Camellia

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carinho, amor, coragem.

"Querida Paris,

Gosto de te olhar de longe, nos meus momentos mais difíceis é você quem me faz sorrir, lembrar do seu rosto brilhando em cada canto do mundo me faz vibrar, sinto orgulho de você, de quem és, e do que está se tornando. Não vejo a hora de te ver de perto novamente, olhar em teus olhos, fazer carinho em teus cabelos, e poder te ter em meus braços, Paris, oh Paris, o que faz comigo? Sinto minhas mãos suarem ao imaginar você por perto, meu corpo se derrete em sua presença, você faz tudo ser mais especial. Quero você de novo, Paris.

Com coragem
Ass. B. G."

Gabi - Belo Horizonte

Gabi olhava pela janela do apartamento em Belo Horizonte, com uma xícara de café na mão, enquanto refletia sobre os últimos meses. Desde Paris, algo mudara dentro dela. A presença de Rebeca, as conversas, os sorrisos cúmplices e, especialmente, aquele beijo acidental, ainda se passavam em sua mente, haviam deixado uma marca que ela não conseguia ignorar. Mas como dizer para Rebeca Andrade, que estava apaixonada por ela?

Ela suspirou, bebendo mais um gole de café e colocando a xícara sobre a mesa. A ideia de enviar flores para Rebeca havia surgido como uma tentativa de expressar o que ela sentia de uma forma sutil, quase anônima.
Quando contou para as amigas da ideia todas elas riram mas concordaram com a ideia, "Se quer conquista-lá você tem que ser romântica Gabriela" ela ouviu a voz de Carol em sua mente. Não queria assustá-la, nem colocar pressão. Apenas desejava que Rebeca soubesse que alguém a admirava profundamente, mesmo que, por enquanto, de longe.

As Amarílis foram as primeiras. Gabi passara dias pesquisando o significado de flores, procurando algo que refletisse o que sentia. Quando leu sobre o simbolismo das Amaríllis — brilho, admiração, personalidade — soube que eram perfeitas. "É assim que eu vejo a vejo" pensou. Com a flor em mente, escreveu o bilhete, mantendo a assinatura como "B.G." Braga. Gabriela. Não queria que Rebeca soubesse de imediato que era ela. Queria deixá-la curiosa, desejando saber quem havia mandado para ela.

No entanto, depois de enviar o primeiro buquê, a ansiedade tomou conta. Gabi se perguntava como Rebeca reagiria. Será que ela acharia estranho? E se ela descobrisse que era Gabi? Ela ficaria desapontada? Frustada? Gabriela sabia da admiração da ginasta por ela, mas, mesmo assim temia a rejeição. Temia que da parte da ginasta fosse apenas amizade e que somente ela estaria com sentindo romantismo por ela. Por isso, decidiu manter o mistério.

Gabi decidiu manter a ideia de enviar flores para a mais nova, então, no dia seguinte a ideia de mandar camélias surgiu. As flores, que simbolizavam pureza e admiração, pareciam perfeitas para o que Gabi queria transmitir. Ela queria que Rebeca soubesse que a admiração que sentia ia além do óbvio, das medalhas e do sucesso esportivo. Era sobre a pessoa que Rebeca era: forte, determinada, mas também sensível e apaixonada pela vida.

Ao enviar o segundo buquê, a tensão aumentou. Estava longe do Rio, e se perguntava se o gesto estava funcionando, ou se estava indo longe demais. Toda vez que pegava o celular, pensava em mandar uma mensagem para Rebeca perguntando como ela estava, como tinha sido o dia, mas se segurava. Não queria parecer invasiva, especialmente sabendo que, em breve, estariam se encontrando no Rio. Tudo o que queria era que, quando se vissem, a conexão que sentiram em Paris pudesse se repetir.

Deitada no sofá de sua sala, Gabi rolou o feed do Instagram, distraída, até parar em uma foto recente de Rebeca. O sorriso da ginasta sempre a deixava sem fôlego. Era como se o mundo parasse por um segundo. "Ela é tão linda," pensou. Lembrava-se da forma como os olhos de Rebeca brilhavam durante as noites de festa em Paris. Aquilo não era apenas o reflexo de luzes do salão de festas, mas algo mais profundo, mais genuíno. Mais Rebeca. E Gabi sentia falta daquela proximidade.

Rebeca - Rio de Janeiro

Rebeca estava finalizando a segunda entrevista do dia, ela já não sabia quantas vezes já haviam lhe perguntado sobre sua vida amorosa, ela mal conseguia saber sua real situação, ela queria beijar uma garota e não sabia como pedir, um pensamento invadiu sua mente em meio a pergunta do entrevistador mas ela só riu e disse:
-Estou solteira, e não procuro ninguém - diz rindo - Acho que nesse momento pós-olimpíadas eu estou tentando focar mais em mim e nos meus objetivos.

No entanto, a imagem de Gabi invadiu sua mente de maneira repentina e poderosa. Elas haviam criado uma conexão especial em Paris, algo que Rebeca não conseguia esquecer. Gabi tinha uma leveza, uma gentileza, e ao mesmo tempo, uma força tranquila que a fazia sentir-se confortável, segura. O beijo acidental que haviam trocado ainda a fazia corar toda vez que pensava nele. Desde então, algo mudara, e por mais que tentasse não pensar nisso, o mistério dos buquês de flores que vinha recebendo a deixava intrigada.

Rebeca guardou os bilhetes que acompanhava as flores, e as vezes olhava para eles passando os dedos pelas letras cuidadosas. Quem seria "B.G."? Ela sabia que o remetente a conhecia bem, entendia seus sentimentos, seu lado mais vulnerável. Não era qualquer um que conseguia ver além da medalhista olímpica. Mas a ideia de que poderia ser Gabi a deixava dividida entre empolgação e medo. E se fosse? Rebeca sabia que havia algo especial entre elas, mas não sabia o que fazer com esse sentimento.

Ela queria que fosse Gabi, mas também se sentia assustada. Não sabia como lidar com a ideia de cruzar essa linha invisível. Havia tanto carinho, tanta admiração, mas e se essa nova dinâmica arruinasse tudo? E se elas nunca mais fossem as mesmas? O medo de perder o que já tinham tornava tudo mais complicado.

Ainda assim, Rebeca não conseguia ignorar a forma como o coração dela batia toda vez que uma nova mensagem chegava ou como seus pensamentos a levavam de volta àquela noite em Paris. Havia algo ali, algo que merecia ser explorado, mas como dar o primeiro passo sem arriscar se perder no caminho?

Ela sorriu sozinha, lembrando-se do olhar de Gabi em Paris. "Ela sempre me apoiou, sempre esteve lá para mim." Lembrou de como Gabi a apoiou em todas as etapas da competição, em como lembrava dela, em como queria ela bem e sempre estava ali por ela. Talvez estivesse na hora de parar de fugir de seus sentimentos e aceitar que o que sentia por Gabi ia além de amizade. No fundo, tanto Rebeca quanto Gabi sabiam que depois do Rio, nada seria como antes.

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Oi gente, esse capitulo é mais curtinho mas prometo que o próximo vai ser um pouco melhor.

Espero que estejam gostando🩵

Cartas para Paris | RebiDonde viven las historias. Descúbrelo ahora