Enid Sinclair é uma perita criminal recém formada, mas quando uma onda de assassinatos começa em Jericho suas verdadeiras habilidades são postas à prova. Seria ela capaz de resolver esse mistério? E ainda mais, conseguir trabalhar junto de uma pesso...
ㅤㅤㅤㅤㅤO odor inconfundível de cadáver e desinfetante misturado com o formol, que era possível sentir mesmo com as gavetas fechadas, tornava incontestável o fato de Wednesday e Enid estarem no necrotério. A cabeça do defunto, conhecido como Korn Williams, agora estava com a boca descosturada, desorganizando a última obra do metódico serial killer. O legista havia encontrado um papel, uma mensagem dentro da boca do homem morto - ação que explicava o porquê sua boca havia sido costurada.
ㅤㅤㅤㅤㅤAo lado da mesa, as mulheres estavam em pé, os olhos focados na carta cuidadosamente dobrada, agora desdobrada, que havia sido extraída da boca da vítima. O papel estava levemente manchado de sangue seco, mas as palavras escritas à mão ainda eram claras. A letra se assemelhava a de uma carta antiga, parecia ter sido desenhada de forma cautelosa, quase poética, se desconsiderasse o fato de que havia sido escrito com o sangue da vítima. Wednesday segurava a carta com luvas, o rosto inexpressivo enquanto Enid se sentia tensa com tudo aquilo, esperando que a morena lesse de uma vez o conteúdo. Ela então pigarreou e começou, a voz firme:
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(“Caro detetive Galpin, - e companhia, é um prazer reencontrá-los mais uma vez após tantos anos. Como têm passado? Ainda assombrados por pesadelos sobre os Gates? Espero imensamente que não.
Jericho é uma cidade poluída por abutres que vagam livremente. Um local putrefato. Precisa de alguém que limpe toda essa sujeira. E eu me disponho a tal serviço.” Ass: Seu antigo amigo, O Corvo.)
ㅤㅤㅤㅤㅤWednesday lia o recado que soava mais como uma ameaça, seria doce se não fosse considerado trágico. O senso de justiça deturpado ficando nítido a cada palavra, a falsa preocupação com o detetive responsável pelo caso - que por algum motivo desconhecido ele sabia quem era, - e o modo como indiretamente parecia assumir a culpa pelo homicídio que ocorrera anos atrás, plantando mais uma dúvida na mente das agentes.
ㅤㅤㅤㅤㅤEnid tinha o corpo parcialmente apoiado contra uma das bancadas, e imediatamente cruzou os braços enquanto seus olhos se fechavam, pensativa. A menção à família Gates - especialmente a morte de Garrett Gates anos atrás, um caso que havia marcado a cidade. Um caso que ocorrera quando ela ainda estava na faculdade. Seria esse tal de “O Corvo” responsável por aquela morte, ou… estava apenas brincando com os detetives?
ㅤㅤㅤㅤㅤEnid franziu o cenho, abrindo os olhos e observando Wednesday, que permanecia impassível enquanto relia o bilhete pela terceira vez.
— Ele está nos provocando. — Enid murmurou, quebrando o silêncio.
— Talvez. — Wednesday respondeu sem tirar os olhos do papel.
— Pensa comigo, Addams, foi a primeira vez que ele nos enviou uma mensagem, e logo de cara mencionou os Gates... ele está tentando mexer com a cabeça do detetive Galpin. Claramente quer nos desestabilizar. — disse, sua voz soando como se montasse um quebra-cabeças.
