3. You make my heart beat faster

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Notas: o título deste capítulo vem da música 'Faster' de Matt Nathanson.

🏡❤️‍🩹🌼

Ramiro alongava as pernas após terminar sua corrida no parque próximo ao prédio, como era de costume. Era cedo, pouco depois das 6 da manhã e havia pouco movimento na rua. Podia ouvir os pássaros e as passadas dos outros madrugadores.

Enquanto corria, não costumava pensar em muitas coisas, focado em sua respiração e no ritmo da corrida, mas depois que parava, voltava a pensar em Kelvin. O ômega ocupava sua mente desde que o vira pela primeira vez e Ramiro simplesmente não sabia o que fazer. Nunca tinha passado por aquilo antes.

Tinha tido seus namoricos e casos durante a vida, mas o que sentia por Kelvin era totalmente diferente. De início, achou que suas reações fossem instintivas, afinal ele era seu par. Mas conversando com Sidney, percebeu que deveria ter algo a mais. Kelvin estava grávido. Se tudo corresse bem, só teria um novo cio depois que aquele bebê já estivesse com pelo menos uns dois anos. Era assim que funcionava: ômegas em contato contínuo com seus pares podiam ter até dois cios por ano, caso não engravidassem. Então mesmo sabendo que ele era a pessoa ideal para si (biologicamente falando), o que sentia no momento não podia ser… vontade de reproduzir.

Sidney tinha lhe dito para segurar a onda antes de se envolver, pois ele podia já estar em um relacionamento. “Não é comum pra um ômega grávido estar sozinho, sem um alfa por perto. Ele pode ter perdido alguém recentemente. Ou… sei lá.”

O amigo desconversou quando Ramiro perguntou o que ele quis dizer e tornou a falar que ele deveria saber se Kelvin estava ou não comprometido com alguém antes de investir romanticamente nele.

Mas como perguntar? “Oi, Kelvin. Você tem namorado?” parecia direto demais. E também tinha o fato de que mal conseguia conversar com ele sem esquecer o que ia dizer ou gaguejar ou trombar em alguma coisa.

Ainda perdido em pensamentos, passou na padaria no caminho para casa, como de costume. Enquanto aguardava sua vez, viu uma das funcionárias trazer uma bandeja de sonhos frescos para o balcão e teve uma ideia. Só esperava que Kelvin gostasse de doces.

Já no prédio, bateu na porta dele, sentindo-se nervoso. E se ele recusasse? Se achasse que Ramiro estava sendo inconveniente e invasivo? E se ele fosse diabético e não pudesse comer sonhos?

Antes que desistisse, Kelvin abriu a porta. Ele pareceu surpreso, mas sorriu.

— Bom dia, Ramiro. Tudo bem?

— Tudo, tudo sim. — ofereceu o pacote da padaria — Eu tava voltando da minha corrida e lembrei que eu ainda não tinha retribuído o lanche que você comprou pra mim, então…

— Imagina, não precisav- — ele se interrompeu com uma exclamação de dor. Curvou-se ligeiramente e levou uma mão ao ventre.

— Kelvin! Tá tudo bem? É o bebê? Você tá com dor, precisa ir pro hospital? — precisava ir em casa pegar as chaves do carro, mas não podia deixá-lo sozinho — Quer que eu chame uma ambulância? Meu celular tá aqui, vou chamar!

Puxou o telefone do bolso e estava tentando lembrar qual era o número do SAMU para ligar quando Kelvin riu brevemente e tocou seu braço para impedi-lo de ligar.

— Calma, Ramiro. Tá tudo bem. Foi só o neném que resolveu bater pênalti aqui. — ele se inclinou um pouco para trás, se esticando, e respirou fundo — Nem sei como vai ser quando ele estiver maior.

Não conseguia parar de olhar para a barriga e a vontade de tocar era quase incontrolável. Em sua cabeça, ecoava um mantra de “acolher, proteger, cuidar” e só queria levar Kelvin para dentro do apartamento, colocá-lo no sofá com os pés para cima, cozinhar para ele e mantê-lo e ao bebê alimentados e confortáveis.

To Build a HomeWhere stories live. Discover now