Prólogo

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Como se conhecesse o lugar.

Dei mais alguns passos e senti o chão tremer sob meus pés, conforme eu avançava o tremor ia ficando mais forte, levando o resto dos escombros ao chão. Era como estar no meio de um terremoto, mas mesmo assim não senti necessidade de me segurar em alguma coisa ou me esconder, no entanto meus olhos procuravam qualquer apoio ou abrigo que fosse. Mas não foi com isso que eles se depararam.

Não muito longe de mim uma fenda se abria no chão, a terra ia aos poucos se afastando como se estivesse sendo empurrada, se abrindo como um portal. O mais curioso era que todas as poças de sangue ao redor da fenda estavam sendo sugadas para ela, como um rio que segue seu curso. Assim que o sangue secou o tremor parou, tudo ficou calmo por apenas um segundo até que eu visse. Devagar e de um jeito impressionante alguém saia de lá, eu não sabia como, mas pude vê-lo subir cada vez mais até estar a um metro do chão. Não pude evitar meus olhos de se arregalaram e meu queixo cair, eu não acreditava no que estava vendo.

Suas asas eram grandes, brancas e majestosas, estavam curvadas atrás de si e tinham um brilho tão extraordinário que era quase impossível não olhar para elas, não notar o poder e a imponência que elas exalavam. Seu corpo era o que se esperava de um guerreiro, firme e musculoso. Vestia-se com uma armadura prateada e todos os demais adereços de um uniforme de guerra, o capacete tampava parte de seu rosto, tornando difícil reconhece-lo, não que eu visse muitos como ele. A única coisa visível em seu rosto eram seus olhos, mas de onde eu estava não dava para ver muita coisa.

Havia um brasão estranho em seu peito que não dava para identificar, era como se a imagem saísse do foco toda vez que eu me concentrava. Ele encarava o chão e todo seu corpo estava coberto por sangue, acho que isso explica o cenário a nossa volta, mas não o porquê de tudo estar tão silencioso e vazio.

Em sua mão estava uma fabulosa espada, a prata mais cintilante que eu já tinha visto na vida, como se fosse feita de luz, era a única coisa que estava limpa e isso me deixou confusa, ainda mais. Mas a confusão se foi rapidamente assim que ele apontou aquela linda arma para mim, prendendo totalmente minha atenção.

Fiquei encarando a espada por um tempo até minha mente voltar a funcionar, ninguém podia me culpar por ter travado, eu tinha a droga do anjo da morte na minha frente. Dei um passo hesitante em sua direção, eu não sabia por que ia de encontro àquela criatura alada e misteriosa, mas algo nele me atraia, um instinto, uma força que me induzia a continuar em frente. Mesmo confusa e assustada, mesmo com aquela espada apontada para mim, notei que não sentia medo dele, pelo contrario, eu sentia que ele poderia responder minhas perguntas. Isso ou ele acabaria comigo antes que eu piscasse.

-Quem é você? - perguntei com a voz mais firme do que eu esperava.

Ele permaneceu em silêncio e minha calma aparente começou a ir embora.

-Quem é você? - perguntei novamente ficando irritada.

Seus lábios se curvaram em um sorriso de dentes brancos e perfeitos, aquilo não ajudou a aplacar meu animo, toda aquela loucura estava me deixando cansada e nervosa. De um jeito estranho era como se tivesse algo nele que mexesse comigo, algo que me deixava inquieta. Fechei meus olhos por um momento e respirei fundo, eu precisava ficar calma.

-Não sabe o que sou? - perguntou me despertando.

Sua voz era suave e melodiosa, mas ao mesmo tempo intensa e feroz. O som ecoou pelas árvores e até mesmo pelos meus ossos, me fazendo vibrar. Dava para sentir o poder através de suas palavras. Respirei fundo e me controlei.

-Sei que você é um anjo, isso é obvio. Perguntei quem você é!

Ele sorriu novamente.

Meu Último Suspiro - O início - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora