Asas frágeis, Sonhos inalcançáveis.(Parte 1)

3 0 0
                                    

       Crescer em meio à um mundo tão individualista e solitário é algo cansativo, principalmente para uma criança, não qualquer criança, aquela criança envergonhada, que passa seu dia lendo livros e sendo..."ela" se é que pode se dizer assim. Kumar era essa criança, vinda de um país distante, buscando um lugar onde a vida sorrisse para ele, de certo modo, mas isso ainda demoraria muito a acontecer. Kumar morava em uma casa simples, a mais barata que seus pais poderiam pagar, mas a melhor que poderiam dar a ele, sempre o deram muito amor e carinho, faziam o possível para que se sentisse bem, mesmo que outras crianças na escola ou na rua, o tratassem com desdém, e Kumar não poderia pedir por pais melhores, eles realmente se esforçaram, mas, um dia a desgraça e o caos chegam na vida de todo mundo, e na dele não foi diferente. Acordando em um certo dia com pessoas gritando na rua, casas vizinhas queimando e o cheiro dos incêndios e corpos carbonizados dominando o ar, o garoto foi levado para uma caravana de veículos que levaria as mulheres e crianças para um local seguro, os oficiais não falaram muito além disso, mas disseram que a mãe de Kumar deveria estar lá, se não estivesse, ele seria levado para um lugar em que pudessem cuidar dele. E assim aconteceu, a mãe de Kumar, Sarashi, estava morta.



       Ele não entendia muito bem o que era perder alguém, a morte em si era um conceito desconhecido para Kumar, que ficou anos de sua vida, nos orfanatos, achando que sua mãe apenas tinha ido viajar, e que um dia ela voltaria e buscaria por ele no orfanato. e você deve estar se perguntando agora, "mas e o pai de Kumar, onde esteve ele?" o pai de Kumar é uma figura enigmática até pra ele, ninguém sabe seu nome, nem onde mora, mas sabe-se que ele nunca quis ver o filho, foram longos 11 anos que Kumar passou naquele orfanato, o nome era "Casa de Dona Annastacia Yerden",  até chegar o dia, aquele dia em que Kumar seria finalmente feliz... 


08:00 horas, dia 13 de fevereiro de 1522, Terça-feira. Uma mulher vestida com uma camisola rosa, avental branco, chinelos rosas, bem desgastados, inclina-se sobre a cama onde Kumar dormia, fazendo um gentil carinho em seu rosto, dando um beijo em sua testa, O mabeco, em sono profundo, se mexia e resmungava baixinho na cama, enquanto a mulher o dava carinho, essa cena durou curtos 20 minutos inteiros, até que Kumar acordasse, a mulher de cabelos já grisalhos, olhos azuis bem claros, pele um tanto flácida devida sua idade, mãos finas e estatura esguia, segura a mão da criança e a diz:


??? - Hora de acordar rapazinho... Hoje será seu dia, recebi uma carta ontem daquele casal de lobos cinzentos, eles disseram que gostaram muito de você, acharam que se enquadra no perfil de criança que eles buscam, inclusive pagaram uma ótima quantia por você. Queremos te dar um ultimo dia inesquecível aqui no orfanato... Você é tão precioso.. uma pena que vão levar você pra longe de mim...


Kumar - M-mas, mhm... Eu nem pude conversar com eles, não sei se quero que eles sejam meus pais... quando vieram aqui na semana passada, eu não sei se gosto daquele lobo... ele tem uma cara meio fechada, não gosto dele Anny..


"Anny" - Mas querido, você não precisa gostar, eles olharam para você e decidiram te dar amor e carinho, isso não é o suficiente? no meio de todos os seus irmãos aqui, eles escolheram apenas você, deveria se sentir grato- OOAH CUIDADO FRIDA!

Uma garotinha de pele clara, olhos vermelhos escarlate, de pijama branco com algumas bolinhas azuis, esbarra na senhora que conversava com Kumar.

Frida - Ah! m-me desculpa mãe, eu vim trazer os bolinhos que pediu, eu fiz todos com muito carinho pro irmãozinho!!

A garota ficava corada, ao mostrar os bolinhos caseiros que fez, todos tortos, alguns bolos estavam duros como pedra, mas incrivelmente estavam todos uniforme, idênticos um ao outro.

"Anny" - Ah querida... estão lindos, tenho certeza que Kumar vai adorar comer todos eles. Agora, leve-os para a mesa e acorde seus irmãos, teremos um café da manhã em família hoje.

Frida - Pode deixar Annastacia!

Annastacia - Já pedi para você me chamar de Anny ou de mãe.

Frida- M-me desculpa mãe, ei todos vocês, levantando! todo mundo de pé!

As demais crianças, dormindo em suas camas, começam a levantar, todas um tanto confusas, pois acabaram de acordar, mas Frida as explica o que está acontecendo e por que o dia de hoje é especial para todos do orfanato.

Kumar- Ehm...Mãe..

Annastacia - Pois não meu querido.

Kumar - Eu não sei se... estou sendo egoísta ou presunçoso em pensar que, mesmo que o lobo tenha tido vontade de cuidar de mim, tenha me escolhido no meio de tantas crianças, não sei se isso deveria me fazer amar ele tanto quanto ele me ama, eu sinto que isso é errado... eu sinto que deveria conhecer ele antes sabe? eu to com medo mãe...

Annastacia - Não fique assim meu filho querido... Eu confio neles, irão cuidar bem de você.

Kumar, um tanto desconfiado e com vergonha, diz a Annastacia:

- E-eu não tenho certeza se...posso confiar neles para isso...mas tudo bem, hoje vou aproveitar meu dia Anny!

Annastacia dá um sorriso de canto, orgulhosa em ver Kumar superar seu medo, levando ele para o local da "festa" não era nada muito grandioso, Kumar brincou com seus irmãos, comeu da boa comida que fizeram, bebeu as melhores bebidas que Annastacia poderia oferecer, foi mágico para ele, tudo foi absolutamente perfeito para ele. No final do dia, ele foi junto de Frida ajudar a limpar a cozinha, os dois conversaram bastante..

Kumar - Hoje foi um dia maravilhoso...Não consigo acreditar que Anny convenceu todo mundo a participar... Geralmente vocês preferem me deixar no meu cantinho, enquanto brincam entre si, mas hoje foi tão gostoso poder compartilhar essa felicidade de vocês comigo... Acho que vou levar um pedacinho de cada um no meu coração quando for pra casa nova..

Frida - Você deu sorte, aquele casal aparentemente já tinha filhos, segundo o que li nos documentos..

Kumar - Você tem acesso a eles?

Frida - Tenho. Anny não sabe esconder muito bem a chave da gaveta, então as vezes eu dou uma bisbilhotada

The Nine BladesWhere stories live. Discover now