João Pedro pagou a conta, insistindo, apesar das tentativas de Sandra em dividir. Ele fez um gesto despreocupado com a mão, deixando claro que aquela noite era por conta dele. Ao saírem do restaurante, entrelaçaram os dedos, suas mãos se encontrando com naturalidade e conforto. A noite ali estava vibrante, com uma brisa morna vinda do mar, e o som distante de risadas e música criando o cenário perfeito.
Caminhando pelas ruas de areia iluminadas por luzes amarelas e pequenas barracas com artesanatos e bebidas, o clima era leve e festivo. Vendedores ambulantes ofereciam drinks e pulseiras de conchas, enquanto turistas e locais circulavam pelas ruelas, animados com a noite. A vida noturna no Morro tinha um charme despreocupado, sem pressa, onde cada esquina parecia convidar a uma nova descoberta, seja uma roda de capoeira ou um grupo tocando violão à beira da praia.
João Pedro olhou para Sandra enquanto caminhavam, sentindo o calor da mão dela na sua. - E aí, quer ir em algum canto? Tem festa rolando por todo lado... - Ele sugeriu, com um sorriso, os efeitos do vinho deixando sua voz um pouco mais solta e brincalhona do que o normal.
Sandra balançou a cabeça levemente, sorrindo ao puxá-lo um pouco mais para perto, envolvendo sua cintura com um dos braços e dando um beijo suave no pescoço dele. - Acho que a gente pode deixar a festa pra amanhã. Hoje eu quero sossego... - Ela murmurou, a voz baixa e doce, aproveitando a sensação de proximidade.
João Pedro riu de leve, sentindo o beijo no pescoço arrepiar sua pele. - Mas tá tendo música ali, ó... - Ele apontou para uma área mais movimentada ali na praia, onde uma pequena banda tocava um ritmo animado, as pessoas já dançando ao redor. - A gente podia ir lá um pouquinho, só pra aproveitar...
Sandra levantou a cabeça, observando a cena. Ela riu baixinho, percebendo que o vinho realmente estava fazendo efeito nele. - Tá bom então, bora lá! - Concordou, decidindo que não se importava em ceder um pouco, principalmente com ele tão animado.
Eles caminharam até onde a música alegre tocava e as pessoas dançavam despreocupadas sob as estrelas. João Pedro, ainda de mãos dadas com Sandra, puxou ela para mais perto, começando a balançar de leve no ritmo da música. Eles não estavam realmente dançando, mas mais trocando carícias e beijos suaves. A atmosfera ao redor parecia se desvanecer, e eles ficaram envolvidos na bolha que criaram para si mesmos, onde cada toque, sorriso e olhar se tornavam uma extensão do que sentiam um pelo outro.
Sandra riu enquanto ele, ainda um pouco alterado pelo vinho, a puxava com mais firmeza para um abraço apertado, deixando beijos lentos pelo rosto dela. Ela o segurou pela nuca, com um sorriso malicioso, se inclinou mais perto do ouvido dele e sussurrou, com um tom cheio de provocação: - Se continuar me apertando assim, vou achar que você quer algo mais...
Ele riu alto, a resposta dela o deixando ainda mais à vontade, o vinho fazendo o humor dele ficar ainda mais leve e descontraído. Ele beijou a testa dela, aproveitando o abraço apertado por mais alguns segundos antes de se afastar um pouco, os olhos brilhando de diversão. Eles estavam tão conectados que tudo ao redor parecia secundário.
O som das ondas se misturava ao ritmo leve dos instrumentos. O violão começou a dedilhar os primeiros acordes de uma melodia suave e nostálgica. Quando a letra começou, Sandra se iluminou, reconhecendo a canção. Ela parou por um instante, os olhos distantes enquanto a lembrança de sua infância surgia. - "Agora eu era herói, e o meu cavalo só falava inglês..." - ela cantarolou suavemente, com um sorriso nostálgico, enquanto seus pés começavam a se mover, quase instintivamente, refazendo passos delicados. Era como se o corpo dela se lembrasse sozinho.
João Pedro, encantado, observou com carinho enquanto ela girava levemente, seus pés agora descalços tocando a areia de maneira graciosa, quase como se ela estivesse flutuando. Ele se encostou de lado, os braços cruzados e um sorriso divertido no rosto, apreciando cada movimento dela. A cena era doce e íntima, e ele não podia deixar de se perder naquele momento simples, mas tão significativo.
- Cê costumava dançar isso? - ele perguntou, notando o jeito em que os passos pareciam naturais para ela, como se estivesse voltando no tempo.
Sandra assentiu, ainda cantarolando e dando passos leves, os olhos fechados por um segundo, como se se deixasse levar pelas lembranças. - Sim... - ela disse, sua voz suave, nostálgica. - Na aula de balé, eu amava essa música... Me fazia sentir como se eu fosse parte de uma história de conto de fadas. - Ela sorriu timidamente, abrindo os olhos e o encarando de novo.
João Pedro deu alguns passos na direção dela, ainda observando cada movimento seu com uma admiração quase infantil. - Tá aí, princesa dançarina... - Ele provocou, mas sua voz estava cheia de afeto.
Sandra parou de se mover por um instante, sorrindo para ele, e então se aproximou, estendendo a mão para puxá-lo junto. - Pois dance comigo, heroi. - Ela disse em tom brincalhão, repetindo a letra da música, enquanto seus olhos brilhavam com um misto de doçura e provocação.
Ele hesitou, dando uma risada, mas logo foi puxado por ela. - Eu dançando balé? Oxente, cê tá é louquinha! - ele comentou, meio desajeitado, mas claramente se divertindo.
- Não precisa ser balé... só dança comigo. - Ela insistiu, e ele, rendido, a envolveu pela cintura enquanto eles se moviam juntos na areia, ao som suave da música, sob as estrelas e as ondas quebrando ao fundo.
João Pedro, meio sem jeito, começou a seguir o ritmo da música com Sandra, balançando levemente de um lado para o outro. Os pés deles se moviam na areia fofa, e a leve brisa do mar os envolvia, trazendo uma sensação de paz e intimidade. Mesmo sem muita coordenação, ele tentava acompanhá-la, rindo de si mesmo e da situação, enquanto ela continuava a se mover com graça, os olhos brilhando de alegria.
Sandra olhou para ele e começou a rir, contagiada pelo esforço desajeitado de João Pedro. - Eu disse que não precisava ser balé... mas você tá levando isso a sério demais! - ela brincou, rindo enquanto dava um giro leve, o puxando junto.
- Se cê tivesse me avisado que ia ter coreografia, eu tinha ensaiado, tá? - ele respondeu, zombando de sua própria falta de jeito, mas adorando a leveza do momento. Com um sorriso maroto, João Pedro fingiu tentar imitar os movimentos graciosos dela, exagerando de propósito, o que fez Sandra rir ainda mais.
Em meio à dança improvisada, ele se inclinou para a frente e tentou girá-la de novo, mas acabou perdendo o equilíbrio. Com um movimento desajeitado, ambos tropeçaram e, antes que percebessem, se embolaram, caindo juntos na areia macia.
- Ai, meu Deus! - Sandra gritou entre gargalhadas, sentindo a areia fria nas costas. - Tá vendo o que dá tentar ser dançarino?
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Entre Batidas e Segredos - AU Josandra (textos)
Ficção GeralJoão Pedro Inocêncio, DJ talentoso e rebelde, e Sandra Coutinho, patricinha noiva de um jovem empresário, vêm de mundos completamente diferentes. Ele vive uma vida livre e artística, enquanto ela está presa em um universo de luxo e regras rígidas. (...