Lauren Jauregui POVEu odiava admitir quando estava errada, um desgosto tão profundo que talvez fosse o meu maior defeito, seja como ser humano, profissional ou em qualquer outro aspecto da minha vida. Admitir que era teimosa não foi tarefa fácil, especialmente quando eu estava certa 99% das vezes. Mas precisava reconhecer que nem sempre alcançava os 100%. Ainda assim, mesmo quando me enganava, não estava completamente errada ao afirmar que Camila tinha um jeito demoníaco. Mas afinal, o que seria esse "jeito de demônio"? Meu avô costumava dizer que há mulheres que parecem anjos, mas têm ares de tinhoso. Em outras palavras, a aparência é encantadora, e o interior, ainda mais cativante, se é que me entende. A verdade é que Camila é uma pessoa deslumbrante, gentil e agradável. Estar com ela reacendeu em mim sensações há muito adormecidas, vontades que eu nem sabia que ainda existiam.
Não sei dizer exatamente em que momento decidi dar atenção às suas palavras, mas provavelmente foi quando o álcool começou a circular pelo meu sistema. De qualquer forma, lá estava eu, na casa de Camila, em plena noite de folga – um momento que, para mim, sempre foi sagrado. Sagrado e, ao mesmo tempo, tão sombrio quanto um domingo à noite.
Ela estava insegura, e, honestamente, não era de se surpreender. Camila era apenas uma escritora vinda de uma cidade pequena, trazendo consigo as cicatrizes de seu passado. Ainda assim, havia depositado em mim a responsabilidade de mantê-la tranquila. Talvez isso se devesse à noite que passamos juntas. Sendo uma completa estranha nessa cidade, é provável que ela não conheça muitas pessoas, e, depois de termos nos envolvido, fui automaticamente promovida ao posto de "pessoa mais próxima de Camila em Boston". Partindo desse pressuposto, eu poderia optar por dois caminhos completamente divergentes um do outro: Dar o famoso 'gelo' e fingir que nada aconteceu e, provavelmente, fazer com que ela me odiasse ou ser gentil e compreensiva, trazendo um pouco da Lauren policial para o contexto pessoal, onde meu trabalho seria confortá-la e protegê-la, nem que de si mesma.
Escolhi o segundo caminho.
– Laur... – Sussurrou contra meus lábios em meio ao beijo que eu depositava em sua boca.
– Hm... – Respondi, simplesmente.
– A linda 'tá com fome.. – Disse me fazendo soltar uma gargalhada típica de quem esperava qualquer fala, menos aquela. A escritora passou a rir junto comigo enquanto eu me afastava. – Qual é?! Eu tenho uma barriguinha de dragão. – Disse e fez o bico mais fofo que conseguiria, acredito eu.
– Oh céus. Vou terminar esse macarrão e alimentar esse dragãozinho na barriga, então. – Respondi, entrando na sua brincadeira e ela concordou com a cabeça me liberando completamente de seus braços para isso, e me fazendo sentir uma falta instantânea de seu calor junto ao meu.
– Combinado!
Levei pouco menos de uma hora para finalizar o prato com perfeição. Não posso negar que parte desse esforço veio da minha vontade de impressionar a escritora de algum jeito. Felizmente, parece que consegui. Quando seus olhos caíram sobre o prato levemente fundo, com um montinho de macarrão cremoso, pedacinhos de bacon dourados e algumas folhas de manjericão fresco por cima, seu olhar brilhou. Não sei dizer ao certo se era sua mente, seus olhos ou sua barriga se manifestando, mas ver a admiração estampada em seu rosto fez meu peito se encher de orgulho. Acho que é um pouco disso que vem ao cozinhar para alguém – a satisfação de criar algo que desperta prazer.
Em pouco tempo já estávamos sentadas e prontas para comer na pequena mesa com apenas dois lugares que já estava posta. Camila havia se encarregado de pôr uma toalha estampada com porquinhos, taças de vinho e os talheres à mesa.

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Entrelinhas - Camren
FanficQuando crimes brutais começam a espelhar os enredos de seus livros, a escritora Camila Cabello une forças com a policial Lauren Jauregui. Entrelinhas de ficção e realidade, elas devem desvendar o mistério antes que a próxima página seja escrita em s...