Cartas para Paris | Rebi

Rosas Vermelhas

        paixão, desejo, fidelidade

"Querida Paris,
Hoje te escrevo com um toque renovado em meu peito. Acordei sentindo algo diferente, como se tudo estivesse mais próximo agora. Te observo, e em cada movimento teu, vejo o florescer de algo novo, algo inesperado. Flores nascem do inesperado, assim como nossos sentimentos. E eu sinto Paris, que te esperei pela vida inteira. Às vezes, me perco no teu sorriso, em tuas histórias. E cada dia, sinto-me mais ansiosa para estar ao teu lado, para te surpreender com a doçura de um novo dia, como uma rosa que desabrocha em meio ao concreto da cidade.

Com paixão,
B.G."

O céu do Rio de Janeiro começava a se iluminar com os primeiros raios de sol, tingido de laranja suave. Gabriela abriu os olhos, sentindo o calor daquela manhã e imediatamente sorriu, lembrando da noite anterior. Ela se virou devagar e observou Rebeca dormindo ao seu lado, o rosto tranquilo, envolto pela luz da manhã. As duas, depois dos beijos trocados no quarto de Gabriela, haviam decidido que, a partir de agora, compartilhariam o mesmo quarto. Era uma decisão natural, como se finalmente se permitissem estar onde realmente queriam.

Com cuidado para não fazer barulho, Gabriela se levantou da cama, sem tirar os olhos de Rebeca por alguns segundos. Ela caminhou em direção à cozinha, já pensando em como queria começar aquele dia de forma especial. Queria fazer algo simples, mas carregado de carinho: preparar um café da manhã na cama para Rebeca.

O amanhecer refletia nas janelas, iluminando o espaço de um jeito suave, acolhedor. Com passos leves, ela abriu a geladeira, pegando ovos, pão e uma pequena jarra de suco de laranja que já havia deixado pronta. Ligou o fogão e começou a preparar os ovos mexidos, o cheiro logo se misturando com o aroma do café que ela havia colocado para coar.

Enquanto batia os ovos, Gabriela começou a cantarolar baixinho, sem nem perceber,
"Diga pra mim que é real
Que eu te prometo meu melhor
Fala pra mim o que eu quero ouvir
Que tu sentiu o que eu senti"

Ela se deixou envolver pela música e, entre uma mexida e outra na frigideira, girou de leve, os pés descalços deslizando no chão da cozinha. A música a fazia sentir como se Rebeca estivesse ali, mesmo dormindo lá no quarto. Ela sorria ao se lembrar do beijo que trocaram antes de dormir, enquanto cantava o resto da frase: "É com você que eu quero estar..."

Gabriela riu, voltando-se para o fogão e se abaixando para pegar a torradeira. Preparou duas fatias de pão, ajustou o tempo e, enquanto esperava, pensava da felicidade de poder estar vivendo aquele momento simples, a rotina deles começando a ganhar forma.

Assim que terminou tudo, ajeitou cuidadosamente os ovos, torradas, o suco e o café em uma bandeja. Estava satisfeita, orgulhosa do pequeno gesto. Porém, antes que pudesse subir, sentiu o celular vibrar no bolso.

Uma nova mensagem de sua ex.

"Gabi, será que a gente pode conversar? Sinto que deixamos muita coisa mal resolvida..."

Gabriela suspirou. Estava cansada desse assunto, Isso tinha que acabar. Há semanas, vinha ignorando as mensagens, mas agora sentia que era hora de responder e fechar aquele capítulo. Sheilla ainda achava que tinha algum direito de falar com Gabriela, mesmo depois de tudo o que aconteceu.

Então, com os dedos firmes, digitou:

"Olá Sheilla, Olha, é melhor a gente não falar mais. Eu segui em frente, e gostaria que você fizesse o mesmo. Desejo que você seja feliz, mas por favor, esqueça de mim. E não me mande mais mensagens!"