90 dias para casar - Changlix

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Changbin vive em Yongin, uma metrópole vibrante e incansável. Da janela do quarto, ele observa a cidade que parece nunca dormir, com arranha-céus iluminados e uma linha infinita de edifícios que se estendem até o horizonte. Os carros apressados enchem as avenidas, os pedestres cruzam as ruas em multidões, e o som de buzinas e conversas enche o ar.

—Sim, mamãe!- o jovem concorda beijando a bochecha da mais velha e saindo de casa, seguido pelo cameraman. 

Ele sai de casa e começa o caminho até a academia, passando primeiro por uma rua arborizada do seu bairro residencial. Em contraste com a agitação do centro, ali as calçadas são amplas, com lojas de conveniência e cafés elegantes, onde famílias e trabalhadores se misturam com turistas, e os idosos aproveitam a manhã em pequenos parques. Os edifícios são baixos, dando ao bairro um clima quase acolhedor.

À medida que ele avança, o ambiente começa a mudar. As ruas se tornam mais estreitas e movimentadas, com vendedores de rua montando barracas, cheiros de comida frita no ar, e letreiros de neon anunciando lojas e restaurantes. Ele atravessa uma grande avenida, desviando dos pedestres apressados e das bicicletas que ziguezagueiam entre a multidão. Ao redor, vê estudantes com mochilas, trabalhadores de terno e até turistas que observam as vitrines com curiosidade.

Quando finalmente chega à academia, um prédio moderno de fachada de vidro, sente-se em seu segundo lar. Lá dentro, o cheiro de equipamento novo e o som dos pesos se misturam com o ritmo acelerado das músicas de treino. Este é o refúgio onde ele pode deixar de lado o caos de Seul e focar em si mesmo, preparando-se para impressionar Felix e ser a versão de si mesmo que sonha ser.

—Ora bem, vamos a isto!- o homem da camara diz posicionando-se num canto estratégico, sendo observados com curiosidade pelos outros em volta. Changbin começa a narrar um pouco da sua história segurando dois pesos médios e exercitando os músculos.

Seo Changbin, um fisioculturista de 25 anos, sempre teve tudo o que queria. Crescido em uma família rica e tradicional sul-coreana, nunca precisou lidar com grandes responsabilidades, já que os seus pais fazem tudo por ele. Apesar do físico imponente e a imagem de autossuficiência, Changbin ainda é dependente do conforto da vida que os seus pais proporcionam. Ele mora com eles em uma casa luxuosa em Yongin, onde cada detalhe é cuidado e planejado para mantê-lo confortável.

Satisfeito, bebe um pouco do milkshake de frango cozido, cheio de proteína e pisca para a câmara. Olha as horas pelo celular e rapidamente avança para os balneários masculinos na intensão de se lavar e começar a sua jornada em direção ao aeroporto na cidade vizinha.

—Estou muito ansioso!- revela tendo todos os seus passos registados para o programa. —Finalmente vou encontrar o meu namorado pessoalmente. Só há um problema.- comenta mordendo o lábio mostrando culpa no olhar. —Eu menti sobre... algumas coisinhas.

Mais tarde a edição do programa coloca uma música de suspense sobre a cena e vozes de desaprovação. Changbin para no sinal vermelho e arruma o cabelo no espelho lateral. Novamente volta a avançar e se surpreende com o caos nas portas do edificio. 

Estaciona numa vaga paga e sai depois de mais uma vez tomar um banho de perfume chique. Ansioso, ele espera a chegada de Lee Felix, o namorado australiano com quem namora virtualmente há meses. Apesar do nervosismo, o Seo sente uma ponta de insegurança. Na esperança de impressionar Felix, ele exagerou sobre vários aspectos de sua vida, inclusive quanto à sua independência. Ele disse que vivia sozinho, omitiu o fato de que é sustentado pela família e pintou um quadro de si mesmo como alguém mais autossuficiente e experiente do que realmente é.

Enquanto o horário do voo se aproxima, ele começa a se questionar se foi uma boa ideia esconder tanto sobre a sua vida. Ele teme que o loiro perceba que ele ainda é um "filhinho de papai" e que talvez as diferenças entre eles sejam grandes demais. Mas, ao mesmo tempo, está determinado a fazer o relacionamento dar certo. Felix é a primeira pessoa que realmente mexeu com ele, e ele não quer que as mentiras ponham tudo a perder.

Ao longe, avista uma cabeleira loira e quando ele se vira na sua direção, o moreno sente o tempo parar. Como em camara lenta, o corpo magro e alto se aproxima tão lentamente que se torna torturante. Ambos os cameramans se olham e começam a filmagens de ângulos diferentes. As pessoas em volta ignoram o espaço pessoas dos outros sentindo-se incomodados com a cena.

Seo é empurrado algumas vezes mas não se mexe do lugar. O cabelo loiro esvoaçante bate no rosto do dono como um chicote mas ele não se importa e larga a bagagem no chão, não ligando para o frasco de perfume que se quebra no momento do impacto.

Abre os braços e envolve o musculado, sendo retribuído apenas alguns segundos depois. O cheiro doce toma as suas narinas e ele não consegue acreditar que finalmente está junto do seu amor depois de quase 20 horas de voos.

—Finalmente...- é tudo o que balbocia já deixando as lágrimas escorrerem soltas pelas bochechas pálidas, marcadas por sardas.

O Seo demorou um pouco para reagir, tenso. Encara o Lee e engole em seco. O loiro estranha a maneira fria como é recebido e solta o mais baixo. —Você...é mais pequeno do que eu pensei.- solta sem muitas papas na lingua. Sentia-se estranho. Era encarado pelos pessoas com um toque de desagrado como se não fosse bem vindo ali.

—Vamos embora!- é tudo o que o moreno fala antes de dar as costas sem nem perguntar se o mais alto precisava de ajuda para carregar as coisas até o carro.

Felix olha para os dois homens que seguravam os materiais de filmagens mas ambos dão de ombros confusos e ajudam o jovem com as bagagens pesadas.