"Ana Julia"

Capítulo 15

- Vamos, Ju, a Ana está nos esperando. - ele abriu uma das gavetas da minha mesa e botou o colar lá dentro. Me puxou para fora do quarto.

Descemos as escadas e lá estava o carro do Leo, sentei no banco traseiro e por mais que tentasse não conseguia prestar atenção na conversa dos dois.

Uma chuva fraquinha começou a cair, logo a janela do carro começou a ficar turva por causa do ar condicionado e da chuva, não tinha como não lembrar da primeira vez que olhei pela janela do palácio e vi a neve, eu estava tão desesperada, só queria sair dali, voltar para casa. Não tem como não ri, não sabia eu que quando conseguisse voltar iria querer tanto ainda está lá...
O nó na garganta voltou, eu nunca mais iria vê-lo? Levei a mão até o pescoço e então me lembrei que o colar não estava mais comigo, minha única prova de que não estava sonhando... Mas, talvez, seja melhor assim, desapegar logo por mais que doa.

- Juliaaaa!

- Que foi, Ana?

- Está surda?! Estamos falando com você a um bom tempo e você nem aí.

- Desculpa...

- Então, Ju, qual sorvete você vai querer?

- Menta e chocolate.

- Refrescante. - disse Ana.

- E clássico- Leo completou a frase de Ana.

- E vocês?

- Ainda não sei. - disseram os dois ao mesmo tempo.

- Completando frases... Falando a mesma coisa ao mesmo tempo... Eu diria que vocês namoram a pelo menos quatro meses.

- Julia!- me repreendeu Ana, o que só me fez rir, sabia que suas bochechas estavam coradas.

- Demora mais que isso para ter essa sincronia, é que a Ana demorou para aceitar o pedido. - Leo piscou para Ana.

- Isso é sério? - impossível, a Ana teria me contado, não teria?

- Claro que não! Esse idiota que fica fazendo graça, e você ainda acredita?! Julia, esperava mais de você!

- Desculpa... Não precisa ficar nervosa...

- Chegamos, madames!

- Não brinca. - já falei que eu não sou a única a dá cortadas? A Ana também faz isso mas eu sempre sou a mal da história.

Pedimos nossos sorvetes e sentamos em uma mesa com vista para o parque. A Ana e o Leo estavam muito entretidos falando sobre alienação em redes sociais quando eu o vi, meu coração pulsava tanto que eu tinha certeza que qualquer um ali conseguia ouvir, mas não importava, nada disso importava, é ele. Fui na sua direção, ele agora estava de costas para mim, porquê ele iria me ignorar?!

- Daniel? - parecia que eu tinha corrido uma maratona, ele se virou e logo o sorriso no meu rosto vacilou.

- Oi?

- Desculpa... Eu pensei que fosse um amigo. - a vontade de chorar voltou, e eu não era capaz de segura-la. - Tchau... - o rapaz pareceu preocupado mas não falou nada. A Ana e o Leo tinham vindo em minha direção.

- Eu sei que você está com saudades, mas vai passar... - a Ana falou me abraçando.

-  É. - Ele vai aparecer... Ele me prometeu.

- Ainda é muito cedo, Ju. Ele deve está resolvendo muitos problemas... Não fique assim, ele não ia querer te ver triste assim.

Fomos para o carro e voltamos para casa, entrei no meu quarto.

Ele vai vim, ele prometeu.

"Você não vai me esquecer?"

" Eu vou voltar para você, me espere, eu te amo, Julia."

A voz dele não saia da minha cabeça. Ele vai voltar para mim, e não, eu não vou esquecê-lo!

Peguei o colar na gaveta e coloquei no meu pescoço, o lugar que deveria estar. Olhei no espelho, meu rosto estava inchado por causado choro, mas o colar continuava como sempre, lindo.

- Eu não vou te esquecer, Daniel.