Capítulo 04 - álcool

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Pov João

terça-feira, um mês para a descoberta.

Estamos prontos para ir a festa de hoje a noite que vai acontecer em uma das repúblicas, meus amigos amam esses rolês e eu os acompanho pra não parecer chato.

– Por que você tá o dia inteiro quieto, Jô? - Marília, uma grande amiga, me pergunta.

– Ah, talvez não seja nada demais... mas mais cedo eu achei um papel em cima de uma das mesas da sala 07 e fiquei muito curioso pra saber o que significa, tô usando de todos meus neurônios pra decifrar - Rio descontraído e só aí percebo que fiquei o dia inteiro focado nisso. - O Zebu vai hoje também? - Pergunto sobre seu namorado na intenção de mudar de assunto.

– Sim, e disse que vai levar uns amigos, eles vão ficar com a gente, tudo bem por vocês?

– Claro que sim Mari, a gente não conversa muito mas vamos nos aproximar agora que vocês oficializaram o namoro. - Giovana diz

– Nosso carro chegou gente. - Renan avisa enquanto caminhamos em direção a rua.

Eu não sou dos mais chegados em festas, mas sempre estou presente. Meu método para suportar essas noites é o seguinte:

    1. Assim que chego, cumprimento e tenho conversas rápidas com todos que conheço.

    2. Me direciono ao bar e bebo coisas fortes para que eu passe o resto da noite embriagado e minha mente não me sabote.

Por incrível que pareça, quase sempre funciona.

Na cabeça de todos, eu sou o cara mais festeiro da faculdade. Sempre presente, sempre no centro das atenções.

Mas a verdade?
Eu não curto nem um pouco.

Vou às festas só pra manter a fama, porque, no fundo, eu gosto de como as pessoas me enxergam. Gosto de ser o "famosinho", aquele que todos conhecem, comentam e até invejam.

As meninas adoram, me cercam o tempo todo, e eu vou na onda.
Faço o que esperam de mim.
Bebo até apagar as preocupações. E, claro, acabo beijando algumas bocas no caminho.

Talvez, só talvez, eu passe dos limites algumas vezes e só no dia seguinte fico sabendo das loucuras que fiz, uma vez quase pulei na piscina pelado, ainda bem que o Renan estava sóbrio e me impediu. Enfim, não diria que gosto dessa vida, mas já me acostumei, às vezes prefiro me manter ocupado pra não ter que encarar a realidade, a vida real nem sempre é fácil.

[...]

– Chegamos! — Giovana diz, me tirando dos meus pensamentos.

Assim que entramos na festa, sigo meu ritual de sempre. Meu primeiro destino é o bar. Cumprimento todos que encontro no caminho com um pequeno aceno e um sorriso simpático, exatamente como tinha planejado durante o caminho.

– Quero o mais forte que tiver — digo ao barman.

O álcool me engrandece, preciso dele para manter minha confiança.

Ele entende rapidamente o recado e me entrega um copo com um líquido laranja. Não questiono o que tem dentro, apenas bebo um grande gole, sentindo o calor descer pela garganta. Repito pra mim mesmo o tempo todo:

Bebida forte, sorriso no rosto e a mente desligada.

Não sei o que fazer para tirar aquelas malditas anotações da minha cabeça. Decido voltar para minha roda de amigos e me distrair com os assuntos banais que estão tendo.

– Olha quem chegou!!! — ouço Zebu dizendo, interrompendo meus pensamentos.

Levanto os olhos e vejo ele se aproximando com um cara que nunca tinha visto: ele parecia tímido, os ombros levemente encolhidos e um sorriso simpático no rosto.

Pupila Maior.Where stories live. Discover now