Entre Batidas e Segredos - AU Josandra (textos)

CIGANA

Conforme o passeio pela vilinha ia chegando ao fim, João Pedro começou a guiá-la para uma área mais afastada, subindo por um caminho de pedras que levava a uma colina com uma vista incrível do litoral. Sandra, curiosa, notou que ele estava animado, mas não sabia exatamente o porquê.

- Pra onde cê tá me levando, JP? - Ela perguntou, com um sorriso de desconfiança nos lábios, enquanto eles continuavam subindo.

João Pedro manteve o mistério, apenas segurando a mão dela firme e acelerando um pouco o passo. - Cê vai ver... - Ele respondeu, com um sorriso de quem estava prestes a revelar uma surpresa.

Quando eles finalmente chegaram ao topo da colina, Sandra se deparou com uma plataforma de madeira e, ao lado dela, um sistema de cabos que ia até a praia, lá embaixo. Era uma tirolesa, e a altura do ponto de partida até o final do trajeto era assustadora. O vento batia forte ali em cima, e a adrenalina começou a subir assim que ela entendeu o que estava prestes a acontecer.

- Cê só pode tá maluco!!! - Sandra disse, entre surpresa e assustada, olhando para a plataforma e depois para João Pedro, incrédula. Ela colocou as mãos nos quadris, os olhos arregalados enquanto tentava processar a ideia de descer de tirolesa daquela altura.

João Pedro soltou uma gargalhada, claramente se divertindo com a reação dela. - Doido nada! - Ele disse, ainda rindo. - Isso aqui vai ser emocionante, princesa! Cê vai amar!

- Amar? - Sandra balançou a cabeça, ainda tentando se convencer. - Eu vou morrer de medo, isso sim! Olha a altura disso, João Pedro! - Ela apontou para o precipício que se abria à frente da plataforma, o mar parecendo ainda mais distante lá embaixo.

Ele se aproximou dela, colocando as mãos nos ombros dela, tentando tranquilizá-la. - Ah véi, relaxa, isso é seguro. E eu tô aqui com você, né? - A voz dele era calma, mas carregava aquele entusiasmo que ela já conhecia bem, o que não ajudava a acalmar sua apreensão.

- Eu não sei se confio em você tanto assim pra isso... - Ela disse, mordendo o lábio, ainda meio nervosa. Seu olhar alternava entre ele e a estrutura da tirolesa.

João Pedro soltou um suspiro divertido, segurando as mãos dela e as apertando de leve. - A gente pode descer junto, vai... - Ele sugeriu, dando um sorriso encorajador.

Sandra respirou fundo, olhando novamente para o cabo que descia até a praia. Por mais medo que sentisse, ela também não queria parecer covarde, especialmente na frente dele. E, lá no fundo, tinha uma parte dela que amava essas aventuras que João Pedro sempre a empurrava a viver.

- Tá... - Ela disse, hesitante, mas com uma pontinha de desafio nos olhos. - Mas se eu desmaiar ou algo assim, a culpa vai ser sua!

João Pedro riu de novo, dando um beijo rápido na testa dela. - Prometo cuidar de você... e que cê não vai desmaiar. Bora! - Ele disse, indo em direção à equipe que estava ajustando o equipamento de segurança.

Enquanto eles colocavam os cintos e preparavam o sistema, Sandra ainda tentava controlar a ansiedade, mas a presença de João Pedro ao seu lado a tranquilizava um pouco. Ele a ajudava a ajustar o equipamento e mantinha o olhar atento, fazendo brincadeiras para descontrair.

- Vai ser uma das melhores coisas que a gente vai fazer hoje, cê vai ver. - Ele disse, puxando-a para mais perto antes de se prepararem para descer. - E se for ruim, depois eu compenso com outra coisa.

Sandra, ainda com os nervos à flor da pele, deu um risinho nervoso. - Espero que valha a pena essa compensação... - Ela respondeu, tentando manter o humor, enquanto olhava para o cabo e respirava fundo mais uma vez.

