Nova Aurora

Capítulo 34: A Decisão de Albert e o Alívio Inesperado

"Não vamos nos dobrar a Dravos", Albert concluiu, o brilho de convicção em seus olhos. "Faremos isso do nosso jeito. Se eles vierem, estaremos prontos."

As palavras de Albert pairaram no ar como uma promessa, e, apesar das incertezas, um peso invisível parecia ter sido levantado dos ombros dos presentes. Hariet assentiu, silenciosa, sua expressão de determinação renovada. Urso, mesmo preocupado, manteve-se firme ao lado de Albert. E Sofia, embora cética, aceitou a decisão, sabendo que, apesar dos riscos, Albert sempre tinha um plano.

Lá fora, o sol continuava a se erguer no horizonte, trazendo luz às muralhas destruídas e aos campos de batalha manchados de sangue. Nova Aurora, mesmo exausta, estava longe de cair.

Albert estava parado perto das muralhas parcialmente destruídas de Nova Aurora, observando as torres ao longe. O sol já estava alto no céu, mas a tensão no ar tornava o ambiente sufocante. Ele sabia que a decisão que estava prestes a tomar mudaria o destino da vila. Após muita reflexão, Albert chegou à conclusão de que ceder a Dravos significaria perder a essência de Nova Aurora. Ele não podia permitir que isso acontecesse. A decisão, embora arriscada, era clara.

"Mandem chamar o emissário de Dravos," ordenou a um dos guardas que aguardava próximo. A mensagem seria direta, sem ambiguidades.

Minutos depois, o emissário de Dravos apareceu no salão improvisado onde Albert e seus líderes estavam reunidos. O homem entrou com uma postura confiante, seus olhos percorrendo o ambiente. Ele acreditava que a exaustão dos moradores e a precariedade das defesas garantiriam uma negociação fácil. Na mente do emissário, era uma questão de formalidade. Por que Nova Aurora recusaria a ajuda de Dravos, sendo que estavam à beira do colapso?

Albert permaneceu sentado por alguns segundos após a chegada do emissário, ponderando suas palavras. Finalmente, levantou-se e fixou o olhar no homem que aguardava com uma expressão quase impassível.

"Tenho uma resposta para Dravos", começou Albert. "Agradecemos a oferta de proteção, mas Nova Aurora não será subjugada por ninguém. Recusamos a aliança."

O emissário piscou, claramente surpreso. Não era a resposta que esperava. Ele havia presumido que Nova Aurora, enfraquecida e vulnerável, aceitaria a oferta sem questionar. Seu semblante confiante rapidamente se transformou em incredulidade.

"Vocês... recusam?" ele perguntou, como se as palavras de Albert tivessem sido mal interpretadas.

Albert manteve o olhar firme. "Isso mesmo. Recusamos. Prefiro ver Nova Aurora de pé, ainda que em meio à batalha, do que curvada diante de outro reino."

O emissário ficou em silêncio por alguns segundos, seus lábios apertados enquanto digeria as palavras de Albert. A arrogância que ele carregava ao chegar começava a se dissipar, sendo substituída por uma irritação crescente.

"Você está cometendo um grande erro," disse ele, a voz agora mais firme e ameaçadora. "Dravos ofereceu sua mão em um gesto de paz. Não receberá outra oferta. As tropas estão prontas para marchar, e suas defesas estão enfraquecidas. Você não tem como resistir."

Albert, imperturbável, se aproximou do emissário e respondeu calmamente. "Talvez não tenhamos o número de soldados que vocês têm, nem os recursos, mas preferimos lutar pela nossa liberdade até o fim. Pode voltar ao seu comandante e dar essa mensagem."

O emissário, com o rosto tenso de raiva mal contida, deu um passo para trás. "Essa decisão custará caro, Albert," disse ele, antes de sair rapidamente do salão, a capa agitando-se atrás de si enquanto ele retornava ao acampamento de Dravos.

Quando a porta se fechou atrás dele, o silêncio tomou conta do salão. Hariet foi a primeira a falar, sua voz carregada de convicção. "Você fez o certo. Não podemos nos dobrar a Dravos."