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(Isso é apenas uma fanfic, Qualquer semelhança com a realidade é apenas uma mera conhecidência.)



Quando finalmente estou quase caindo no sono, escuto meu celular fazer barulho de notificação e o pego de forma meio desajeitada, com a luz incomodando meus olhos vejo que era uma mensagem de Carol:
"Abre a porta, quero falar com vc AGORA"
Mas o que aconteceu? Deve ser sério, porque ela valoriza super o sono, dorme mais cedo que todo mundo, eu já estou com dificuldade de qualquer forma então infelizmente ficarei devendo essa como atleta número 10. Fui até a porta e a abri com cuidado para não fazer barulho e incomodar Thaísa
— O que aconteceu? Tá todo mundo bem? Porque você tá aqui essa hora? — fechei a porta atrás de mim
— Você nem pregou o olho.
— Você não respondeu minha pergunta.
— Tá todo mundo ótimo Gabi, eu vim aqui essa hora só porque eu quero conversar com você e sei que é a única hora que ninguém vai ficar em cima de você, cortando a conversa.
— Peraí, você, Ana Carolina da Silva abdicou do seu precioso e amado sono só pra conversar comigo? — Fiz uma careta
— Sim, agora vamos logo porque como você mesma disse meu sono é precioso! E você sabe — apontou para a minha cara — que tem muito o que me falar.
Esfreguei o meu rosto e segui Carol até o jardim que tínhamos perto do nosso alojamento. Era irritante o tanto que ela me conhecia, eu não queria falar. Preferia guardar pra mim, mas nós duas sabíamos que pra comandar o próximo jogo a minha mente precisa estar limpa. E ela está fazendo isso por mim porque sabe que eu não iria pedir.
Ao passar pela porta do quarto que o Zé Roberto divide com o Paulo Coco, eu escutei alguns barulhos, que não eram roncos altos — como eu estava acostumada— e sim alguns murmúrios. Parei em frente a porta para ter certeza e fiz sinal para que Carol parasse também:
— Eles estão conversando alguma coisa — cochichei
Ela fez uma cara desacreditada, mas foi vencida pela curiosidade também e se encostou na porta junto comigo para escutá-los:
"A Gabi Zé, faz tempo que eu tô te avisando que tem muita coisa nas costas dessa menina"
"Eu sei vou tentar falar com ela amanhã" A entrevista que ela deu, me deu um jeito ruim, mas depois ela saiu com a famila. Achei melhor dar um tempo pra elas todas. E pra gente pensar também"
"Ela dá conta, mas você pega demais no pé dela, acha que ela da conta de mais 2 olimpíadas nesse ritmo de maluco. Ela vai pirar."
" A menina é um negócio em Quadra Coco nao dá pra tirar ela!"
"Tá bom." Mas deveria ter bancado ela hoje e você sabe disso." Você teimou comigo. Não deixou a menina ver o jogo de fora nem um minuto."
" A Gabi não precisa ver jogo de fora, ela é a Filha do Deus do Vôlei"
" As vezes os semideuses também gostam de usar a parte humana deles, Zé, deixa a garota respirar. As vezes ela rende melhor assim do que você tá pensando. O nosso banco também é bom. Não usou a Júlia hoje porque você é birrento."
— Vamos, Gabi. Chega — Carol me puxou pela mão até o nosso destino e eu só seguia seus passos, porque sentia minha cabeça um pouco zonza depois de ter escutado tudo aquilo.
Me sentei no banco ao lado da minha amiga e fechei os olhos, inspirando o ar fresco que vinha das plantas ao nosso redor. Carolana abriu a mão pra que eu apertasse, como sempre fazíamos quando queríamos nos concentrar juntas.
— Se você só quiser chorar pela noite toda, eu vou estar aqui! Inclusive pra roubar gelo da fisioterapia e passar no seu rosto e fingir que nada aconteceu amanhã de manhã. Se você quiser falar, também tô aqui pra te ouvir. E não se preocupa com o horario. A sua mente é mais importante agora.
— Desculpa por hoje — Comecei a chorar
— Ô Gabi... – me abraçou apertado — Não faz isso não minha amiga! A gente sabia que você precisava de mais tempo sozinha, com a sua família. Achei que eles tinham te falado que não era culpa sua. Nós somos um time. Nós perdemos juntas e nós ganhamos juntas.
— Eles falaram — respondi soluçando
— E entrou por um ouvido e saiu pelo outro, é? Não é assim quando a gente ganha, ganhamos juntos e quando perdemos, você perdeu. Ganhamos juntas e perdemos juntas.
— Mas eu sei da importância que eu tenho pro time e eu...
— Agora não... Para de raciocinar um pouco. Você não é a capitã agora, é só a Gabriela. Pode chorar... Eu tô aqui contigo.
As lágrimas continuavam caindo com força do meu rosto enquanto minha amiga falava, o abraço dela era tão importante que eu sentia que se Carol me soltasse eu cairia no chão.
— Eu sinto que ela tava certa, que tudo que tudo que ela falou...
— Gabi isso é tortura, e é injusto... Só você sabe o que passou naquele relacionamento e depois de tudo que a Sheila tentou fazer pra acabar com esse momento pra você.
Ela levantou minha cabeça para que eu olhasse no fundo de seus olhos e enxugou minhas lágrimas:
— Não é um dia ruim que vai estragar esses treze anos de carreira, eu te conheço desde o Rexona, a gente não era nada. O único que acreditou na gente foi o Bernardinho, e olha onde a gente tá agora Gabi! Não acabou ainda! Acabou de começar! Não foi isso que você disse pra Júlia quando a gente voltou pro alojamento? Amanhã é foco e depois é toco em quem vier.
— Mas e tudo que a gente acabou de escutar atrás daquela porta?
— Uai, simples. Problema do Zé Roberto, não seu. Se ele nao te chamou pro banco você não senta, agora se ele te chamasse e você fosse teimosa e não quisesse ir aí já era outra coisa. Nem tudo você precisa trazer pra suas costas.
É. Ela tem razão.
— Tem mais coisa aí que você não quer me falar né? — me olhou desconfiada — Mas tudo bem a gente fica em silêncio olhando a torre eiffel de longe, é bonito de qualquer forma.
A vista realmente era linda, o céu estava estrelado e a torre eiffel estava iluminada lá bem ao longe, no alto.
Encostei a cabeça no ombro de Carolana e suspirei forte
— A cidade do amor só me faz pensar em como eu queria esquecer tudo que eu vivi com a Sheila. Tipo a lavagem cerebral de "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças" Só pra que eu pudesse amar de verdade alguém. — Porque as vezes eu me pego lembrando de coisas que passei e tenho vontade de bater a cabeça na parede.
— Você parece estar indo bem superando tudo isso, se a minha opinião vale de algo. Mas foi tão longo e intenso que talvez demore mesmo pra que você esqueça tudo de vez. Mas quem sabe algum cupido aqui de Paris não dê uma flechada em alguém super especial pra você por aqui? Nunca se sabe o dia de amanhã.
— Aliás, e a Rebeca Andrade? Foi a única que te tirou um sorriso hoje.
— Ah nada demais, minha mãe e meu irmão sentaram perto dela na arquibancada hoje e aí...
Ficamos ali por mais algum tempo antes de decidir voltar para cama e descansar, teríamos um dia longo de preparação. E antes tivemos que roubar gelo da fisioterapia para passar no meu rosto inchado pelo choro. Mas é para isso que servem os amigos

I Can Do With A Broken Heart - Rebi FanficWhere stories live. Discover now