capitulo 8

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Isabela chegou ao ponto de encontro com Davi sentindo a adrenalina correr por suas veias. As informações que conseguira com Victor Duarte estavam gravadas em sua mente, e ela sabia que cada palavra dita a Davi teria que ser cuidadosamente calculada. Esse era o tipo de jogo onde um único deslize poderia ser fatal.

O restaurante onde Davi a esperava estava quase vazio, e ele já estava à mesa, bebericando uma taça de vinho tinto. Ao vê-la, ele abriu um sorriso que não escondia sua satisfação e acenou para que ela se aproximasse.

“Vejo que foi rápida,” ele disse, enquanto Isabela tomava seu lugar em frente a ele. “Espero que tenha sido produtiva.”

Ela sustentou o olhar dele, mantendo a expressão serena. “Muito produtiva, na verdade.” Com calma, começou a relatar o que havia descoberto, omitindo apenas os detalhes que julgou perigosos demais para revelar naquele momento. Precisava entregar o suficiente para conquistar a confiança dele, mas sem comprometer-se totalmente. Ainda estava aprendendo o quanto poderia confiar em Davi — e, para sobreviver naquele mundo, ela sabia que sempre deveria guardar uma carta na manga.

Davi ouviu cada palavra em silêncio, os olhos fixos nela, como se estivesse lendo cada expressão e cada movimento. Quando terminou, ele finalmente recostou-se na cadeira, parecendo satisfeito. “Muito bem, Isabela. Eu sabia que tinha algo especial em você.” Ele sorriu de forma quase paternal, embora houvesse um brilho predatório em seus olhos. “Eu gosto de pessoas eficientes.”

Ela respondeu com um sorriso educado, enquanto o alívio e a tensão se misturavam em seu peito. Estava satisfeita por ter conquistado mais um ponto com ele, mas sabia que, com Davi, a confiança era uma lâmina de dois gumes. “Espero que essa confiança continue crescendo.”

Davi assentiu e, com um gesto lento, pegou algo de dentro do bolso de seu paletó: um pequeno cartão preto. “Considere isso um passe para o próximo nível.” Ele entregou o cartão a ela, e ao segurá-lo, Isabela percebeu que havia um endereço gravado em letras douradas. “Quero que vá a esse endereço amanhã à noite. E não se atrase.”

Isabela estudou o cartão, sentindo que esse novo passo era algo importante. “Estarei lá.”

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Naquela noite, ao voltar para casa, Isabela se sentia dividida entre excitação e apreensão. Enviou uma mensagem a Damian, relatando o encontro e mencionando o endereço que recebera de Davi. Em minutos, ele respondeu:

“Siga em frente. Lembre-se: estamos de olho em você. E Isabela… evite criar vínculos. Isso é um jogo, e eles não são seus amigos.”

Ela leu a mensagem repetidas vezes, sentindo a intensidade das palavras de Damian. Mesmo que ele a tivesse instruído a não confiar em ninguém, Isabela sabia que aquela tarefa a levava a mergulhar cada vez mais fundo. Damian também era um mistério para ela, e às vezes, duvidava se ele realmente se importava ou se também a via apenas como uma peça útil em seu tabuleiro.

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Na noite seguinte, ela se dirigiu ao endereço do cartão. Era um prédio discreto e sem identificação, mas pelo movimento dos carros caros estacionados à frente, Isabela sabia que estava no lugar certo. Ao entrar, foi recebida por um homem de terno, que sem dizer uma palavra, a guiou até um elevador exclusivo.

Ao chegar ao andar superior, foi conduzida a uma sala ampla, com paredes de vidro que exibiam a cidade iluminada abaixo. Algumas pessoas já estavam ali, conversando em voz baixa, mas assim que ela entrou, todos os olhares se voltaram para ela. Entre eles, Davi estava, observando-a com um sorriso de aprovação.

“Bem-vinda ao círculo, Isabela,” ele disse, estendendo um copo de champanhe para ela. “A partir de agora, você fará parte de algo maior. São poucos os que têm a chance de ver o mundo pelos bastidores.”

Ela aceitou o copo, mantendo-se firme, mas internamente, sentia o peso das implicações. Aquele era o momento de provar que estava à altura da confiança de Davi — e, ao mesmo tempo, lembrar a si mesma de que sua lealdade pertencia a Damian.

Davi a apresentou a outros membros do grupo, cada um com uma história de poder e influência. Durante a noite, Isabela ouviu conversas que falavam de transações e segredos. Cada palavra era uma nova peça do quebra-cabeça sombrio que ela agora tentava montar.

Quando finalmente ficou sozinha, Davi se aproximou e a levou a uma área reservada da sala, onde apenas o som abafado das conversas os alcançava. “Preciso que você entenda, Isabela, que confiança é um recurso precioso neste mundo. E eu não dou o meu facilmente.”

Ela assentiu, mantendo o olhar firme. “Sei disso, Davi. E vou provar que estou à altura.”

Ele sorriu, mas dessa vez havia algo mais intenso em seu olhar. “É bom ouvir isso. Porque o que vou pedir agora é arriscado. Pode custar sua liberdade… ou até mais.”

O silêncio entre eles se aprofundou, e Isabela sentiu o peso da responsabilidade que ele colocava sobre seus ombros. Ela sabia que Damian a observaria, e que Helena a testaria até o limite. Mas naquele instante, com Davi a encarando, ela percebeu que estava no coração de algo perigoso — e irresistível.

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