✝️Capítulo 18: O bom filho à casa torna.

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Entramos e fomos direito para sala de lanches, onde todas as meninas gritaram:

— Bem-vinda de volta, Eleanor! Uhuuul!!

Elas fizeram uma festa para mim, a fim de comemorar meu retorno. Havia uma grande torta, bolo de chocolate de irmã Frida (aquele que eu sempre sentia o saber quando comia ambrosia), cookies. Na churrasqueira, os hambúrgueres estavam sendo feitos por Joe — o faz-tudo que fazia alguns serviços no orfanato ocasionalmente.

— De onde veio tanta...

— Fartura? — completou Liza — A sua história comoveu o país todo, tivemos recorde de doações!

Eu sorri. Ao menos, minha mentira havia ajudado alguém mais além de mim. Sentia-me menos culpada por ter extorquido tanto dinheiro das pessoas.

Passei o dia todo tensa. Será que Percy chegou a tempo para devolver o raio? Será que conseguiria evitar a guerra? Fiquei ligada nos noticiários, porém eles só focavam na história das quatro crianças sequestradas em Los Angeles.

— Você não acha estranho estar na TV? — Questionou-me Elizabeth, sentando-se no sofá ao meu lado, na nossa sala de vídeo. Inclusive a sala estava nova e reformada, agora caberia 100 crianças perfeitamente.

— Acho. — Admiti, rindo. — Parece que as coisas melhoraram por aqui...

— Depois do incêndio, arrecadamos dinheiro suficiente para os consertos e algumas reformas. — Explicou Liza.

— Ainda tem dias que vocês comem apenas arroz e ervilhas? — Perguntei.

— Muito raramente... — Respondeu a minha amiga — Olhe, as coisas melhoraram muito desde que você partiu, você vai gostar daqui...

— Não é essa a questão, Liz, eu gosto daqui... Mas eu não pertenço mais a esse lugar, entende? Minha nova casa é o Acampamento Meio-Sangue.

— O que é esse acampamento? — Ela apontou para minha camiseta laranja.

Hesitei. Será que minha amiga aguentaria a verdade?

— É uma longa história... Mas foi onde eu estive todos esses anos... — Tentei explicar da forma mais simples.

— O seu cativeiro?

— Não! Eu não estive em cativeiro por 6 anos!

— Mas é o que eles disseram na TV. — Falou minha amiga, ingenuamente.

— Eu fui sequestrada faz pouco. — Menti, precisava continuar mentindo, a verdade era muito absurda — "Fugi do Acampamento Meio-Sangue para acompanhar meus amigos no Mundo Inferior"? Quem acreditaria numa história dessas? — Junto com meus amigos do Acampamento Meio-Sangue.

— Se você não estava sequestrada, porque não voltou para casa? — Indagou Liza, um pouco indignada — Estávamos preocupadas com você! Pensamos que o pior tinha ocorrido...

— Desculpe... — Eu fiquei cabisbaixa. Eu fiz minha amiga e as irmãs sofrerem sem necessidade, isso fazia meu peito arder, angustiado. Ela tinha toda razão de estar brava comigo desse jeito. — É que... Bem... É complicado... Basicamente, aqui não era mais seguro para mim... Meu pai não gostaria...

— Seu pai?

— Eu conheci meu pai, Liza, meu pai de verdade — falei, com um sorriso nos lábios. — Ele veio atrás de mim.

Elizabeth se aprochegou, entusiasmada para ouvir a história de como conheci meu pai. Para nós, órfãos com mais idade, é um sonho longínquo ter um pai e uma mãe, é quase tentar pegar fumaça com as mãos. Conhecer os pais biológicos então? Impossível! A maioria de nós, quando passava da idade adotável, acabava por morar a vida inteira no orfanato, até completar a maioridade.

O Ladrão dos Sonhos | Percy JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora