Sessenta e quatro

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Louis tem estado um pouco tenso e nervoso desde que voltamos dos passeios que fizemos pela cidade, o que me deixou preocupado com o ambiente ao nosso redor. A manhã e a tarde, no entanto, foram tranquilas e incríveis. Visitamos alguns templos com construções tradicionais tailandesas, que são verdadeiramente fascinantes.

Os templos que exploramos destacavam-se pela arquitetura detalhada, com telhados em camadas curvadas, cobertos de mosaicos brilhantes e estátuas de Buda decoradas com panos dourados. A atmosfera em cada templo era de paz e serenidade, com o som das campainhas de vento e o cheiro de incenso no ar.

Além disso, passamos um tempo pelos parques próximos, onde a vegetação exuberante oferecia um contraste perfeito com a espiritualidade dos templos. Os parques eram um oásis de tranquilidade, com lagos repletos de peixes coloridos e pontes ornamentais. A interação com a natureza e a arquitetura histórica foi um alívio bem-vindo, mas a tensão de Louis ainda permanece um mistério que não consegui desvendar durante nossos momentos de paz.

O almoço foi a cereja do bolo. Escolhemos um restaurante ao ar livre, com um gazebo de bambu que parecia uma extensão da natureza ao nosso redor. Decidimos provar o Pad Thai, que veio com camarões, tofu e aquele molho agridoce tão característico. Experimentamos também o Som Tam, que era picante, mas de uma maneira refrescante. A sobremesa de arroz pegajoso com manga foi a combinação perfeita para fechar a refeição.

Agora chegando novamente ao hotel, já pelo fim da tarde, Louis parecia inquieto como se algo tivesse sendo demais para ele. E eu estava preocupado por ele não me dizer o que estava acontecendo. Apenas se jogou no sofá do grande quarto de hotel, jogando a cabeça para trás na tentativa de relaxar.

— Meu bem, o que está acontecendo? — Questiono suave acariciando os ombros fortes e tensos.

— Nada, acho que só cansei de andar. — Tenta disfarçar rindo fraco, mas nada passava despercebido pelos meus olhos. — Você não esqueceu que vamos sair para jantar, não é?

— Claro que não. — Nego rindo de seu receio. — Eu estou tão ansioso para ver o que você nos preparou. — Digo me inclinando para deixar um beijo em sua testa, mas sendo puxado para cair em seu colo.

— Você vai amar. — Garante me olhando com os rostos praticamente colados, me deixando escapar um sorriso. — Não podemos nos atrasar, hum?

Louis se levantou do sofá, esticando os braços como se tentasse aliviar a tensão acumulada no corpo. Ainda que tivesse tentado esconder, eu sabia que algo o incomodava, mas decidi não pressioná-lo mais. 

— Vamos nos arrumar, então? — Sugiro, quebrando o silêncio com um sorriso, enquanto me dirigia ao guarda-roupa do quarto, onde deixei algumas peças no cabide.

Louis assentiu e me seguiu até onde eu estava. Para a ocasião, roupas formais não eram necessárias, mas ainda queríamos algo que combinasse com o restaurante elegante onde jantaríamos. Eu optei por uma camisa de linho azul-clara, de mangas longas, mas leve o suficiente para o clima da Tailândia, junto a uma calça de tecido confortável em tom bege.

Louis escolheu uma camisa de algodão preta, de botão, com as mangas dobradas de maneira despretensiosa, combinada com uma calça jeans escura bem ajustada, que caía perfeitamente sobre ele. 

Olhá-lo toda vez que ele termina de se arrumar é algo tão incrível, todo mínimo movimento que Louis faz era tão hipnotizante, algo que eu nem mesmo podia achar palavras para descrever o que eu sentia. Todo o jeito de agir, de se portar, era tão bonito e me deixava vidrado.

— Desse jeito, vou ter que cobrir você para sairmos. — Louis quebra o silêncio, me abraçando por trás, inalando o perfume posto a pouco tempo em meu pescoço. — Não quero que ninguém te veja tão bonito assim. Só eu posso.

