único

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Oi! Adivinhem quem não consegue ficar sem escrever elas?

Isso aqui é puramente experimental e não me responsabilizo por nada que vem a seguir. Veio de um diálogo de uma foto do falecido twitter que é justamente o da sinopse. O universo é o mesmo da novela, parte da declaração da Natália mas o curso das coisas a partir daí está diferente.

Boa leitura, desculpem qualquer erro e comentem (:

A música do título da one shot é Não Olha Assim Pra Mim - Outroeu.

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É uma história antiga, na verdade. Mais antiga que sua existência, ou a dos seus pais. É uma história tão clichê que chega a ser ridícula.

Amor não correspondido. Natália não seria nem a primeira nem a última pessoa a morrer desse mal.

(Na verdade, talvez o mal todo da coisa fosse justamente não morrer. Ter que viver com esse amor tão grande que não tinha onde pousar)

Afinal de contas, Natália sempre achou que amar não fosse para ela. Claro que amava seu irmão, suas amigas — de uma maneira meio torta —, o sobrinho que nem tinha nascido ainda. Mas amor, aquela coisa romântica que inspira canções e livros e poesias, do tipo que deixa alguém insuportável e faz as pessoas suportarem a vida... ela achava que esse amor e ela eram incompatíveis. O amor era para pessoas normais. Quem não surtava, não ia parar em um penhasco em plena madrugada, quem tinha mais remédios controlados do que livros na cabeceira da cama. Essas pessoas estavam aptas para a experiência de viver um amor, não ela. Nunca ela.

Em algum momento do ano que se seguia, Natália tinha criado uma fantasia — só podia ser fruto de sua imaginação — de que talvez, só talvez, Carol pudesse ser para ela. O jeito que as duas se entendiam, as piadas compartilhadas quando ninguém mais estava rindo.

(Carol nunca tinha cogitado poder ser para alguém. Sempre se esquivando de tudo que exigisse um salto mais profundo, quando não conseguia ver exatamente o chão em que aterrizaria)

— Porque eu te amo, Carol. Não é amor de amiga, não. É amor, amor mesmo, sabe?

Natália tinha se declarado, porque o Canadá era longe demais e o sentimento recém descoberto em seu peito gritante demais. Carol tinha ficado em silêncio.

Quer dizer, Carol tinha dito um monte de coisas, justificativas meio vazias e palavras atropeladas. Sentia como se precisasse dar uma explicação, um porquê que desse conta de toda a expectativa no olhar de Natália naquele momento.

— Eu te vejo como minha amiga. Como minha melhor amiga.

Mas ela não tinha dito o que Natália mais queria ouvir. Então, para todos os efeitos, era como se Carol tivesse ficado em silêncio.

E estava quase tudo bem, porque no dia seguinte adiantaria a consulta semanal com sua analista e descobriria que só o ato de falar e colocar para fora tinha tido algum tipo de efeito simbólico.

(Mas por ora, naquela noite arruinada pela sua boca grande, tudo doía e a vida era uma merda)

Doutora Lígia podia até ter dito anteriormente que o diálogo era a melhor forma de lidar com as coisas, mas Natália começou a discordar depois de seu fiasco em forma de tentativa. As palavras entre ela e Carol começaram a se perder no ar, nunca ditas porque não seriam ouvidas da maneira desejada.

Quando a mãe de Carol cismou em aparecer na vida da filha anos depois — culpa de Marcos — Natália se pegou pensando que poderia chamá-la de sogra. Num mundo ideal, a palavra sairia fácil, Carol olharia para ela de maneira apaixonada por ter conquistado Ester tão facilmente, e elas seriam felizes.

não olha assim pra mim // narol Where stories live. Discover now