Aulas de balé

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— Pai, posso fazer aula de balé? — a garota perguntou com a voz ainda sonolenta e os cachos do cabelo uma bela bagunça.

— Sarah, meu amor, você ainda tá de pijama? — o ruivo pegou a menina no colo e seguiu em direção ao quarto com passos apressados, deixando o pão na sanduicheira que, por sorte ou falta de atenção, estava desligada — cadê seu pai, hein? AMAURY!!! — o ruivo gritou fazendo com que sua voz ecoasse por todos os cômodos.

E no banheiro no fim do corredor, Amaury sussurrava com seu filho;

— Eu falei que ele ia gritar, põe logo a blusa, Benzinho — o preto ajudava a criança com o uniforme da escola.

Naquela manhã, eles precisariam pôr os filhos na escola, preparar o café da manhã e o lanche das crianças sem a ajuda da governanta que chegaria mais tarde pois estava fazendo exames de rotina.

O celular até despertou no horário certo, mas Diego pensou "só mais cinco minutinhos" e o desligou. Só acordou de fato quando Ben entrou em seu quarto, montou em suas costas e perguntou "papai, hoje é domingo?" que era o dia em que eles acordavam mais tarde.

Eles corriam de um lado para o outro, vestindo as crianças e tentando preparar o café da manhã, quando se trombaram no corredor.

— Amor — Amaury segurou Diego pelos ombros e respirou fundo — o Benzinho tá pronto, arruma a Sarah enquanto eu faço o café — o ruivo assentiu — vai dar tudo certo — o maior o tranquilizou com um beijo na testa.

Diego voltou para o quarto dos filhos e encontrou Sarah já uniformizada sentada em frente a mini penteadeira.

— Vem cá que o papai arruma seu cabelo, amor.

A menina tinha os cabelos ondulados assim como o irmão, ambos tinham a pele parecida com a de Amaury e os olhos parecidos com os de Diego, eram uma combinação perfeita.

Com cuidado, Diego penteou o cabelo da filha e enfeitou com um laço rosa. Ele estava concentrado e dando o melhor de si ali, até a criança chamar novamente sua atenção com a mesma pergunta.

— Papai, posso fazer aulas de balé? — Um silêncio pairou sobre eles enquanto o ruivo analisava a menina.

— Não é tão fácil assim, Sarinha, a gente precisa encontrar uma escola, fazer sua matrícula, organizar nossos horar--

— Então eu posso? — Um brilho surgiu gradativamente no olhar da garota, ela estava empolgada e pulou no pescoço do pai em um abraço.

— Sim, meu amor, você pode! — Esses pequenos momentos enchiam o coração do ruivo, fazia um ano desde a chegada das crianças em suas vidas e desde então, momentos como esses acontecem sempre — Agora vamos tomar café porque tamo muito atrasados.

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No caminho até a escola, Ben e Sarah estavam no banco de trás, Amaury dirigindo e Diego no banco do passageiro, eles ouviam uma música sobre um tal de Lobato que tinha um sítio ou algo parecido, enquanto as crianças discutiam sobre quem é mais inteligente. O carro ficou barulhento demais quando a menina começou a cantar para o irmão:

Não sabe, não sabe
Vai ter que aprender
Orelha de burro
Cabeça de ET

Enquanto Benzinho tampava os ouvidos e fazia careta para sua irmã, Amaury pousou a mão direita sobre a coxa pálida do ruivo e apertou levemente apenas para chamar sua atenção, Diego percebeu o que estava acontecendo no banco de trás e precisou respirar fundo e segurar a risada.

Família Martins-LorenzoWhere stories live. Discover now