XI

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E com a cobrança de meus 5 leitores eu trago mais uma atualização de 'Medusa'. Vocês vão perceber uma mudança na minha escrita, mas faz parte da minha evolução como escritor e eu espero que curtam tanto quanto eu curti.

Esse início vai parecer meio nada a ver, mas vai fazer sentido mais pra frente.

Adianto que não tá muito grande, mas que senti muita falta daqui e de vocês.

Espero que gostem, até lá embaixo!

___Ω___

Afrodite andava de um lado para o outro em seus aposentos cobertos por tecidos carmim. Seus pés empurravam as pétalas vermelhas espalhadas pelo chão. Sua acomodação havia sido projetada pelas mãos apaixonadas de seu ex -marido, que ciente da paixão de sua esposa pela cor do amor e da luxúria, banhou todos os móveis e tecidos de um vermelho intenso que sob a luz parecia uma taça de vinho forte. E talvez, intencionalmente ou não, tudo parecia banhado por sangue, como um campo de batalha pós combate. Sua amante estava deitada sobre os lençóis. Esta se mantinha calma. Não havia muito tempo que visitara o mundo dos mortais.

— O que te aflige tanto? Volte para a cama, meus braços sentem falta de você. – Sua voz saía como um ronronar, deitada de bruços esticando os membros.

— Ela não deveria ser divina! Você sabe disso. – A última parte saiu mais baixa. Afrodite estava com as mãos entre os fios de sua cabeça. Nada havia tirado sua paz há tantos séculos. A última vez foi quando Hefesto foi embora para longe e se isolou ainda mais. Foi um grande drama. Mas nada poderia ser pior do que aquilo.

— A criança foi levada por Eros, o seu filho mais confiável. Se alguém deve saber de algo, certamente é ele. E qual é o problema dela ser divina? Tem sangue divino para onde quer que ela olhe.

— Ela é a prova viva de algo que nunca deveria ter acontecido. – Sua frase sucinta, porém certeira, foi o suficiente para enrijecer a outra deusa, que levantou-se e recolheu suas roupas sem dizer mais nenhuma outra palavra. Se após tantas centenas de anos ela seguiria com aqueles receios, nada mais poderia fazer. Estava se cansando de sua irredutibilidade. Cansada de nunca mudar sua cabeça. Cansada desde o evento que colocou sobre os ombros de outra deusa o fardo de ser uma vilã prepotente. Claro que para todos os outros esta não era a visão, mas muitos mortais concordaram com essa ação tirânica.

Ω

Quando amanheceu, alguns dos ajudantes remanescentes da desocupação do barco de Astrid estavam na praia acompanhando o velejar dele para longe. Entre eles, Phílippos e Autolycus, que desenvolveram afeto pela mercenária. Entre eles, ao longe, estava Lauren. Estava encostada no tronco de uma árvore, os braços cruzados e o cenho vincado. Não parecia fazer sentido. Aquilo não era novidade. O que era novidade era aquele tipo de atitude partindo da mulher que sempre fora mais centrada do que ela. Não queria deixar que aquilo lhe afetasse, mas teorizar sobre a razão de partir assim era mais forte do que ela.

Quando os homens começaram a dar meia volta, um lampejo a atingiu. Lembrou do barulho das águas do riacho e de como foi escutá-lo pela primeira vez. Lembrou-se de sua avó Maya. Quando percebeu, seus passos estavam a meio caminho do berço da correnteza. Sua mente soube antes dela que precisava falar com a ninfa.

Tendo alcançado seu destino, encontrou Maya sentada sobre uma das pedras lisas. Penteava seus cabelos loiros com certa vagareza. Sua mente parecia longe dali.

— Minha vó. Posso falar com você? – A opacidade em seus olhos os abandonou no mesmo instante. Abriu o melhor sorriso que possuía para dar para sua neta. Duas batidinhas na pedra ao lado e Lauren se dirigiu a ela, sentando ao seu lado como se seu corpo pesasse mais do que aquela rocha.

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⏰ Last updated: Jan 21 ⏰

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Medusa (Camren)Where stories live. Discover now