Penelope Featherington
Me tranquei no escritório, ofegante, o corpo tremendo. A solidão e quietude do ambiente era ao mesmo tempo um refúgio e uma prisão. Olhei em volta, buscando algum tipo de resposta nas paredes que me cercavam, mas tudo que encontrei foi o eco do meu desespero. A proximidade de Colin, aquela energia tensa que se arrastava entre nós, estava me destruindo lentamente, pedaço por pedaço. As batidas do meu coração ressoavam como um lembrete do quanto eu me sentia vulnerável. Era uma guerra que eu sabia estar perdendo.
Cada fibra do meu corpo parecia reagir de forma violenta ao seu tom de voz, ao modo como me olhava, como se conhecesse todas as minhas fraquezas. Desde o primeiro contato, naquela manhã, e seu comentário ridículo sobre o meu cabelo, eu havia prometido a mim mesma que o ignoraria, que fingiria que sua presença não fazia diferença. Mas como se ignora alguém que sabe exatamente onde apertar para me desestabilizar? E ele fazia isso com um prazer mórbido, quase sádico.
Conviver com aquele homem, que um dia havia sido tudo para mim, seria a minha ruína. Cada piadinha ácida que saía de seus lábios, cada comentário cheio de malícia, fazia meu sangue ferver. Era como se ele tivesse um talento especial para abrir feridas antigas e profundas, expondo todas as minhas cicatrizes e trazendo ainda mais dor ao que eu tentava esquecer. Eu me perguntava quanto tempo mais conseguiria aguentar essa montanha-russa emocional. Mas se ele queria manter o clima hostil, bem, então ele teria o meu pior.
A culpa por escrever sobre ele, por expor suas falhas, não seria suficiente para me fazer abaixar a cabeça. Não mais. Ele não merecia minha consideração, muito menos minha compaixão. Não depois de tudo o que fez. Nos meus piores momentos, quando precisei de alguém, Colin não estava lá para me segurar ou apoiar. Pelo contrário, ele havia se tornado parte do meu inferno pessoal, jogando gasolina no fogo dos meus medos e inseguranças. Ele era a última pessoa que eu esperava que me puxasse para baixo. E ele puxou. Com força.
Agora que ele tinha que enfrentar as consequências das escolhas que fizera, não seria eu a oferecer consolo.
Eu tentava a todo custo manter meus pensamentos controlados, era importante me concentrar no trabalho, lembrando que havia muito mais a fazer do que apenas escrever sobre celebridades. Mesmo que ele fosse o principal assunto do dia, eu não poderia me permitir perder mais tempo com aquilo.
Colin já havia tirado o suficiente da minha vida e da minha paz. Era hora de parar de deixar que ele ditasse meu estado de espírito.
Buscando me livrar de uma vez por todas daquela responsabilidade, me concentrei em fazer o que tinha que ser feito. Assim que publiquei a matéria sobre o espetáculo vergonhoso da noite anterior, ouvi os xingamentos ecoando pela casa. Era quase cômico. Ele estava com raiva de mim? Logo ele, que parecia ter me esquecido tão facilmente? Eu me perguntava qual seria sua reação ao descobrir que, sim, eu era a responsável por aquilo.
Poucos minutos depois, o telefone dele começou a tocar incessantemente, como se as pessoas estivessem se esforçando para colocar a vida dele em ordem. Consegui ouvir fragmentos de conversas com Anthony, Michaela e, claro, Eloise. Em um dado momento, captei recortes de diálogos entre ele e sua equipe de gerenciamento de crise. Era torturante saber que ele estava tão perto. O som da sua voz, rouca e carregada de irritação, misturava-se com a raiva e a frustração, me causando arrepios.
Olhei para a tela do computador, tentando retornar ao texto que ainda precisava escrever sobre o lançamento de um filme. Era um daqueles blockbusters que geravam uma onda de expectativa, e eu deveria estar empolgada. Deveria estar focada em encontrar o melhor ângulo para a matéria. Mas a verdade era que tudo parecia pálido em comparação ao caos que Colin havia trazido para a minha vida. Como eu poderia me concentrar em estrelas de cinema e eventos glamourosos quando ele estava ali, a poucos metros de distância, desestabilizando cada parte de mim?
YOU ARE READING
Game Changer: Love Edition • Polin
RomanceColin Bridgerton e Penelope Featherington eram inseparáveis na infância. Ele, o garoto que sempre roubava a cena com seu charme irresistível, e ela, a menina com uma generosidade que iluminava qualquer ambiente. Juntos, formavam uma dupla imbatível...