Dilúvio

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POV CATARINA

Já não aguentava mais ficar na cama, estava doida pra levantar e começar o dia, porém minha namorada dormia feito pedra, enquanto me agarrava entre seus braços, como se eu fosse fugir. Me soltei com cuidado e beijei seu rosto antes de sair da cama por completo. Sei que Vanessa não sairia da cama antes das onze da manhã.

Segui direto pro banheiro, me despi por completo e me encarei pelo reflexo do espelho, um suspiro cálido saiu da minha boca e o medo novamente me atingiu. Manha eu tenho uma consulta, onde irei saber se meu tumor é benigno ou não, e também saberei como vou tratá-lo. Não posso mentir e dizer que não estou com medo, pois não consigo parar de pensar nisso um momento sequer. Entretanto, Vanessa me passa segurança, sua positividade consegue com que eu acredite que vai dar tudo certo. Respirei fundo e fui tomar o meu banho, queria passar no quarto da minha filha pra saber como ela está.

[...]

Dei duas batidinhas leves e logo ouvi a voz de Valentina permitindo minha entrada, coloquei minha cabeça pra dentro e ela ainda estava deitada, vendo algo no celular. Minha filha abriu um sorriso pra mim e me chamou pra se aproximar.

-Posso deitar ai? – Valentina acenou com a cabeça e se levantou para que eu me acomodasse melhor.

Me deitei em seus travesseiros e minha filha se deitou em meu ombro, beijei seus cabelos e um sentimento nostálgico me invadiu.

-Lembra quando você era criança e todo domingo você pulava pra minha cama? Sorri ao me lembrar dela pequena. – Você vinha por baixo e se enfiava entre seu pai e eu. Mas sempre guardava no pescoço do seu pai, sempre foi puxa saco dele.

-Não era bem assim. – Ela se justificou, sorrindo também. – O papai que me puxava.

-Sei bem. – Cutuquei sua cintura, arrancando mais risos. – Lembro de você pituquinha fazendo birra pra não desgrudar do seu pai quando ele tinha que levantar pra preparar nosso café da manhã.

-Hey, eu não fazia birra não. – Minha filha fechou a cara em falsa indignação.

-Não era birra, mas ficava mal humorada quando algo não saia como você queria. – Olhei seu rostinho, que não mudou muita coisa, pra mim ela ainda era meu bebê. – Até hoje é assim, né?

-Você acha? – Minha filha levantou o olhar, buscando a minha resposta.

-Nem sempre as coisas saí como a gente espera, principalmente quando envolve outras pessoas. – Minha filha sabia do que eu estava falando. – Mas fazer birra não resolve nada, né?

-Se resolvesse seria bom. – Valentina colocou as mãos no rosto. – Queria voltar a ser criança.

-Eu também queria que você voltasse a ser criança e eu pudesse te proteger do mundo. – Beijei sua têmpora – Eu te amo, filha! Te amo muito!

-Eu também te amo, mãe. – Ela se aconchegou ainda mais no meu corpo.

-E não seja tão dura com você, tudo na vida são escolhas. – Sei que nessa cabecinha ela estava se culpando pela grande confusão de ontem.

-Eu sei. – Ela soltou um suspiro pesado. – Queria não ter sentimentos, sabia?

-Não diga isso. – Puxei ela ainda mais para o meu abraço. – Não deixe que algumas escolhas ruins, defina quem você é.

Wildest Dream (Segunda temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora