A torre

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"As raízes e as bases sobre as quais você construiu sua vida não eram verdadeiras e legítimas

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"As raízes e as bases sobre as quais você construiu sua vida não eram verdadeiras e legítimas. Sua vida inteira está desmoronando feito um frágil castelo de cartas de baralho de uma hora para outra. As coisas que estão lhe acontecendo são muito maiores do que você mesmo"

Inacreditável. Jonathan entrou numa reunião de trabalho justo quando eu sofri um acidente e, por pouco, não me quebrei todinha. Não é possível que uma vez na vida ele não poderia fazer algum esforço por mim.

– Você ficou chateada com o áudio, né? Me desculpa, mas não pude deixar de ouvir e... que babaca!

– É, estamos numa fase complicada. Desde que nos mudamos por conta do emprego dele, eu sinto como se eu fosse qualquer coisa. Ele tem sido incapaz de fazer o mínimo, não só por mim, como pra ele mesmo. Se eu não fizer o almoço, ele não almoça... se eu não lavar as roupas ele é capaz de ficar pelado... Eu tô ficando cansada, e ainda nem casamos...

– Você não merece isso, Simone! Não pode se sobrecarregar por alguém que não se importa com nada... E sobre o casamento, se ele é assim hoje, imagina no futuro? Vale a pena mesmo casar?

– Eu não sei, tenho muitas dúvidas quanto a isso, queria... sei lá! Que Deus me mandasse alguma luz.

– Eu não tenho o contato direto de Deus, mas conheço alguém muito boa em ver destinos.

– Uma vidente?

– Não, boba, uma taróloga... Na verdade, ela não é bem taróloga, não é um trabalho, mas minha amiga Rebeca ama fazer tiragens pros mais íntimos. Já tinha comentado com ela sobre você.

– Não sei se acredito nessas coisas, Lorrane... me parece muito genérico.

– Quando você conhecer a Rebe vai entender o que eu tô falando. Ela vem me buscar hoje, posso apresentar vocês se quiser.

– Eu vou adorar fazer uma nova amiga, mas sobre o lance do tarô, acho que ainda não quero mexer com isso.

– Ótimo! Vou pedir pra ela subir então, mas não demora muito não... Quanto mais tempo você leva pra se decidir, mais se perde de você mesma...

– É, eu sei - respondi com um meio sorriso.

Lorrane me contou um pouco sobre como estavam os meus pacientes hoje e discutimos alguns casos em específico. Pensar no trabalho me distanciava de pensar em Jonathan e na nossa falida relação.

Estava pegando no sono quando meu ainda noivo adentrou o quarto do hospital. Olhei o relógio do celular, marcava 19h20. Mais de doze horas depois do acidente.

– Eu vou deixar vocês a sós, qualquer coisa pode me chamar, Simone, ficarei por aqui mais um tempinho - indicou Lorrane, saindo do ambiente sem nem sequer olhar para Jonathan. Era palpável que ela nem o conhecia, mas não tinha ido com a cara dele.

interestelar (rebiles) Onde histórias criam vida. Descubra agora