Um elemento inexistente
Mentiras e farsas
Uma dor permanente
Corpo nu cheio de farpas
Vazio no corpo resistente
Cabeça alvo de armasO eco fala nas células
Um corpo ninguém
Uma das fantasias mais belas
Que vive sempre aquém
Tu, navio de teseu, velejas
Tornar-se alguémAlguém farsante
Droga restante
Coração pulsante
Peito agonizante
Palavras cortantes
Garganta inquietante
Teatro entediante
Ninguém errante
Morte dançanteEu não quero dançar
Pôs-se a eletrocutar
A me golpear
Quero respirar
Preciso falar
Não quero viajarDor
Eco
Temor
Invejo
Enlouquecedor
LocutorEla te tem
Eu não a tenho
Puro desdém
Estou perdendo
Sou refém
Está doendoTu me rejeitastes
A culpa foi minha
Meus pés não lavastes
Fui mesquinha
Por que me abandonastes?
Minha vida numa linhaO que eu fiz?
Me diz?
Isso não condiz
Eu refiz
Não sou atriz
Sou aprendizPreciso de droga
Abstinência análoga
Isso me afoga
Tu não advoga
A dor prorroga
É a minha derrotaEu não quero dançar

ESTÁS LEYENDO
Um ensaio sobre a abstinência artística
PoesíaEu deveria viver como um farsante em meio ao teatro da existência, mas decidi falar um pouco sobre o descalabro do meu ego