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Apesar do longo voo e da chegada tensa, Changbin, empolgado para impressionar Felix, decide levá-lo para explorar a cidade de Yongin. Ignorando o evidente cansaço do loiro, ele puxa o namorado para fora de casa, entusiasmado para mostrar os principais pontos turísticos e, quem sabe, fazer com que o Lee se sentisse mais à vontade em seu novo ambiente.

No entanto, a exaustão de Felix logo começa a se manifestar. Enquanto o Seo explica algo sobre um templo local, o outro luta para manter os olhos abertos, balançando a cabeça de vez em quando, fingindo interesse. Em um ponto, ele simplesmente deixa escapar um enorme bocejo, fazendo Changbin franzir o cenho chateado com a falta de educação alheia.

—Desculpa...- o sardento tenta se justificar, mas outro bocejo escapa antes que ele consiga terminar a frase. Tenta pegar a mão do seu amor, mas este desvia rapidamente e olha em volta para ter certeza de que ninguém viu aquilo.

Mais tarde, durante o passeio, Felix tropeça várias vezes e até esbarra em alguns transeuntes, recebendo olhares curiosos e alguns murmúrios de desaprovação. A certa altura, ao passar por uma famosa cafeteria, o fisioculturista sugere que eles entrem para provar uma bebida típica. Mal eles se acomodam, o mais alto, sem resistir, adormece ali mesmo na mesa, a cabeça repousada sobre os braços cruzados e um ressonar baixinho.

O moreno ligeiramente embaraçado e tentando disfarçar a situação, pigarreia para acordá-lo, mas o loiro está profundamente adormecido. Quando finalmente consegue despertá-lo, Felix, ainda grogue, tenta se levantar, mas acaba esbarrando em uma das cadeiras, derrubando-a com um estrondo. Todos no café olham para eles, e Changbin se apressa a pedir desculpas e sair dali constrangido.

—Desculpa, Changbin, eu... eu só preciso de uma cama, eu acho. Estou exausto.- Felix diz, rindo de nervoso e já mal conseguindo manter os olhos abertos. Até a voz grossa parecia mais profunda e arrastada, os olhos fundos e ligeiramente avermelhados.

O coreano, vendo o quão exausto Felix estava, finalmente cede e decide que o melhor é levá-lo de volta para descansar. Embora não fosse o começo perfeito para a estadia, Changbin promete a si mesmo que, uma vez recuperado, Felix verá o melhor da Coreia.

(...)

Ao entrarem, o coreano observa o mais alto deslizar lentamente para o sofá, já com a expressão de quem estava quase dormindo de novo.

—Vamos, não pode ficar assim! Tem um monte de coisas que você ainda não viu.- ele tenta incentivá-lo, mas Felix apenas murmura algo incoerente, já com a cabeça caída.

Changbin se aproxima, colocando a mão no ombro do loiro, esperando que isso o despertasse.

—Felix, acorda! Vamos fazer algo divertido.- ele insiste, mas o outro apenas se espreguiça e continua imerso no seu sono.

—Ué, já não tinha ido a um templo?- responde, a voz sonolenta saindo entre bocejos. —Sério, Changbin, preciso de um tempinho...

Com um suspiro resignado, Changbin finalmente cede.

—Tudo bem, tudo bem. Vou deixar você descansar, mas depois quero te mostrar a cidade, ok?

O mais novo sorri sonhando, suas pálpebras pesadas cedendo a um sono profundo. O Seo observa, seu coração apertando ao perceber como a realidade de sua vida compartilhada estava se revelando diferente do que havia imaginado. Ele sabia que seria preciso mais do que um tour turístico para fazer com que seu relacionamento funcionasse, especialmente agora que estava descobrindo as falhas nas expectativas que ambos tinham um do outro.

Com isso em mente, ele se afasta do sofá e vai até a cozinha, procurando algo leve e nutritivo para quando o menor acordasse. Enquanto mexia na cozinha, pensava no que poderia fazer para que a visita do namorado fosse memorável, ao mesmo tempo em que se perguntava se conseguiria lidar com as diferenças culturais e as expectativas que cercavam seu relacionamento.

—Ele é meio preguiçoso, né?- a mãe, sempre crítica, comenta como quem não quer nada, não hesitando em fazer o seu julgamento.

O Seo sente-se incomodado com o comentário mas concorda. Nunca discordaria da sua mamãe. Sorri de maneira nervosa, sentindo a pressão da expectativa dela. Ele não queria que o namorado fosse mal interpretado, mas ao mesmo tempo, sabia que a exaustão do loiro era real. 

—Eu não diria preguiçoso, apenas... cansado.- ele responde, tentando defender Felix, mas sem muita convicção. —Ele acabou de chegar da Austrália, mamãe. O voo foi longo.

(...)

Aproveitando o silêncio e calma, o diretor instrui que gravem uma cena sobre os pensamentos tanto do Seo, como da sua mãe, sobre o primeiro dia de Felix na Coreia.

A velha ajeitou os cabelos presos e veste uma roupa cara. Vira a cadeira de forma a ficar num bom ângulo e começa a explicar o seu lado de forma crua e sem filtros. —Eu sempre quis que o meu filhinho se casasse com uma boa moça e me desse netos. Já foi dificil o suficiente aceitar que o meu bébé fosse, diferente. Mas ter um relacionamente com um estrangeiro? Qual é!? Ele sequer fala coreano. Não conhece os nossos costumes. Como pode casar com alguém que conheceu pela internet?

Depois de responder a mais algumas perguntas, a velha dá lugar ao seu filho que toma assento e começa a explicar o seu lado: —Eu conheci o Felix pela internet, num app de namoro. Eu queria fazer amigos e ter um relacionamento. Pensei que dificilmente encontraria um coreano disposto a isso, pois aqui, a homossexualidade não é bem vista.- explica coçando o pescoço, finalmente tendo consciencia de que depois que o programa fosse ao ar, todos os seus amigos, familiares e conhecidos ficariam sabendo quem ele realmente é. 

Esse pensamento arrepia-o e o medo o domina. Ainda assim continua, porque sabe que mais tarde ou mais cedo teria de se abrir e tomar as rédias da própria vida. Queria libertar-se de todas as amarras que o prendiam e esperava que o loiro o ajudasse. —Conheci o Felix há um ano atrás. Gostei da forma como ele via a vida e das suas ideologias, também o achei muito bonito, e quando vi algumas participações suas em photoshoots e pequenos papeis em bls, senti que tinha de ser ele. Falávamos todos os dias, faziamos constantes chamadas de video e começamos a namorar. 

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2024 ⏰

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90 dias para casar - ChanglixOnde histórias criam vida. Descubra agora