Dezembro de 2024.
O dia frio faz todos procurarem um meio de se esquentar, alguns correm para suas casas quentinhas, para o calor da sopa de sua mãe ou os braços acolhedores da pessoa amada. Mas quem não os tem, vai atrás desse mesmo conforto em comidas de restaurantes, não tem o mesmo gosto e o mesmo amparo, entretanto, ao encher suas barrigas vazias, já faz o trabalho.
O homem alto, moreno, passa pela porta do restaurante, indo direto para o balcão fazer seu pedido.
- Boa noite, um Jjampong, por favor. - A atendente maneja a cabeça em concordância e anota o pedido, passando o preço.
Depois de pagar, o homem olha ao redor, reparando finalmente que o restaurante está lotado, todas as mesas ocupadas por homens e mulheres após o trabalho, famílias ou adolescentes. Ele suspira caminhando pelo local, e seus olhos encontram uma cadeira vaga em uma mesa mais ao fundo, onde um homem de cabelo roxo está sentado sozinho, esperando seu pedido. Ele anda em passos apressados e, quando para diante da mesa, tem olhos curiosos o fitando. Contido, o moreno pergunta:
- Posso me sentar? - O arroxeado olha ao redor, reparando que todas as mesas estão ocupadas, e confirma com a cabeça levemente. - Obrigado. - diz, puxando a cadeira de madeira e sentando-se.
Retira o casado e o cachecol, colocando-os no encosto da cadeira e, em silêncio, os dois esperam seus pedidos. Pouco mais de dez minutos, um outro atendente vem trazê-los.
- Kalguksu? - Pergunta, segurando a tigela fumegante; assim que o arroxeado assente, sinalizando que é seu, esta é posta em sua frente. O mesmo atendente deposita o Jjampong do moreno. - Já venho trazer seus acompanhamentos.
"Obrigado" baixos são escutados pelo atendente antes de sair. E após limpar as mãos, os dois homens começam a comer em silêncio. Pouco tempo depois, o garçom volta, trazendo os acompanhamentos.
Por um bom tempo, todo o barulho na mesa são os feitos pela degustação e dos talheres, ambos não dizem nada. Entretanto, um parece o reflexo do outro, não pela forma como comem, mas pelo jeito que seus ombros estão caídos, a aparência abatida, pálida e os olhos sem vida. Entre uma mastigada e outra, o moreno pergunta, para aliviar sua curiosidade. É somente um desconhecido mesmo.
- Pelo que sofres?
Surpreso, é assim que o de fios roxos se encontra, não imaginou ouvir uma pergunta como aquela, mesmo sabendo que é transparente em seu semblante. Ademais, nunca mais iria ver o moreno alto, não importava, de fato, dizer-lhe ou não.
- Pelo mesmo que muitos na nossa idade – a voz levemente rouca, mas suave, chega aos ouvidos do moreno. - Por um amor pedido, pelo tempo que não volta mais, um passado não aproveitado da forma certa e a distância que maltrata.
O homem concorda com a cabeça, ainda comendo. Ele está certo, afinal. É o mesmo que ele sofre também. O arroxeado também o questiona e a resposta, na ponta da língua, não demora muito a ser ouvida:
- Diria que o mesmo – suspira pesado, o ensopado perdendo o gosto tão bom. - O anseio pela liberdade e o tempo que só temos na juventude, o sentimento de perda de alguém que deixamos escapar por entre nossos dedos, a falta da paixão que queima a pele e a eletricidade que só o amor nos traz.
- Entendo, tu sofres pela saudade, assim como eu. - O seu paladar também já não está mais o mesmo, pelo assunto e as memórias de dias perdidos, tudo fica sem graça. Completa em seguida: - O sentimento de pertencimento.
Os dois voltam a comer, até que o arroxeado baixinho se manifesta:
- Já pensou sobre o futuro?
- Já me perguntaram isso uma vez – o moreno riu baixinho, mas não de felicidade, e sim de amargura ao lembrar de seu amor lhe fazendo essa mesma pergunta. - E eu, como um tolo irrealista, respondi mais tolamente ainda.

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Tempo e amores perdidos | Binchan e Hyunsung
FanfictionDois desconhecidos se encontram em um dia frio de inverno e passam a conversar sobre o que é felicidade, o tempo e os amores perdidos. shortfic com seis capítulos. baseado em shiki oriori - o sabor da juventude. Changchan | Changbin + Chan Hyunsung...