Após uma tentativa vergonhosa de encantar Ramiro com o "chá" sugerido por Agatha, Kelvin desistiu.
Bem, ele não desistiu de verdade, foi só um momento de drama interno.
É que depois que você volta para casa frustrado, suado e com as calças apertadas, você se sente extremamente humilhado. Sentiu um pouco de culpa também.
Ele não queria apelar para uma abordagem física. Kelvin queria sentimento. Queria andar de mãos dadas e ganhar beijinhos. Ele queria todo o paraíso descrito nos livros e não a luxúria do mundo. Isso ele poderia ter sem precisar sair do bar em que trabalhava, era só se juntar às meninas.
No dia seguinte, ele tomava um café forte na cozinha do bar. Não gostava de café, achava amargo, mas como passou a noite em claro chorando e em crise, ele precisava. A enxaqueca estava começando a passar quando Berenice entrou no recinto falando muito alto, acompanhada de Iná.
- Que cara é essa? Alguém está de coração partidooo?!
- Sim, a sua mãe, baranga.
- Nossa, Kelvin! Que isso? Tadinha da Berê. - Iná disse com uma voz debochada.
- Deixa ele, Iná! - Berenice retrucou. - Tá é de porre. Deve ter bebido a noite toda porque levou outro fora do gostosão. - Essa última parte ela fez questão de falar pertinho de seu ouvido.
- Primeiro que você não tem direito de chamar o Rams de gostosão não, ein! Sai fora! - Nesse ponto já tinha desistido do café e a dor de cabeça estava voltando.
- Aaaai, tá raivosa hoje, ein, Kelvina? - Berenice pegou um pouco de café e se sentou em cima da pia. - Relaxe que a Berêzinha tem a solução para seus problemas!
- Eu não quero ajuda de falsiane não. Xô, xô! Que eu tô sem paciência.
- Mas a ajuda não é exatamente dela, né, Berenice? - Disse Iná. - Sabe a cartomante que morava na floresta? A que o Ramiro foi visitar naquela vez?
- Lembro... - Trincou os dentes. Ah, se lembra!!
- Pois bem, escafedeu-se, sumiu!
- Ahm? Sumiu? Só sumiu?
- Só sumiu.
- Tá, mas e daí?
- E daí...é que estavam falando disso ontem pelo bar, né. Até que alguém disse "Madame Jubilene é mil vezes melhor que ela!".
- Madame Jubi...o que?
- Madame Jubilene! - Falou Berenice, levantando o indicador para cima, como se estivesse palestrando. - Dizem que ela é mil vezes melhor que aquela velha gagá! Nos contaram que ela faz feitiços e poções! A cabana dela fica lá perto do rio. Chegou recentemente por aqui.
- Ah, tá bom, viu. - Gargalhou. Kelvin estava de saco cheio dessas coisas, principalmente depois do chá.
- Você podia tentar, purpurina. No seu caso, que só com um milagre, um feitiço talvez ajude! - Disse Iná rindo junto com Berê.
- Vão arrumar o que fazer! - Kelvin disse se retirando. Não queria ser lembrado que Ramiro nunca ficaria com ele.
🐈🐈🐈
Num belo dia, não muito tempo depois, ele prometeu a Ramiro que o ensinaria a ler. Não com segundas intenções, só queria ajudá-lo. O que sentia pelo maior era muito mais além de uma paixão, mas ele ainda estava tentando entrar em consenso com seus sentimentos sobre isso.
Porém, contudo, entretanto, todavia....Kelvin não era besta. Ele sabia reconhecer uma oportunidade.
E foi pensando nessa oportunidade que ele se aproximou do rio. Rio que dias antes viu seu Ramiro se banhar. Espantou pensamentos pecaminosos, foco!
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Olhos Felinos
FantasyApós tentativas frustradas de conquistar Ramiro, Kelvin decide tomar uma abordagem diferente pedindo ajuda para uma feiticeira. As coisas não saem exatamente como esperado.