I Can Do With A Broken Heart - Rebi Fanfic

0.1

De repente eu me lembrei de que essa porra de jogo está sendo transmitido, porque tem pelo menos meia duzia de câmeras focadas na minha cara de cu. É, porra e cara de cu. Não costumo falar palavrão, mas agora eu não tô normal. O resto das lentes está gravando as meninas em prantos. Todas estão inconsoláveis e eu não consigo nem olhar pro lado de vergonha, pra cima então pra procurar minha família? Nem pensar, quero correr daqui o mais rápidos possível, me enfiar num buraco e bater a cabeça na parede até sangrar.

— Gabi? — É a Carol me oferecendo um abraço apertado
— Eu te conheço mais que a palma da minha mão, Gabi. Pra mim você não vai fingir nada
— Agora não, tá? — Ela respira fundo concordando e ficamos ali naquele abraço até deixar a quadra pra dar as entrevistas

"Tô aqui com a Gabi, Gabi um jogo muito difícil muito estudado muito disputado, um clássico do voleibol Mundial você já consegue fazer a leitura do que faltou pra Seleção Brasileira conseguir vencer esse jogo de hoje?"

"Claro que friamente agora é um pouco difícil mas acho que a gente começou a partida muito mal se não me engano 5, 6 a 0 ali no primiro set então a gente teve que correr atrás do jogo o tempo inteiro mas conseguimos ali ainda buscar a partida, não
desistir mas acho que a gente teve alguns erros de Contra-Ataque não tivemos tanta tranquilidade em momentos importantes. Eu comecei a partida muito mal —principalmente ofensivamente— então coloco muito aí dessa derrota nas minhas costas hoje, por não ter conseguido ajudar a equipe como eu vim ajudando nas outras partidas. Sabia que seria uma referência, Estados Unidos acabou me marcando muito bem, não tive lucidez em alguns momentos para conseguir ajudar o time nos Contra- Ataques principalmente. Mas agora é...
É erguer a cabeça a gente tem ainda a chance aí na disputa por uma medalha que é importantíssima pro Brasil. A gente não quer sair dessa competição sem medalha, nosso time merece muito. Tô muito orgulhosa das meninas por não ter desistido dessa partida. Poderia ter tomado um rumo ainda mais difícil, ter sido um três a um, mas a gente lutou, a gente foi pro tie break.
Levantar a cabeça, descansar, colocar a cabeça no lugar, entender o que a gente poderia ter feito melhor e esperar agora o nosso adversário pra disputa de bronze."

"Gabi você tem muitas funções na equipe né? Você defende, você é a Capitã, tem a questão emocional também e hoje você estava muito bem marcada né? Como equilibrar isso? Você com a sua experiência, com o seu talento você faz uma reflexão de como equilibrar isso pra que em jogos como esse sua bola entre como nos jogos anteriores?"
"É depois ali pro meio da partida eu tava falando comigo 'Gabi um pouco mais de lucidez ataca um pouco mais alto, tirando'
No começo eu tava tomando muito bloqueio e eu sei da importância que é ofensivamente, contra- ataque principalmente pra trazer um pouco de tranquilidade. Eu sem duvida nenhuma vou estudar bastante agora os erros que eu cometi— principalmente no ataque — pra ter mais lucidez. Eu sei que eu vou ser muito bem marcada, e eu sei que eu preciso fazer a diferença na próxima partida nessa proxima disputa pelo bronze e é isso... A nossa Equipe vai funcionar muito bem a gente vai conversar bastante pra gente estar bem mentalmente, não deixar que essa derrota nos abale e vamos sim buscar esse bronze porque esse time merece muito sair daqui com uma medalha"
"Obrigado, Gabi. Boa sorte."

Era óbvio que a minha familia estaria me esperando bem na saída da imprensa, e quando vi o rosto deles aquilo me deu um alivio imediato apesar de estar morrendo de vergonha de mim mesma.
Aprendi como Gabriela Guimarães a não seder a tantos sentimentos, focar, ser objetiva e prática. Mas a minha mãe e o meu irmão desmontavam toda essa minha persona em segundos.

E foi isso que aconteceu: Fernando, meu irmão, estava na frente da minha mãe me esperando de braços abertos com um sorriso, apesar da derrota horrorosa, eu o abracei e imediatamente comecei a chorar todas as lágrimas que eu estava engolindo a seco
— Eu sinto muito, Bibi...
— Meu Deus que vergonha, que jogo horroroso. Um tanto de gente viu isso meu Deus eu não fiz nada pra ajudar
— Ô filha... a gente tá aqui, você não tá sozinha, tá? Vamos pra outro lugar mais calmo aqui tem muito barulho, muita gente — Ela enxuga minhas lágrimas e tenta forçar um sorriso com os dedos no meu rosto — minha mãe fala quando finalmente solto o abraço
— Ô DONA ELAAAAAAAAAAINE!!!! NOSSA AINDA BEM QUE ACHEI A SENHORA — Escuto um grito chamando minha mãe pelo nome.  A voz é inconfundível.
— Você saiu correndo atrás da Gabi e esqueceu sua bolsa na arquibancada, te procurei por todo lado mas com essa perninha curta achei que não ia conseguir te encontrar — Rebeca coloca a mão no peito pra respirar e repara minha cara chorosa encostada em Fernando
— Oi Gabi... Sinto muito pelo jogo, mas ainda não acabou! Fica com a sua família hoje e bora pro próximo, que vamos torcer do mesmo jeito! Se precisarem da gente pra espantar a tristeza lá na vila é só chamar! — me ofereceu um sorriso e eu retribui enquanto ela fazia um leve carinho desajeitado no meu ombro
—Muito obrigada, Rebeca! Realmente sai correndo e nem me lembrei da bolsa, eu ia ficar até sem documento se não fosse você
— Imagina, Dona Elaine não foi nada! Agora eu vou voltar pra Vila, tchau gente! Foi um prazer conhecer vocês! Até mais tarde, Gabi!
— Então quer dizer que você conseguiu conhecer a Rainha da Ginástica e ficou amiga dela, no meu jogo, mãe? Tava tão ruim assim?
— Ai Gabi você já tá boa né? Começou com as piadinhas já! Mas ela foi super simpática, igualzinho na televisão, adorei, só não pedi autografo porque tava nervosa demais com aquela tal de Plummer.
— Eu peço pra você lá na Vila, mãe ela é super gente boa! Não vai negar tenho certeza! Mas agora será que eu posso ser paparicada só um pouquinho pela minha família?
— Se ela vai ter um autógrafo, eu também quero, eu também tava do lado da Rainha da Ginástica poxa, e se sobrar espaço pede o da Rayssa Leal também a menina é braba! E sobre o paparico, eu vou pensar no teu caso — me abraçou de lado e me deu um beijo no topo da cabeça