Cartas para Paris | Rebi

Girassol

                                    energia, alergia, honestidade.

"Querida Paris,

Me encanto ao ouvir teu nome, reassisto o seu olho brilhar na tv, feito um girassol me danço em torno de você, ainda espero pelo dia em que vou poder te ter em meus braços novamente, minha cara paris, te observo de longe para não te destrair, te adiciono em meu ser a cada passo que dá, te ilumino a cada canto, paris, estou chegando, para iluminar o teu ser.

Com alegria,
B.G."

A sala estava envolta em uma penumbra suave, apenas a luz da lua filtrava-se pelas cortinas. Rebeca se encontrava em um lugar que parecia familiar, mas ao mesmo tempo mágico. Ela estava em uma quadra de vôlei, com as luzes centradas em si.

De repente, uma música começou a tocar, suave e envolvente, e no centro da quadra estava Gabi, iluminada por uma luz suave. Segurando um buquê de rosas vermelhas, com seu sorriso radiante, ela gesticulava para que Rebeca se aproximasse. O coração de Rebeca acelerou enquanto ela caminhava em direção à jogadora.
-Trouxe para você, linda - Rebeca sorriu timída.

Gabi a olhou com intensidade, e a atmosfera ao redor parecia vibrar com uma energia inexplicável. Se aproximaram, até que o espaço entre elas se dissipou. Rebeca podia sentir a respiração de Gabi, quente e suave, enquanto a atmosfera se tornava eletricamente carregada.

— Você é incrível, Beca — Gabi sussurrou, a voz como um doce feitiço.

Sem pensar, Rebeca deu um passo à frente e, em um instante, estava diante de Gabi, seus olhos castanhos brilhando como estrelas. As mãos de Gabi tocaram seu rosto, e o mundo ao redor delas desapareceu. Então, em um movimento suave, elas se inclinaram uma em direção à outra.

Os lábios de Rebeca se encontraram com os de Gabi. O beijo era doce, repleto de promessas e anseios não ditos. Era como se o tempo tivesse parado, e nada mais importasse além daquela conexão intensa.

Mas, de repente, e Rebeca sentiu um puxão, como se a realidade estivesse a chamando de volta. Ela tentou segurar aquele momento, mas a imagem de Gabi começou a se desvanecer.

Rebeca, confusa e angustiada, sentiu seu coração disparar ainda mais. Quando Gabi estava prestes a desaparecer por completo, Rebeca gritou:

— Não! Espera!

***

Então, com um salto, ela acordou em sua cama, ofegante, o coração acelerado. A luz do dia entrava pela janela, mas o sonho ainda a envolvia. O toque dos lábios de Gabi parecia real, e uma onda de confusão a invadiu.

Rebeca se sentou na cama, o olhar perdido no vazio, tentando processar o que acabara de acontecer. O que significava aquele sonho? Por que seu coração ainda pulsava com a emoção do beijo? Assustada, ela levou as mãos ao rosto, percebendo a intensidade de suas emoções.

-Rebi? Tá tudo bem? - Rebeca ouviu a voz de Lorraine vindo do corredor - Você tava fazendo uns barulhos estranhos.
-Tá tudo bem, só tive um sonho estranho - A ginasta responde esfregando os olhos.
-Vem, vamos tomar café. - A amiga responde. - A Flavia foi lá embaixo, parece que chegou algo pra você!
Merda. As Flores.
-Vamos. - Rebeca responde com a voz tremula, já faziam 7 dias que a pessoa misteriosa enviava flores para ela, será que era mais uma?
Flávia e Lorraine haviam dormido em sua casa depois da ideia da mais baixa de uma Girls Night, segundo ela, desde paris elas não faziam uma "noite de fofoca".

-Flores? Quem te mandou isso Rebeca? -Flavia diz abrindo a porta.
-Você tá pegando alguém e não contou pra gente?
- É... É Não - Rebeca diz gaguejando e logo depois rindo.
-O que aconteceu com você hoje? - Lorraine pergunta fazendo uma careta confusa - Estava fazendo uns barulhos esquisitos...
-MEU DEUS, você tava tendo um sonho erótico? - Flavia completa, as meninas riem.
Menos Rebeca.
-NÃO! - A mais velha diz um pouco alto demais fazendo as duas ficarem ainda mais confusas - Que horror!
As meninas riem da ginasta.
Rebeca se dirigiu em direção as flores, leu o cartão e colocou as flores na mesa de novo.
- Um doido me manda flores todos os dias - Rebeca diz. - as cartas são fofas mas eu não sei de quem é, então não adianta.
-Ele não deixa nenhuma pista? - Flavia bufa como se tivesse perdido a maior fofoca da vida dela.
-Nada - Rebeca suspira. -São sempre assinadas como B.G.
-B.G? - Flavia diz pensativa.
-Podem ser tantos nomes - Lolo conclui.
-Podemos ler as cartas?
-Claro, vou pegar.
Rebeca foi até o quarto e pegou a caixa vermelha, onde guardava as cartas, e percebeu que o bilhete que Gabriela enviou para ela em Paris ainda estava ali, ignorou, não queria lembrar da mulher naquele momento, pegou somente as cartas do buquê, e seguiu em direção a cozinha novamente.
-Aqui estão, sempre vem escrito o nome da flor atrás e depois a declaração.
-Que fofo.
As meninas começaram a ler cada um dos bilhetes, rindo entre si, até que flavia diz:
-Espera. Isso não é da La Fleur?
-La Fleur? O que é isso Mana?
-La Fleur Boutique, Rebi, a floricultura perto do ginásio.
-Acho que já passei lá algumas vezes, mas nunca entrei, como vocês conhecem?
Lorraine e Flavia se entreolham como se tivessem escondendo algo que só elas sabiam.
-Então... Meio que... Eu beijei um menino que trabalha lá - Flavia diz.
-FLAVIA SARAIVA - Rebeca diz brava e logo depois ri - Você é uma safada, por que não me contou?
-Não sei, foi sei lá, uns 2 dias antes de Paris? Estavámos muito focadas - a mais baixa olha para Lorraine para confirmar.
-É acho que sim.
-Bom, mas eu conheço ele, eu posso descobrir quem manda esses bilhetes pra você.
-Não sei se quero descobrir, não agora.
-Como não? Pode ser um cara gato como também pode ser um maluco perseguindo você! - Lorraine diz.
-Acho que estou enjoada de Caras Gatos - A ginasta diz fazendo "aspas" com as mãos, e apoiando a mão no queixo cansada.
-Como assim Rebs? - Diz Flavia.
-Talvez. Só talvez, eu esteja procurando por mulheres dessa vez. - Rebeca revela.
-O QUE? -as duas amigas disseram em conjunto
-Aí gente homem cansa, e depois de Paris...
-O que aconteceu em Paris, Rebeca Andrade?
-Nada demais.
-Rebeca- as meninas a olharam com cara de que se ela não contasse elas iriam descobrir de alguma forma. - Não ache que eu esqueci daquela conversa no ginásio aquele dia.
-Não é tão fácil assim, acho que eu não consigo admitir nem pra mim o que está acontecendo.
-Senta aqui, vamos conversar! - Lolo a chama abrindo espaço para a ginasta no sofá
-Ok, lembram que eu recebi os chocolates da Gabi?
Elas assentiram com a cabeça.