Capítulo 22

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⚠️Gatilho: Agressão ⚠️


Diego entrou em surto. Segundos após ler o nome de Matheus na lista, ele só não caiu no chão porque eu estava do seu lado e o segurei. Seu corpo tremia inteiro e ele falava palavras sem conexão que não formavam uma frase que fizesse sentido.

– Ele.. A gente... Ele vai matar... Amaury, a gente vai... Porra! Tudo culpa minha... – sua voz era trêmula e sussurrada, como se tivesse medo de falar aquilo em voz alta

Eu o peguei no colo e ele agarrou com força no meu pescoço. Era sufocante, mas eu não me importava. Enquanto comecei a andar com ele em meus braços até a sala, pedi para Bruno buscar um calmante na mochila de Diego e ele saiu correndo imediatamente. Lennon vinha atrás de mim com um copo de água nas mãos.

Coloquei Diego, que ainda tremia muito, sentado no sofá. Lennon me entregou o copo e Bruno logo chegou com um calmante.

– Amor, olha pra mim – segurei seu rosto com a mão livre para que ele conseguisse me olhar, seus lábios tremiam tanto que parecia que estava nevando lá fora – Tá tudo bem. Nós estamos bem e vamos continuar bem. Não tem perigo nenhum – a mão que estava no seu rosto foi até a sua mão e eu coloquei o comprimido lá, mesmo ele tremendo muito. – Toma, é um calmante. É o seu calmante. Meu bem, por favor, toma.

Eu tenho consciência que Diego não toma nada que não seja de conhecimento dele, por conta do trauma de ser drogado por Matheus. Dificilmente o vejo tomando algo que venha das mãos de outra pessoa, por isso fiz questão que ele segurasse o remédio e ele levasse à boca sozinho. Vi sua mão trêmula colocar a pílula debaixo da língua.

– Quer água? É só água – ofereci

Ele pegou o copo e tomou apenas um gole, Lennon logo pegou o copo de volta. Segurei suas duas mãos, no intuito de fazer com que elas parassem de tremer tanto, eu estava agachado na sua frente. Ele encostou sua testa na minha e fechou os olhos.

– Ele vai matar a gente – disse, ainda com a voz vacilante

– Ele não vai vim atrás de nós, meu bem. Não vai

– Pior ainda, ele vai matar você e me deixar vivo pra sofrer. Eu conheço ele. Ele não vai descansar enquanto não acabar com a minha vida

Eu me coloquei entre suas pernas, ficando de joelhos e o abraçando com toda a força que eu tinha dentro de mim. Ele me abraçou de volta com a mesma força e eu não aguentei segurar as pontas quando ouvi um soluço vindo dele, chorei também. Se isso é um pesadelo, eu quero acordar agora.


***


A paranoia que eu tive quando recebi aqueles recados do caso Lavanda, meses atrás, era praticamente nada perto do que Diego estava passando agora. Ele não voltou a trabalhar, eu fiquei os dois primeiros dias com ele após conversar com Helô, ela entendeu. Consegui que ele saísse de casa para ir à terapia, mas tudo, absolutamente qualquer coisa diferente, o fazia ficar nervoso. Pedimos que uma viatura ficasse 24h em frente ao nosso prédio e fomos atendidos. O único ponto de conforto que ele tinha, era que havíamos mudado de apartamento e, teoricamente, Matheus não sabia nosso novo endereço.

No dia que eu precisei sair para trabalhar, porque era realmente muito necessário, ele tomou uma quantidade um pouco acima do normal de calmantes, sem meu conhecimento, e dormiu muito, o dia inteiro. Quando cheguei, o vi sonolento, mas ele ainda conseguiu falar comigo, então não liguei muito, pensei ser apenas sono, já que ele não estava conseguindo dormir bem durante as noites. Fui para a cozinha preparar nosso jantar e quando terminei e o chamei, ele surgiu ainda meio grogue e falou que havia dobrado a dose do calmante, mas estava bem. Eu fiquei extremamente bravo, falei por vários minutos como aquilo era perigoso e ele disse que não iria mais acontecer, disse que só queria estar apagado enquanto eu estivesse fora. No dia seguinte a esse episódio, consegui uma consulta de encaixe no seu psiquiatra.

lavanda | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora