Capítulo 2

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- Eu posso falar com o Araldo. Para você trabalhar para ele.

- Desde que você concorde em utilizar a minha máscara.

Wuant acordou no dia seguinte no chão. Esfregou os olhos enquanto o sol batia-lhe no rosto. Sentou-se e olhou em volta.

- Foda-se, porque caralhos estou deitado no chão? Só me acontece estas merdas a mim... - Wuant disse antes de se lembrar de tudo. Tinha sido teletransportado por Araldo para lá depois da conversa que tiveram... Wuant tinha se sentado contra a parede e o seu gato tinha subido para o seu colo, fazendo com que Wuant o acariciasse e eventualmente adormeceu e escorreu até ficar deitado.

Levantou-se arrumando a roupa toda enesgada... Deixou a varanda e entrou pelo castelo adentro sendo seguido pelo seu gato.

- É melhor escreveres o teu plano Wuant. Deixar um livro com tudo escrito para não desconfiarem de ti depois da máscara.

- Ó voz... Xor dona voz... Isso por acaso é uma ideia incrível! Como é que eu não pensei nisso?!

Wuant foi para a sala do mapa, pegou num livro e começou a escrever tudo¹, deixar um esquema. Escreveu um resumo da conversa com o Banqueiro, Zé Silva. Que talvez ele conseguisse terminar a discussão, a briga, entre o Araldo e a Bia e que os envolvia também. Escreveu sobre a ideia de lhes tirar as máscaras e de talvez mudar a forma de pensar do Araldo. Escreveu sobre o que o Zé Silva lhe disse... "Eu posso falar com o Araldo. Para você trabalhar para ele.". A ideia era ter o Wuant a trabalhar para ele, ter informações e no processo, mudar a forma dele de pensar.

Enquanto escrevia, o Gato Galáctico subiu numa cadeira e enrolou-se em cima dela. Ouvia o seu dono a falar sozinho, a pensar em voz alta o que devia escrever. A certa altura perguntava-lhe o que ele achava do plano... Obviamente que não tinha uma resposta, mas pelo menos não se sentia sozinho.

Pensou em escrever o encontro do Araldo... Mas achou que era melhor não. Mas referiu o uso de máscara, sendo provavelmente a do Araldo. Escreveu que podia ser metade da máscara como a Quel, Jv ou Maethe ou então uma máscara inteira como a dos trabalhadores. Nunca referiu o que Araldo lhe disse... "Desde que você concorde em utilizar a minha máscara." ...

- "Minha" por ser igual... Ou sei lá... A dele mesma...

Era a questão que se fazia presente. A forma daquela conversa... Sobre a máscara... Araldo tinha um tom meio possessivo ao falar de lhe dar uma máscara igual á dele. Era quase como fosse algo... Que mostrava que o Wuant era dele, do Araldo. Esse pormenor, o tom de voz, tinha sido algo que o Wuant não reparou na altura, nem depois. Tinha-se focado noutra coisa... O Dono da Fábrica tinha falado de trazer os amigos de Wuant para Valigma... Que amigos? E porquê...?

- É melhor não escreveres isso.

- Escrever o quê?

- Dos amigos. Vão descobrir que falaste com ele. Vão desconfiar ainda mais. Se há algo que precisas... É da confiança deles.

Wuant rapidamente riscou o que escreveu sem pensar. A voz tinha razão. Referir a possível vinda de amigos dele revelava que Wuant saberia de algo e para isso teria de admitir que falou com ele, Araldo. E admitindo isso teria de explicar o porquê de ter falado com ele... E quase de certeza que deixavam de confiar nele, afinal estava a conversar com o inimigo.

Assinou a folha, fechou o livro, escreveu "Plano W." na capa e deixou-o em cima da mesa. Com certeza que alguém iria ver aquele livro e iria passar a palavra. Rasgou ainda uma folha do livro e escrevinhou lá algo. Dobrou-a e meteu-a no bolso.

- Gatinho, ficas aqui, ok? Cuida bem do castelo. – Wuant disse fazendo festinhas ao gato que lhe respondeu com um miado. – Exatamente!

Usando a WayStone, Wuant decidiu ir falar com o Zé do Banco. Talvez ele já tivesse alguma resposta e lhe contasse. Antes de entrar decidiu ir ver o que a Júlia vendia. Muito provavelmente iria precisar de um fato, algo mais apresentável que uma sweatshirt e uns calções desportivos...

Minha DestruiçãoWhere stories live. Discover now