36·| 𝐏𝐨𝐫 𝐯𝐨𝐜𝐞̂

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⏤ Filha... me conforta muito saber que se sente feliz com ele. ⏤ Seu sorriso cresceu ao que seus olhos brilharam, prestes a transbordem. ⏤ Eu sei que ele é a pessoa certa para te proteger quando eu não estiver por perto. Assim como também é para te fazer feliz.

Observei seus passos em minha direção quando se ergueu da cadeira. Suas mãos frias firmaram nas minhas e me encarou com tanto afinco que achei que seria possível seu olhar não sair mais dali. Era o mais puro amor que transbordava e escorria como lágrimas em suas bochechas.

⏤ Seu pai... ⏤ Fungou, recuperando pouco o ar. ⏤ ele estaria tão feliz por você quanto eu estou agora. ⏤ Seus dedos apertam mais, me dando mais segurança em suas palavras. Balancei a cabeça, sentindo a ardência nos olhos deixando que transborde.

Nossos olhos se comunicavam, não era preciso uma única palavra para que meu corpo se sentisse acolhido e protegido. Não lembro-me a última vez em que citamos papai em uma conversa. A insegurança de uma ferir a outra por lembrar, levava o assunto a ser trancado. Mas era inevitável, falar dele sempre ia trazer a saudade e um pouco da dor que era não tê-lo mais. A dor da perda era inevitável.

⏤ Eu sinto tanta falta dele, mamãe. ⏤ Seu rosto distorceu na mais pura tristeza, e tenho certeza que o meu não estava diferente.

⏤ Eu também, meu amor. ⏤ Me puxou, meu rosto afundando em seu pescoço. ⏤ Eu também sinto. ⏤ Ciciou me envolvendo com seu perfume.

Os movimentos acolhedores em minhas costas eram como um alívio fazendo todas as lágrimas presas se esvaziarem e transbordarem sem trégua. Seus suspiros e fungadas eram profundos, relatava perfeitamente como aquilo doía também.

Não queríamos que falar do papai se transformasse em um tabu. Ele deveria ser lembrado, mesmo que cutuque um pouco na nossa ferida. E foi assim que longos minutos se passaram tirando lágrimas e risadas nossas, somente por lembrar de momentos com ele. Sendo eles praticamente a maior parte em nossas vidas.

Agora meu corpo tomava maior parte da cama, meus olhos vasculharam o teto branco notando o menor dos detalhes. Meu interior se agitava em ansiedade para mandar nem que fosse uma única mensagem a Sasuke.

Quero vê-lo o quanto antes, pular nos seus braços e admitir e sentir seu perfume tão forte que me faz querer adormecer, como se aquilo fosse o suficiente para fazer meu corpo sucumbir a qualquer coisa que ele quisesse. Sucumbir a ele.

Por mais interessante que fossem meu pensamentos, não trocou para que todos eles fossem mandados embora quando o som de uma notificação chegou, uma após a outra. Com a preguiça que dominava os mais simples dos meus movimentos, movi meu olhar para a escrivaninha o qual o meu antigo celular estava.

Forcei meu corpo que levantou tão pesado quanto deitou. Encarei a tela ainda em completo preto, uma energia agoniante mandava as mais frias sensações para minha espinha. Era insuportável. Meus batimentos se aceleram, quando novamente a notificação chega, fazendo a tela brilhar.

⏤ Eu já deveria ter me livrado de você. ⏤ murmurei, segurando o aparelho, temendo até a distância curta que eu mantive.

Cinco... exatamente cinco mensagens de um número desconhecido. De todo modo, não era totalmente anônimo para mim. Meu corpo, mesmo que indiretamente, já sentia que pertencia aquela pessoa. Tive dificuldade em clicar na notificação, eu poderia só ignorar, mas a curiosidade estava me infernizando. O tremor se estendia do início dos meus dedos até a última partícula de célula que eu possuía.

Meus olhos se arregalaram ao passo que um arrepio se apossou de cada canto. Fotos, ele me enviou fotos de horas atrás a qual eu estava com Sasuke no carro. Apesar da imagem mal tirada, era perceptível as nossas características. Me atrevi a rolar o dedo pela tela, me revelando as imagens uma após a outra. Era agoniante a tensão que se formava no meu peito.

 DE REPENTE ROSA Onde histórias criam vida. Descubra agora