- Podemos pular a parte que nós duas conhecemos e ir direto para as consequências dos meus atos? – interrompi antes que ela pudesse continuar falando mais e mais daquele discurso repetitivo.

- Se é o que você deseja. – deu de ombros. Tanto eu quanto ela já sabíamos todo aquele discurso de como eu fui irresponsável, de como deveria cuidar melhor da minha magia e tudo mais. – Eu conversei com o Conselho e decidimos que um caso como esse teria levado qualquer outro estudante a expulsão, como todos os outros casos em que mete seus colegas e você. Mas como estamos falando de você e sua magia é muito importante para nós, decidimos que não iremos expulsá-la, tanto por causa dos seus pais quanto por seu poder. Porém, você está temporariamente proibida de sair dos muros desta escola sem autorização direta minha e você terá que fazer alguns trabalhos extras ajudando professores a aplicar suas matérias.

- É isso? Eu terei que dar aula para crianças?

- Não exatamente para crianças, mas você terá que ajudar nas aulas que os professores precisarem de um auxiliar.

- Tudo bem, tudo bem. Isso é melhor do que ser expulsa, eu acho. – murmurei terminando de pentear meus cabelos e trançando eles.

- Terminamos, então. Vejo a senhorita na próxima aula. – despediu-se abrindo a porta.

- Eu terei que ir à próxima aula?! – exclamei indignada. – Eu acabei de sair de um incêndio terrível, ainda nem me recuperei e terei que participar da próxima aula?

- Sim. Temo que tenhamos pessoas mais feridas que você por causa desse incêndio. – afirmou fechando a porta com força ao passar.

- Ei, diretora Carson! – gritei saltando da cadeira que estava sentada e correndo até a porta, mas ela já tinha desaparecido no corredor.

Suspirei derrotada e me dirigi para o armário. Procurei minha saia azul-marinho do uniforme no meio da bagunça de roupas e a encontrei junto aos sutiãs e calcinhas. Vasculhei mais um pouco a procura da camiseta branca com o emblema da escola e a encontrei. Coloquei meu uniforme sobre a cama e entrei no banheiro para um banho quente e relaxante.

Eu estava usando minha camiseta aberta e presa dentro da saia enquanto procurava os sapatos e tentava secar os cabelos. Por que eu não sou uma pessoa organizada?, pensei quando encontrei um pé do sapato dentro da mochila.

Porque você é a ovelha negra da família, soou uma voz familiar na minha mente. Todos são organizados, cuidadosos e responsáveis na família Benevok, mas eu tinha que sair diferente. Sem o mínimo de organização, de cuidado e muito menos de responsabilidade.

Ouvi o sinal tocar fora do dormitório e calcei, apressada, o outro sapato que havia encontrado no cesto de roupas-sujas. Peguei a base e espalhei-a com presa pelo meu rosto, espalhei um pouco de blush na maçã do rosto para tirar um pouco o pálido mortal e escurecei os olhos. Procurei meu horário de aulas no meio da bagunça do quarto e o encontrei embaixo da cama junto com alguns outros pares de sapato. Peguei os livros de física dentro do armário e joguei dentro da mochila, saindo apressada do quarto.

Quando cheguei à sala de aula todos já estavam nos seus lugares e me dirigi rapidamente para o meu. Jean estava sentado ao meu lado e me chamou.

- Como você está, Katri? – perguntou baixinho quando o professor virou de costa para escrever no quadro.

- Melhor do que Dani e Brice devem estar. – respondi e me inclinei mais na sua direção. – Onde eles estão?

- Dani estava na enfermaria da última vez que eu soube, parece que não foi nada grave com ela.

KatrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora