Macau - One Shot FayeYoko

Fique quieta.

O fanmeeting em Macau fora a definição perfeita de teste de controle para Faye e Yoko. A tensão entre as duas nunca havia sido tão palpável, e o público não era bobo — todos haviam percebido o clima carregado de provocações e flertes nada discretos. Entre toques nada sutis, palmadas ousadas e olhares que quase resultaram em beijos, elas pareciam prestes a se agarrar a qualquer instante. Existiam naquele palco apenas aguardando ansiosamente o momento em que estariam a sós, longe dos olhares, e no conforto de seus próprios olhos.

Durante a viagem de volta ao hotel, a van estava praticamente vazia, exceto pela motorista e P'Eye, que ocupava o banco do carona. O restante da equipe havia ficado para trás organizando o transporte do equipamento, o que deixava as duas temporariamente sem supervisão direta em um espaço relativamente pequeno demais para um trajeto considerável. A inquietação de ambas era inegável desde a finalização do show, resultado de horas de provocações e brincadeiras tendenciosas, mas agora, sem as câmeras e os olhares do público, o ar parecia ainda mais pesado.

Faye havia se acomodado no canto direito do último banco, tentando se manter o mais afastada possível de Yoko, pelo menos fisicamente. Mas a garota, em um súbita falta de noção e consciência de espaço, parecendo inocente demais para a personalidade que tinha, escolheu se sentar ao lado dela, ignorando os outros bancos disponíveis. A proximidade repentina despertou um olhar desconfiado em Faye, seu corpo tensionando instantaneamente ao sentir Yoko tão perto. Não era estranho que se sentassem juntas, afinal, elas eram vistas grudadas o tempo todo, mas naquele momento ambas sabiam o risco que estavam correndo mantendo contato físico em um ambiente tão reservado.

O evento já havia sido uma tempestade de emoções nada controladas – um jogo que as duas jogavam bem. Mas, longe das câmera e das barreiras invisíveis do profissional, a linha tênue entre brincadeira e desejo começava a se dissipar. Cada mínimo movimento, tinha potencial para incendiar tudo o que ambas vinham tentando conter desde o início da noite.

Faye desviou o olhar para a janela, tentando disfarçar sua inquietação, mantendo nele uma calma que estava longe de sentir. Suas mãos permaneciam apoiadas sobre o colo, mas ela já podia sentir o nervosismo correndo por suas veias, especialmente toda vez que o joelho de Yoko roçava o seu. A mais nova, por sua vez, parecia muito confortável com a situação, seu corpo despretensiosamente inclinado em direção a Faye, como se conversassem entre si sem dizer uma única palavra. Seus corpos insistiam em compartilhar um segredo que só elas conheciam.

"Tem muitos lugares vazios... você não precisa sentar aqui." Faye murmurou, sem tirar os olhos da rua que passava pela janela. Sua voz era baixa, mas suas palavras foram ditas com clareza.

Yoko sorriu, um sorriso que Faye conhecia muito bem –daqueles que parecia inocente à primeira vista, mas muito significativo por baixo de todo charme. "Gosto desse," respondeu simplesmente, sua voz suave, mas clara e indiscutível. A resposta curta de Yoko aumentou a inquietação de Faye. Ela sabia que qualquer provocação ali poderia facilmente ultrapassar seu nível de autocontrole.

O calor na van parecia maior, e não tinha nada a ver com a temperatura lá fora. Pequenos flashes dos toques, sussurros e olhares maliciosos, bombardeavam à mente de Faye com uma força. A mais velha, hiperconsciente da falta de espaço, ela cruzou as pernas, tentando criar alguma distância, mesmo que pequena, entre elas, mas Yoko continuava ali, imóvel e paciente, como se soubesse que não precisaria forçar nada e que Faye cederia voluntariamente.

Faye mordeu o lábio, fingindo se distrair com a paisagem, mas seus sentidos, inegavelmente, estavam focados em Yoko — sua respiração tranquila, o leve aroma de seu perfume e a proximidade que fazia o coração de Faye descompassar. Seus olhos se voltaram brevemente para a motorista e P'Eye à frente. Elas estavam distraídas em suas próprias conversas, enquanto uma música aleatória tocava ao fundo, e o abafamento causado pelo som só tornava a situação mais perigosa.