Logo, ambos estavam prontos, e o operador da tirolesa contou até três. No momento em que partiram, Sandra soltou um grito alto, o vento batendo forte contra o rosto enquanto o corpo dela e de João Pedro desciam em alta velocidade sobre a praia.

Quando o operador contou até três e liberou a plataforma, Sandra sentiu o chão desaparecer sob seus pés, e um grito agudo escapou de seus lábios. O vento cortava o rosto dela com uma força inesperada, e o coração disparou no peito como se fosse saltar. Seus olhos, antes arregalados de medo, se fecharam por reflexo enquanto o corpo dela se lançava no vazio, presa apenas pelo cabo da tirolesa.

João Pedro, ao lado dela, soltou uma gargalhada cheia de adrenalina, claramente aproveitando o momento. Ele apertava com força as mãos no equipamento, mas de vez em quando lançava olhares para Sandra, vendo a mistura de pavor e excitação em seu rosto. O vento era ensurdecedor, e o barulho do cabo deslizando sobre os roldanas criava uma trilha sonora perfeita para o momento, uma combinação de medo e liberdade que fazia o coração de ambos bater mais rápido.

A sensação de queda livre logo foi substituída por algo quase mágico. O mar lá embaixo parecia se aproximar lentamente, as ondas quebrando na areia, e a vista era de tirar o fôlego. Sandra, com os olhos agora abertos, viu a praia se desenrolar à sua frente como uma pintura perfeita. As palmeiras balançavam ao vento, e a linha do horizonte, com o sol brilhando intensamente, dava ao cenário um toque quase surreal. Ela soltou uma risada nervosa, a adrenalina começando a ser substituída por uma sensação de euforia.

- Ah, meu Deus! - Ela gritou, a voz embargada de riso e surpresa. - Isso é loucura, João Pedro! Loucura!

João Pedro olhou para ela, rindo com ainda mais entusiasmo. - Eu lhe disse que ia ser emocionante! - Ele gritou de volta, o vento quase roubando sua voz. Ele parecia completamente à vontade, como se estivesse no controle de tudo, o que fez Sandra se sentir um pouco mais segura.

Enquanto eles desciam em alta velocidade, as mãos de Sandra se cravaram no cinto de segurança, mas aos poucos ela começou a se soltar, sentindo o corpo relaxar. Havia algo de libertador na sensação de estar suspensa, voando pelo ar, com apenas o céu e o mar ao redor. As batidas do coração ainda estavam aceleradas, mas agora era uma excitação boa, aquela que vinha de vencer o medo.

Quando a tirolesa começou a desacelerar perto do fim do trajeto, Sandra sentiu o corpo se inclinar levemente para frente, e os pés de ambos tocaram o chão macio da areia com um impacto suave. Ela ofegava, o coração ainda acelerado, e olhou para João Pedro com uma mistura de incredulidade e alívio.

- Eu... eu não acredito que fiz isso! - Sandra disse, rindo e colocando as mãos no rosto, ainda processando tudo o que havia acabado de acontecer.

João Pedro, com o rosto iluminado por um sorriso largo, caminhou até ela e a puxou para um abraço apertado. - E aí? - Ele perguntou, claramente orgulhoso dela.

Sandra ainda estava rindo, o corpo todo vibrando com a adrenalina. - Isso foi assustador... Mas incrível! - Ela admitiu, agora sentindo o quanto aquilo tinha sido emocionante. - Mas nunca mais faço isso de novo! - Ela brincou, batendo de leve no peito dele.

João Pedro gargalhou, segurando-a pela cintura. - Ah, eu duvido. Aposto que cê vai querer repetir... mas vou te compensar por essa. - Ele disse, com aquele brilho maroto nos olhos.

Sandra, ainda com a respiração acelerada, deu um sorriso de canto. - Assim espero... - Ela respondeu, divertida, enquanto sentia o corpo começar a relaxar novamente, agora que estavam em terra firme.

João Pedro sorriu ao ouvir a provocação de Sandra e respondeu com aquele tom confiante que a fazia sorrir. - Cê vai ter, princesa - disse, com os olhos fixos nos dela, cheio de promessas.