Fogo e Gasolina - Josh Beauchamp

Four

- Você não quis me ouvir! Me mandou lá mesmo eu implorando pra não ir! - continuo gritando, soluçando em meio as lágrimas - Você quer saber o que aconteceu? Isso aconteceu! - desamarro o terno de Gregory de minha cintura, mostrando minha saia rasgada, o resto de minha roupa toda amarrotada.

Ele observa meu estado, abre e fecha a boca algumas vezes, procurando palavras.

- Eu não pedi... Eu implorei para você me deixar ficar... - falo mais baixo - Olha só o que você me fez passar - dou ênfase no "você" - O filho de um dos mais renomados mafiosos, quase abusou a filha do maior mafioso dos Estados Unidos, bem debaixo do nariz dele. - viro de costas e saio de cabeça baixa, quando avisto Gregory - Obrigada... - sussurro e o abraço, entregando o terno dele logo em seguida.

Subo para o meu quarto lentamente, foi um longo dia, e nem acabou ainda...

Point Of View - Joshua Beauchamp

Depois de Sn subir para o quarto dela, James se senta em sua cadeira novamente, massageando as têmporas.

- Gregory, o que aconteceu? - ele pergunta, sem o olhar.

- Eu não sei, senhor - o homem responde com firmeza, quase que imediatamente.

- Eu vou perguntar só mais uma vez, o que aconteceu? - ele exclama, mais alto, e com o tom mais autoritário dessa vez.

- Eu não sei, senhor! - ele diz novamente, porém continua - Eu só acompanhei no momento em que eles já tinham saído de lá de dentro, ele já havia rasgado a saia dela quando eu cheguei e atirei nele... - o homem diz, com a cabeça baixa.

- Quem era? - pergunto, me intrometendo.

- Atirou para morrer? - sou ignorado e a conversa continua entre os dois.

- Ele caiu, senhor - ele mantém a cabeça baixa.

- Ele morreu, porra?! - pergunta, num grito.

- Eu não sei, senhor - ele diz, em um tom mais baixo - A senhorita estava muito assustada, eu precisava tirar ela de lá, perdoe-me...

Ele ao menos pensou na segurança e no bem estar dela, por mais que fosse tarde demais, porque o psicológico dela deve estar todo confuso agora.

- Tudo bem... Está dispensado - fala, sem o olhar, e o homem apenas se retira.

James direciona seu olhar para mim.

- Perdão Joshua, por toda essa confusão - ele se levanta e vai encher seu copo mais uma vez.

- Porque isso tudo aconteceu? - pergunto, sem me importar se estou sendo intrometido ou algo do tipo, apenas me deixo levar pelos meus instintos.

Mas ao invés de me repreender com o famoso "isso não é da sua conta moleque", ele suspira e olha pela janela do escritório, começando a falar.

- Desde que a mãe de Sn morreu... Eu tenho dentro de mim que ela precisa ser protegida... - dá um gole na bebida, e continua falando - Ela fez vinte anos, mas para mim, ela ainda é aquela garotinha que vai correr para os meus braços quando tiver medo de escuro, ou quando se assustar com o monstro debaixo da cama, ou quando quiser ouvir uma história... - ele vira a bebida de uma vez - Na realidade, eu não estava pronto para perder a minha esposa, e não estou pronto para ver minha filha crescer... - ele suspira - Mas eu sei que ela precisa... E agora ela me odeia. - ele abaixa a cabeça.

- Talvez ela não te odeie, quer dizer... - ma levanto, colocando as mãos nos bolsos - Talvez ela só queira um pouco de voz, ou talvez ela já tenha essa voz, mas você escolheu não ouvir... - dou um passo para frente - Você tomou uma decisão, baseado numa vontade sua, e não a ouviu, você não quis ouvir e, me perdoe pela forma que vou dizer mas, o senhor vai ter que entender que ela vai ficar chateada, e mais que isso - ele se vira para mim - Ela foi violada, foi tocada, mais que chateada, ela está devastada, destruída... - ele abaixa a cabeça, e eu faço uma pausa.

- E quando tudo isso passar, se é que realmente vai passar... Eu espero que o senhor entenda que agora, ela precisa decidir por ela, ela é uma mulher crescida, e pelo pouco que conversamos no cassino, pela educação e inteligência que seus poros exalam de longe, a Sn tem um futuro esplêndido, e nada vai alterar esse final, nem mesmo se ela quiser escrevê-lo sozinha - meu celular vibra no meu bolso - Eu tenho que ir agora, espero que ela se recupere - sorrio e me despeço, logo saindo pela porta do escritório.

Pego as chaves com o chofer da casa e entro em meu carro rapidamente. Ponho o cinto e ligo para Noah, colocando no viva voz e acelerando, esperando ele atender.

- alô? Josh? - ele exclama do outro lado do telefone.

- Noah, preciso que descubra uma coisa para mim - piso forte no acelerador.