          

— Todos vêem, mas só você tem. — Garanto me virando em seus braços, deixando um toque suave em seus lábios.

— Humm... É verdade. — Concorda parecendo pensar.

— Acho que agora sim estamos prontos para impressionar — Brinquei, ajustando minha gola enquanto ele passava os dedos pelos cabelos, tentando arrumá-los no espelho. 

— Impressionar quem? — Respondeu com um leve sorriso, a expressão finalmente mais tranquila. — É só um jantar. — Diz sem conseguir ser muito convincente.

— Um jantar especial, diria eu. — Me aproximei e ajeitei a aba do colarinho de sua camisa. — E você sabe que sempre gosto de cuidar dos detalhes. 

Ele revirou os olhos de brincadeira, mas sorriu, já acostumado com meu perfeccionismo. 

Quando estávamos prontos, descemos juntos para o saguão do hotel. O clima descontraído refletia bem o espírito da noite: algo leve, mas ainda cheio de significado. O restaurante, localizado a uma curta caminhada à beira do rio, prometia ser o lugar perfeito para relaxarmos e, quem sabe, para que ele finalmente me dissesse o que o estava perturbando.

O restaurante, situado em uma charmosa esquina à beira do rio, era um daqueles lugares que pareciam ter saído de um quadro. Pequenas luzes amarelas pendiam de fios suspensos acima das mesas ao ar livre, refletindo suavemente nas águas calmas do rio. A brisa noturna trazia consigo o cheiro fresco da água misturado ao aroma convidativo de ervas e especiarias que escapavam da cozinha. 

Louis havia reservado uma mesa próxima à margem, onde a vista era mais bonita. O som tranquilo do rio correndo ao fundo servia como trilha sonora perfeita, misturando-se às risadas discretas e conversas abafadas das outras mesas. O garçom, atencioso e de sorriso acolhedor, nos entregou os menus de couro macio, cada página descrevendo pratos que pareciam mais uma obra de arte do que comida. 

Optamos por começar com entradas leves: uma seleção de pães artesanais acompanhados de azeites aromatizados e um patê de fígado com toque de cognac. O prato principal veio em seguida – para ele, um risoto de cogumelos silvestres, cremoso e perfeitamente temperado; para mim, um filé de robalo grelhado, servido sobre uma cama de purê de ervilhas e legumes tostados. A apresentação era impecável, e o sabor não decepcionou. 

Enquanto comíamos, uma garrafa de vinho branco, gelado na medida certa, complementava os pratos. A cada gole, parecia aliviar um pouco a tensão que pairava no ar, como se cada momento de silêncio fosse preenchido pela beleza do lugar. 

No entanto, o que mais me intrigava não era a comida ou o cenário. Era ele. Por trás de cada sorriso que dava, havia algo guardado, algo que eu sentia pesar em seus olhos sempre que desviava o olhar para o rio. Decidi esperar o momento certo, sem pressioná-lo, deixando o ritmo natural da noite nos guiar. Afinal, aquele lugar parecia feito para confidências – e eu sabia que, quando ele finalmente falasse, seria ali que isso aconteceria. 

— Lou? — O chamo percebendo que Louis apenas mantinha seu olhar perdido sobre o rio, fazendo-o me olhar rapidamente.

— Sim?

— Está tudo bem? — Questiono, alcançado sua mão por cima mesa. — Você está meio quieto hoje o dia todo, amor, o que está acontecendo?

— Não é nada, é sério. — Se apoia na mesa, me dando um sorriso invertido, acariciando minha mão com o polegar. — Eu só estou um pouco nervoso por planejar tudo para você. — Diz suspirando pesadamente, realmente demonstrando o nervosismo.

— Mas não precisa, eu estou amando.

— Eu sei, mas eu quero que tudo seja perfeito. Você sabe, babe, eu nunca fiz algo assim, e eu confesso, estou com muito medo de dar tudo errado. — Explica deixando um sorriso nervoso escapar, se ajeitando na cadeira de forma desconforto. — Eu nunca fiz coisas românticas, nunca planejei algo tão grande e eu quero que você goste muito

BELLA ITALIA | l.s [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now