Eu estava no corredor quando meu telefone tocou de novo.

– Alô? – atendi a ligação do museu cruzando os dedos para ser boa notícia.

– Sophia? – a voz do outro lado era masculina, jovem, porém firme. Quando eu confirmei, ele prosseguiu – Josh Spencer, do museu.

Pensei em dizer que ele não precisava se identificar porque eu dificilmente iria confundir aquela voz, mas talvez isso não pegasse muito bem.

– Ah sim. Tudo bem, Josh? – tentei parecer tranquila, descolada, como quem não estivesse escorada com a cabeça na parede aguardando o veredito final.

– Acredito que você achará que está tudo ótimo. Estou ligando para informar que você passou, a vaga é sua.

– Sério isso? Sério mesmo? – perguntei não querendo ter entendido errado.

– Sim. É sério isso. – eu podia sentir o sorriso na sua voz.

– Ai que bom, que ótimo! Nossa! Muito obrigada! Que maravilha! – eu tentei controlar minha felicidade mas ela estava saindo pela minha boca sem eu conseguir controlar.

– Hum... Se você já tiver se recomposto até segunda-feira, esperamos você aqui à tarde para acertamos seus horários. – Josh, o estraga prazeres se manifestou.

– Ok. Eu estarei aí. Obrigada.

– Boa tarde, Sophia. Ah e, por favor, certifique-se de não se atrasar e ficar sem seu café, ok?

Eu estava pronta para respondê-lo, mas o filho da mãe desligou o telefone na minha cara! Que idiota! Eu estava ainda fazendo uma lista de xingamentos quando senti alguém me puxar pelo braço e me arrastar.

– Que história é essa que o Caleb te defendeu na aula da Lydia? – Ash estava me arrastando pelo corredor em direção à biblioteca enquanto eu ainda estava tentando entender como ela sabia disso.

– Como você sabe disso? Você estava escondida na minha aula? E bom dia para você também, Ash! – retruquei.

– Tá, tá, bom dia! Agora me conta como foi isso.

– Não é como se ele tivesse exatamente me defendido no sentido real da palavra... Ele interviu, é diferente. – tentei diminuir a situação antes que Caleb virasse um herói nacional. – Mas como você ficou sabendo disso? Você tem aula em outro prédio!

– Tecnologia, vida moderna. Recebi uma mensagem num dos grupos  dizendo que o Caleb tinha vestido a armadura branca durante a aula da bruxa e vindo ao resgate da eterna princesa dele. Obviamente, a gente sabe que essa é você! – ela falou correndo e eu honestamente não sei como consegui entender.

– Meu telefone tocou, e você sabe como a Lydia é. Ela ia me tirar pontos e ele começou a batucar e cantar. E bem, é o Caleb, né?! De repente, todo mundo estava acompanhando. E depois ele ainda deu uma aula sobre Ramones como influência na arte, vamos dizer assim. – suspirei revirando os olhos. – Aí ele fez aquela mágica dele e a Lydia simplesmente se esqueceu da irritação dela.

– Uau! Acho que alguém ainda gosta de você. – Ash disse sorrindo.

– Nem começa, não você. Nem começa.

– Ok. Parei. – Ela cruzou os dedos sobre a boca – Vamos falar de outra coisa mais interessante.

– AAAAAHHHH! Deixa eu te contar! – Ash me olhou em expectativa. – Me ligaram do museu, eu tô dentro!

– Boa, garota! Isso merece comemoração! Você vai trabalhar com o bonitão, isso merece dupla comemoração! – Ash soltou uma gargalhada tão alto que as pessoas olharam para a gente enquanto saímos do prédio. – Desculpa! – ela disse enquanto tampava a boca com vergonha.

Combinamos de nos encontrarmos a noite para a comemoração junto com o resto do pessoal e eu fui para a revista, avisar que eu estava saindo de lá. Marquei com os mais próximos uma despedida para o sábado e fui para casa. Eu tenho um gosto musical bastante eclético, sabe?! O que significa que eu posso ouvir Ramones e One Direction na mesma playlist. Quando eu cheguei na garagem do prédio, não era 1D que estava tocando mas Little Mix. Eu estava feliz e cantando Black Magic a plenos pulmões enquanto fechava as janelas do carro – eu sou uma pessoa musical, ok?!

– Pensando em jogar uma poção do amor em alguém, vizinha? – ouvi uma voz ao lado da minha porta quando desliguei o som. Olhei para a figura parada ali e não reconheci aquela bela espécime masculina. – Sou o vizinho do quarto andar. – ele disse com um sorriso no rosto.

Senti meu rosto queimar de vergonha por ter sido flagrada nesse momento constrangedor. Peguei minha bolsa antes de sair, o que me deu tempo de me recompor.


De repente, o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora