Colin Bridgerton
Eu não esperava encontrar Penelope assim, logo de cara. Na minha cabeça, se eu chegasse cedo o suficiente, ela ainda estaria dormindo, e Eloise me receberia. Dessa forma, eu poderia adiar o reencontro inevitável, me preparar melhor para o que viria a seguir. Mas a realidade não teve essa gentileza. Quando a porta se abriu e aquela figura pequena, desgrenhada e — inferno — tão irritantemente fofa apareceu, meu coração deu um salto tão violento que senti uma dor aguda no peito.Cinco anos. Cinco longos anos desde a última vez que vi Penelope, e eu sabia que seria difícil. Sabia que, quando a visse de novo, sentiria alguma coisa. Nostalgia, talvez. Um desconforto. Mas aquilo? O que me atingiu foi algo muito mais profundo, mais confuso. O tempo parecia ter brincado comigo, porque ali, parada à minha frente, estava uma Penelope completamente diferente.
Aquela garota tímida que eu lembrava parecia ter desaparecido, substituída por uma mulher cuja presença enchia o espaço de uma maneira que me desarmava.
Ela estava, sem dúvida, mais bonita. Mas não era só isso. Havia uma confiança nela que parecia irradiar, como se fizesse parte de quem ela era agora, algo natural, uma segunda pele. Era uma segurança que eu não lembrava de ter visto antes. E, inferno, não podia negar o quanto ela estava irresistivelmente sexy. A pele pálida, corada — talvez pela raiva, talvez pelo constrangimento de me ver ali — me atraía de uma maneira que não fazia o menor sentido. E, por mais que eu tentasse me convencer de que não era o caso, o modo como ela se movia, como aquele maldito roupão pendia perigosamente de seus ombros, não ajudava.
O fogo nos olhos azuis cristalinos, o brilho desafiador... aquilo me deixou paralisado. Eu lembrei da Penelope acanhada que eu conhecia, mas essa versão dela, essa mulher destemida que não hesitava em me confrontar... essa Penelope era perigosa. Ela despertava algo em mim, algo que eu não sabia como controlar. Eu queria me afastar, mas desviar o olhar parecia simplesmente impossível... e eu me sentia um idiota por estar tão afetado.
Eu pretendia manter as coisas amenas, talvez jogar alguma conversa casual, como se os últimos cinco anos não tivessem feito essa diferença toda. Mas quando a segurei pelo braço, tudo desmoronou. O tecido do roupão se soltou um pouco e, por um segundo, vi mais do que devia. Assim que meus olhos capturaram o vislumbre de sua pele exposta, tudo se desfez. Eu não deveria estar olhando para ela daquele jeito. Não para Penelope. Não para a minha Penelope.
Meu cérebro perdeu completamente o foco. De repente, me peguei imaginando como seria sentir a textura daquela pele sob meus dedos, como seria o cheiro dela de perto — suave e tentador, tão envolvente quanto o aroma que exalava quando o vento brincava com seus cabelos?
E então tinha os seios... Eu olhei. Claro que olhei. E foi um erro monumental. Eles estavam parcialmente cobertos, mas a visão era suficiente para fazer meu corpo reagir de formas que eu sabia serem erradas. Comecei a me perguntar sobre seus mamilos. Eles eram rosados? Teriam o mesmo tom suave de sua pele? E como seria tocá-los, senti-los... quem sabe até colocá-los em minha boca?
Que diabos eu estava pensando?
Tentei afastar essas imagens, lembrando-me de quem ela era. Penelope. A garotinha que eu prometi proteger, a amiga de infância com quem compartilhei segredos, risadas, memórias. E, claro, com quem eu, vergonhosamente, tinha falhado.
Eu precisava parar com isso. Precisava colocar um fim nessa linha de raciocínio. Ela era Penelope. Aquela que, de certa forma, era como uma irmã para mim. Mas, no instante em que essa palavra passou pela minha mente, algo dentro de mim se revirou, e eu soube que era uma mentira. Ela nunca foi minha irmã. Nunca. O pensamento era absurdo. Tanto quanto imaginar ela nua, em cima de mim.
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Game Changer: Love Edition • Polin
RomanceColin Bridgerton e Penelope Featherington eram inseparáveis na infância. Ele, o garoto que sempre roubava a cena com seu charme irresistível, e ela, a menina com uma generosidade que iluminava qualquer ambiente. Juntos, formavam uma dupla imbatível...