maya fez uma careta, mas não resistiu ao olhar de Carina. "Tá bom, mas só um pedacinho."

Ela pegou a melancia com hesitação e deu uma mordida pequena. A mistura de sabores a atingiu de imediato, e seus olhos se arregalaram. "Isso é... horrível!" Maya riu, rapidamente limpando a boca. "Como você consegue gostar disso?"

Carina riu, se divertindo com a reação de Maya. "Ah, bella, você não entende... é exatamente o que eu precisava."

Maya riu junto, balançando a cabeça em descrença. "Você e o bebê têm gostos muito... únicos."

Carina terminou a última fatia de melancia e se acomodou mais perto de Maya, aconchegando-se ao lado dela. "Obrigada por sair no meio da madrugada por mim. Eu sei que é estranho... mas você faz eu me sentir tão amada."

Maya envolveu Carina em seus braços, puxando-a para mais perto. "Sempre vou estar aqui, baby, não importa o que você precise. Mesmo que seja... melancia com pimenta."

Carina deu um beijo suave no ombro de Maya, suspirando feliz. "Eu tenho sorte de ter você."

"Somos sortudas de nos ter", Maya respondeu com um sorriso, acariciando o cabelo de Carina.

As duas ficaram em silêncio por um momento, com Maya sentindo o leve peso da respiração de Carina se acalmando contra ela. Olhou para o relógio e viu que já passava das 4h da manhã, mas naquele momento, a hora não importava. O que importava era que, por mais estranhas que fossem as situações que a vida jogava em seu caminho, Maya sabia que estaria lá, rindo e cuidando de Carina, sempre.

"Agora vamos tentar voltar a dormir, antes que você queira algo ainda mais estranho... tipo pizza com sorvete," Maya brincou, fechando os olhos.

Carina deu uma risadinha, se aconchegando mais ainda nos braços de Maya. "Boa ideia."

E assim, com o silêncio da noite envolvendo as duas, elas finalmente adormeceram, com a certeza de que, independentemente das madrugadas malucas, estavam exatamente onde deveriam estar: juntas.

Our Family - Marina oneshotsWhere stories live. Discover now