Uma chance

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🩶🥃

Semanas havias se passado desde a reuniãozinha na casa do Hobi, semanas que eu e Jae estávamos saindo, semanas que Jungkook estava se esforçando pra que tudo ficasse bem entre nós.

Eu arrumava a sala de casa pra mais uma daquelas noites épicas de jogos. Eu havia convidado Jungkook, mas não avisei que teríamos Jaehyun conosco dessa vez. Temi que ele não viesse se eu dissesse e agora, pensando bem, não pareceu uma boa ideia omitir essa informação. Mas agora a merda já estava feita e eu quase abria um buraco no chão de tanto andar de um lado pro outro.

- Meu filho, por que está tão ansioso? - a campainha toca assim que minha mãe conclui a frase e eu sequer respondo à sua pergunta.

- Deixa que eu atendo. - falo e saio quase correndo pra atender à porta.

Respiro fundo, chacoalho o corpo todo pra dissipar sei lá o que é isso que eu tô sentindo e giro a maçaneta.

- Kook! - abro um sorriso nervoso e ele me olha desconfiado. - Que bom que você veio! Vem, entra!

- Tá tudo bem?

- C-claro! É que... - a campainha toca novamente e não há mais tempo para explicações. - E-eu já volto.

- Oi, Jae! - meu sorriso nervoso se abre novamente, mas Jaehyun não parece perceber. - Entra.

- Eu trouxe uns doces da padaria. Não sabia do que vocês gostavam e trouxe um pouco de tudo. Não quis vir de mãos abanando. - ele fala enquanto andava distraído olhando pra dentro da sacola.

- Que gentil. Obrigado, Jae. Não precisava.

- Espero que gos... - a frase morre assim que ele vê Jungkook e posso dizer que a reação de Jungkook não é muito diferente.

- E aí? Beleza? - Jungkook o cumprimenta com um sorrisinho falsamente receptivo.

- E aí, Jungkook! Veio pra noite dos jogos também?

- Claro, eu sou a dupla da Sra. Park e a gente nunca perde.

- Ah, entendo...

- Eles são muito competitivos, mas eu juro que é muito divertido. - seguro a mão de Jaehyun e ele da um meio sorriso.

- Finalmente! Cheguem logo pra cá que hoje eu estou com sede de vitória! - meu pai chama da sala e nós seguimos em sua direção. - E você deve ser o Jaehyun, não é? - eles se cumprimentam brevemente e meu pai já incorpora o modo exterminador do futuro. - Você fica na nossa equipe e o objetivo é aniquilar aqueles dois pilantras ali.

- Sim, senhor. Darei o meu melhor. - ele responde entrando na brincadeira.

- Minha dupla chegou! - minha mãe chega abraçando forte Jungkook e só depois nota a presença de Jaehyun. - Oi, querido! Você é o Jae, não é? Bem vindo! Entrem e fiquem a vontade que eu vou só buscar o lanchinho.

A noite transcorre de forma agradável. Todos riam e se divertiam. Tudo estava na mais perfeita harmonia, tirando o fato que Jungkook estava sendo extremamente territorialista. O desconforto de Jae era notório ainda que eu estivesse sempre ao seu lado tentando passar confiança.

No dia da cena de ciúme do Jungkook, Jaehyun me perguntou sobre a nossa relação e se éramos mesmo apenas amigos. Embora eu ainda tenha plena consciência sobre os meus sentimentos, não estragaria essa boa oportunidade que eu estava tendo por alguém que não retribuiria o que eu sinto.

Jaehyun é uma grata surpresa que tem me feito muito bem. Ter passado esse tempo com ele tem sido bom e leve, coisas que faziam tempo que meu coração não sentia.

Jae acerta a última mímica e nosso trio é o vencedor da noite. Eu corro em sua direção e comemoro pulando em seu abraço. Ele me gira enquanto o sorriso estampava nossos rostos até que Jungkook aparece no meu campo de visão.
Sua expressão quebrada, derrotada e triste não era só pelo jogo, eu sabia disso. Mas não sabia dizer sobre o que era tudo aquilo. Tudo aquilo que os olhos diziam, mas a boca dele nunca proferia.

A culpa me arrebata imediatamente quando me pego pensando no quanto eu gostaria que ele dissesse alguma coisa, que me tomasse pra si, que ele me quisesse tanto quanto eu ainda quero ele.

Mas ele não disse. Ele nunca diria e eu já estava começando a aceitar isso.

Depois do jantar acompanho Jae até a porta e me despeço com um beijo lento e doce.

- Me avisa quando chegar?

- Aviso. Dorme bem, meu bem. - ele me beija mais uma vez, vai até o carro e eu o acompanho até sair da minha vista.

- "Dirmi bim, mii bim." - a voz debochada de Jungkook surge atrás de mim.

- Você é tão implicante. Por que pega tanto no pé dele? - me viro e lá estava ele encostado no batente com os braços cruzados.

- Gosta dele tanto assim?

- Ele me faz bem. - sento na escada em frente à porta e ele se junta a mim.

- Não respondeu a minha pergunta.

- Quer saber se meus sentimentos por você mudaram? Acha mesmo que em pouco tempo isso mudaria? Você realmente não faz ideia, não é mesmo? Sabe, Jungkook... eu nunca senti o que eu sinto por você e me assusta, porque você tem muito poder sobre mim. Não é culpa sua, é só que porra, eu tô fodidamente apaixonado por você. Mas eu sempre fui um entusiasta do amor e eu não vou deixar de acreditar que eu posso ser feliz com outro alguém. Jaehyun me trata bem e é uma boa pessoa. Um dia me disseram que nem sempre as coisas são espontâneas, o amor as vezes é uma escolha. Eu sinto que ele é uma boa chance pra eu ser feliz, não que eu seja triste... mas é diferente quando se tem alguém pra compartilhar e pra amar.

- Então você escolheu amar o Jaehyun?

- Eu escolhi não me fechar a possibilidade de amá-lo.

- Acha que vai ser mais feliz com ele?

- Acho que posso ser mais feliz do que estou agora.

Ele respira fundo e solta devagar. Por um momento achei que ele fosse dizer algo, mas ele levanta em silêncio, deixa um selar em minha testa e se vai. Simplesmente vai sem dizer mais nada.

💙🚬

O maior problema de eu ter demorado a entender e aceitar meus sentimentos por Jimin é que toda e qualquer atitude que eu tenha não parece mais legítima. Desde a noite na casa do Hobi, eu tenho tentado me reaproximar de Jimin de forma orgânica. O plano era a gente voltar ao normal e então a gente... não sei... evoluiria? Não é porque ele é um cara, eu só não sei mesmo como esse lance de... amor.

Jimin parecia não notar as minhas intenções e, enquanto isso, Jaehyun ganhava mais e mais espaço. Eu poderia simplesmente falar tudo que está guardado no meu peito, tudo que agora eu sei que eu sinto, mas o medo de parecer o mesmo otário ciumento daquela noite me assolava.

Eu precisava que ele entendesse que minhas motivações eram genuínas.

Essa noite eu voltava pra casa derrotado, mas não desistente. Jimin ainda tinha sentimentos por mim, mas Jaehyun tinha uma chance, a chance que eu queria ter, a chance que eu ia buscar.

FOOLS [ JJK PJM ]Onde histórias criam vida. Descubra agora