— Está tudo bem... — ele sussurrou baixo, de forma que apenas ele pudesse ouvir. — Eu vou cuidar de você.
Mas essas palavras, embora gentis, não ofereciam o consolo que Jimin desejava. Seu coração não estava ali, naquele altar, naquele momento. Ele estava preso em algum lugar distante, junto de um alfa que nunca mais retornaria. O ruivo apertou levemente a mão dele, não como um gesto de aceitação, mas como um último resquício de força, tentando encontrar dentro de si a coragem para terminar aquilo.
O sacerdote começou a cerimônia, suas palavras formais enchendo o ambiente com um tom de solenidade. Cada frase parecia pesar sobre os ombros de Jimin, cada juramento o afundava um pouco mais. Ele repetia as palavras que eram esperadas dele, mas sua mente vagava, perdida em memórias que jamais poderiam ser apagadas.
Quando chegou o momento de trocar os votos, o príncipe sentiu como se o tempo tivesse parado. SiWoo prometeu respeitá-lo, cuidar dele com sua própria vida. Jimin, então, olhou para a multidão de convidados, sentindo os olhares curiosos, a expectativa. Sentiu uma pontada de raiva por estarem todos ali, esperando que ele seguisse o papel que lhe fora designado. Mas não havia como lutar mais.
Finalmente, o sacerdote anunciou o casamento. As palavras finais ecoaram pela capela, e o peso da realidade caiu sobre os ombros do príncipe. Ele não era mais apenas Jimin. Agora, era o esposo de Lee, Lee Jimin, uma peça no tabuleiro de um jogo que ele nunca quis jogar.
Ao sair da capela, o sorriso forçado ainda estava em seu rosto, mas seus olhos estavam vazios.
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O grande salão do castelo estava resplandecente. As bandeiras reais pendiam do alto das colunas, adornadas com ouro e vermelho, os símbolos de um novo reinado prestes a começar. As luzes dos candelabros iluminavam o chão de mármore polido, refletindo-se nas armaduras dos guardas dispostos ao longo das paredes. Havia uma atmosfera de expectativa e emoção, mas também de formalidade rigorosa, como se todos soubessem que aquele era o momento que marcaria uma nova era para o reino.
No centro do salão, dois tronos haviam sido dispostos lado a lado, erguidos em um pequeno palco, de frente para a multidão de convidados que se amontoava no salão. Nobres, líderes de outros territórios e autoridades do reino observavam em silêncio respeitoso, esperando ansiosamente pelo momento em que a cerimônia de coroação começaria.
Jimin caminhava lentamente ao lado do príncipe Lee, seus passos pesados pela grandiosidade do que estava por vir. Seu traje de coroação, agora complementado por detalhes dourados, arrastava-se suavemente pelo chão. A cabeça dele estava erguida, mas os olhos carregavam um vazio que contrastava com a beleza de seu porte. O príncipe sentia o peso de cada olhar sobre si, mas nenhum deles parecia real. Seu coração ainda estava longe, perdido em uma dor que ninguém ali poderia entender.
O príncipe SiWoo, por outro lado, caminhava ao lado dele com a cabeça erguida, a expressão calma e o semblante determinado. Ele sabia o significado daquele momento, e por mais que soubesse o quanto era difícil para Jimin, ele precisava demonstrar força e liderança. Ao lado dele, ele não podia mostrar hesitação, mas, em seu íntimo, desejava que as circunstâncias fossem diferentes, que o coração do ômega que agora seria seu rei estivesse menos cheio de luto.
Os dois pararam diante dos tronos. O rei e a rainha, agora seus pais, estavam de pé ao lado, observando com sorrisos cheios de orgulho e satisfação. Atrás dos tronos, o sacerdote aguardava com as coroas em mãos, símbolo do poder e da responsabilidade que logo seriam colocados sobre suas cabeças.
O silêncio no salão era quase opressor. Todos os olhares estavam fixos em Lee e Jimin. Quando o sacerdote deu o primeiro passo à frente, sua voz preencheu o ambiente.
— Hoje, diante dos deuses e de nosso povo, damos início ao reinado de um novo rei. Que eles sejam justos, sábios e fortes para guiar este reino nos anos que virão.
