Tulipa I

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                                        amor verdadeiro e eterno

"Querida Paris
O sol nasceu sorridente no dia de hoje, a vida é mais completa, tua beleza me irradia por onde ando, és sutil, vibrante, a vida resplandece, tocando corações com seu esplendor, impossivel não resistir a seus encantos, Paris, me encanto aos seus encantos, meus sentimentos florescem cada vez mais ao teu lado, teu riso é a melodia que embala minha alma. Estar contigo é dançar na eternidade, perder-me em ti, és meu refúgio, meu lar.

Com amor,
B. G."

O sol entrou pela janela do quarto principal, tingindo as paredes de uma luz dourada. Rebeca abriu os olhos lentamente, a sensação do sono ainda a envolvendo. O dia prometia ser ensolarado, e ela se espreguiçou, lembrando-se das horas passadas na companhia de Gabriela. Um sorriso brotou em seu rosto ao recordar os momentos da noite anterior—o café, as risadas, e o jeito carinhoso com que Gabi aconchegou-se ao seu lado.

Levantou-se da cama, sentindo a energia do novo dia pulsando ao seu redor. Assim que saiu do quarto, o aroma de café fresco a recebeu. Ela seguiu o cheiro até a cozinha, onde encontrou Gabriela, com um pano apoiado em seus ombros, as mãos na cintura e os cabelos ainda um pouco desarrumados, enquanto falava no telefone.

"Isso, mesmo endereço de sempre, são tulipas vermelhas, por favor se lembre do segredo..."

"Obrigada Liz, eu vou desligar agora. Preciso preparar algumas coisas para hoje, beijos linda," Gabriela disse, desligando o telefone percebendo a presença de Rebeca.

Rebeca sentiu seu corpo gelar, não sabia o que sentir, será que havia entendido errado, e tudo o que Gabriela havia falado na cafeteria não era sobre ela? Quem era Liz? Para quem eram aquelas flores? Onde Rebeca estaria no meio disso tudo?

Rebeca manteve os olhos em Gabi, a insegurança crescendo a cada segundo de silêncio. Gabriela, percebendo a tensão, se esforçou para manter a calma, mas a ansiedade a consumia.

-Bom dia Beca!
-Bom dia Capitã - Rebeca disse coçando os olhos disfarçando o nervosismo.
-Fiz café da manhã pra gente, tem ovos mexidos, café fresquinho, pão de queijo e bolo de laranja - disse apontando para cada item - espero que goste.!
Rebeca sorriu em resposta.
-Eu amei Gab, obrigada!

Enquanto as duas conversavam e dividiam um pouco do que fariam desses dias juntas a campainha da casa de Rebeca toca. Eram as flores. Malditas flores. A ginasta só conseguia pensar no que Gabriela pensaria dela, será que a mais velha acharia que Rebeca estava com outro alguém? Ela não estava e queria deixar claro isso para a Jogadora!

Rebeca pegou o buquê na porta, sentindo o perfume suave das tulipas vermelhas. Ela as segurava com um toque delicado, o olhar um pouco distante enquanto processava a presença dessas flores, uma constante em sua vida ultimamente. Voltando para a cozinha, encontrou Gabi a observando, com um sorriso quase travesso nos lábios, como se soubesse mais do que estava disposta a dizer.

— Nossa, que flores lindas! — Gabi comentou, mantendo um tom leve. — Quem mandou?

Rebeca deu de ombros, sem esconder a confusão que as flores sempre lhe causavam.

— Sei lá, todo dia chega um buquê desses... Nunca sei o que pensar. Acho que tem um admirador muito dedicado por aí — respondeu, tentando soar despreocupada, mas sentindo uma ponta de incerteza no fundo.

Gabi se aproximou, olhando para as tulipas com um brilho nos olhos.

— E nunca tem pista nenhuma?

Rebeca fez um pequeno gesto com a mão, indicando os bilhetes que vinham com as flores.

Cartas para Paris | RebiOnde histórias criam vida. Descubra agora