O sacerdote voltou-se primeiro para o príncipe Lee, que agora estava de frente para o público. O príncipe deu um passo à frente, e o sacerdote ergueu a coroa dourada, posicionando-a cuidadosamente sobre a cabeça dele. Os detalhes intrincados da coroa brilhavam sob as luzes, refletindo a riqueza e a história da monarquia.
— Príncipe Lee, agora coroado como Rei Lee, jura diante dos deuses, do seu esposo e de seu povo, ser justo e sábio, proteger seu reino e governar com honra?
Lee, com a cabeça erguida e a voz firme, respondeu:
— Juro proteger este reino com cada fibra de meu ser, servir ao povo com justiça, lutar pela paz e pelo bem-estar de todos, e ser fiel à meu esposo e rei.
A multidão manteve-se em silêncio, aguardando o próximo passo. O sacerdote então se voltou para Jimin, segurando a coroa destinada a ele. Com movimentos precisos, ele a colocou sobre a cabeça dele, e, por um momento, o ômega sentiu o peso real daquela responsabilidade. A coroa, embora leve fisicamente, parecia esmagadora em seu significado.
— Príncipe Jimin, agora coroado como Rei Jimin, jura diante dos deuses, de seu rei e de seu povo, ser justo, sábio e fiel ao reino que agora governa?
Jimin hesitou por um instante, seu coração se debatendo com a ideia do juramento. Ele olhou para SiWoo, que o observava com serenidade, e finalmente falou, sua voz suave, porém firme.
— Juro governar com sabedoria, lutar pelo bem de nosso povo, e ser fiel aos deveres que me foram atribuídos.
O salão continuava em silêncio, mas a tensão que permeava o ar era palpável. Finalmente, o sacerdote estendeu as mãos e declarou:
— Que o Rei Lee e o Rei Jimin reinem por muitos anos, em nome da paz e da prosperidade de nosso reino.
Ao final dessas palavras, a multidão irrompeu em aplausos contidos, uma reação respeitosa ao momento solene. Os reis, agora coroados, se voltaram e começaram a caminhar em direção às grandes portas do salão, escoltados por guardas em suas armaduras brilhantes.
Quando chegaram ao jardim exterior, o som dos aplausos e das aclamações do povo que se aglomerava do lado de fora se intensificou. Aldeões e cidadãos de todo o reino haviam viajado para assistir à cerimônia, e agora esperavam ansiosamente pelo momento em que veriam seus novos Reis.
Os portões do castelo se abriram, e o Rei Lee, ao lado de Jimin, ergueu a mão de seu esposo, segurando-o com firmeza e levantando-o acima de suas cabeças. O gesto, simples e simbólico, foi recebido com gritos de comemoração e entusiasmo.
— Viva o Rei Lee! — Gritaram os aldeões.
— Viva o Rei Jimin! — Ecoaram outros.
Jimin, ainda lutando para esconder seus sentimentos internos, forçou um sorriso enquanto observava as pessoas à sua frente. Por um breve momento, tentou imaginar que aquele reinado poderia ser o início de uma nova fase para ele. Talvez o luto por Jungkook jamais o deixasse, mas, ao menos, poderia encontrar um propósito em seu novo papel como rei.
SiWoo, ao seu lado, apertou levemente sua mão, um gesto silencioso de apoio. Ele não precisou dizer nada. O olhar que eles trocaram foi suficiente para Jimin entender que, mesmo que não houvesse amor, havia um pacto entre eles. Um pacto de respeito e lealdade.
Enquanto os gritos de celebração continuavam, os dois se viraram e voltaram para dentro do castelo, sabendo que suas vidas, e o futuro do reino, haviam mudado para sempre.
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Ascensão de um Arqueiro • JM + JK
Fanfiction[FINALIZADA] Um amor pode surgir de uma circunstância, mas as situações em que esse amor é testado, não. Jeon Jungkook é um alfa de origem humilde que foi criado por um senhor que residia na floresta. Levava uma vida tranquila e tinha paixão pelo a...
Capítulo vinte e dois
Começar do início