Logo Ádino retirou a pedra de uma vez e todos saíram, estava escuro ainda, e seguiram na direção que o sol iria despontar dali algumas horas ainda, andavam rápido porque era necessário estarem seguros quando o dia estivesse claro.
O solo rochoso e a escuridão não facilitavam as coisas para Lúcia, mas ela se sentia na obrigação de seguir sem reclamar, não queria mostrar fraqueza em seu primeiro dia de viagem em grupo, só que não era nada agradável aquele escuro, de longe Lúcia se assustava com uma sombra que parecia ser um monstro horrível, mas quando se aproximava percebia ser uma rocha grande ou um galho retorcido, porque as árvores não colaboravam muito com sua aparência, eram retorcidas e mortas.
Andaram sem cessar por quase duas horas, o sol ameaçava despontar no horizonte, aliviada e com menos medo Lúcia já conseguia ver com um pouco de clareza.
Estavam a alguns quilômetros de uma imensa floresta, que ela deduziu um pouco assustada que tinha muitos quilômetros de extensão, essa deve ser a floresta dos pássaros, pensou Lúcia com alívio, estavam próximos do primeiro destino traçado.
Quando o sol estava quase todo de fora no horizonte, Jiron disse a todos. _Vamos nos apressar, precisamos estar em segurança na alameda dos pássaros, para descansarmos um pouco antes de prosseguir.
Só de ouvir essa palavra "descanso", Lúcia se animou e apertou o passo, o grupo andava muito rápido e logo venceram a distância entrando na floresta, andaram na estrada macia por causa das folhas secas por mais algum tempo ainda, era um lugar bonito com arvores majestosas e bem altas, suas copas deixavam a larga estrada totalmente sombreada, muitos pássaros de vários tamanhos e cores passavam por eles indiferentes ao perigo que o grupo oferecia a eles, estavam andando já havia algum tempo por ali.
Linade olhou para trás e disse a Jiron: _Já podemos descansar, aqui estamos seguros.
Alguns suspiros altos indicava que deram graças por Linade dizer isso, rapidamente todos pararam e começaram a se organizar para logo poder descansar, Ádino tirou o grande saco de suas costas, puxou a marreta e deixou encostada em uma árvore, deixou o saco no chão e saiu pelo meio das arvores pegando gravetos, Linade tirou a pequena carga das costas de Jahil, e começou a mexer no interior dos alforjes, Balmac sumiu pelo interior da floresta logo Ádino voltava com um enorme maço de lenhas, ascendeu o fogo com uma rapidez mostrando o quanto era hábil nessas tarefas.
Lúcia sentou perto de Luthiron. _Reparei que Balmac está muito quieto, parece aborrecido, o que será que houve?
Luthiron olhou para ela, e como sempre seu olhar não dizia nada, ela já estava ficando acostumada com o jeito dele.
_Balmac é assim, não gosta de perder, e a morte de Chilsto foi para ele uma derrota, eles discutiam muito porque eram dois rabugentos, mas ao mesmo tempo se davam muito bem porque se compreendiam, suas dores eram parecidas.
_Então suas histórias são iguais.
_Não, o que eu disse é que suas dores eram parecidas, ambos de maneiras diferentes, perderam suas famílias para o espectro.
Lúcia ficou em silêncio, pensando o quanto realmente eram parecidos, os dois eram mesmo rabugentos, mas Balmac tinha tristeza nos olhos enquanto seu avô tinha uma sombra nos olhos, por mais que estivesse rindo, parecia estrar sempre magoado ou com um ódio escondido, mas isso nunca tinha afetado o carinho dele com ela.
Lúcia se levantou deixando Luthiron com seus pensamentos, não queria incomodá-lo, sabia que ele gostava de ficar sozinho, estava com muita fome, mas sabia que a comida demoraria um pouco, resolveu descansar para aguentar aquela longa caminhada que fariam depois da comida.
O cansaço da noite anterior fez efeito, pegou no sono rapidamente, um sono conturbado, estava em um enorme perigo, Balmac estava em cima dela, estava com uma aparência horrível parecia, descarnado de tanto que estava magro, Lúcia estava com seu punhal e por mais que o golpeasse não conseguia tirá-lo de cima dela, só via sua mão tentando empurrá-lo para longe e ele a rosnar muito raivoso, uma dor intensa a dominava, estava ferida, pegou algo e levou em direção ao rosto.
Acordou assustada, todos a olhavam, mas foi Luthiron que se aproximou. _Outro pesadelo?
_Sim, só que não consigo entender, parecia que Balmac estava me atacando.
Luthiron estranhou e franziu o cenho. _Balmac? Era ele ou se parecia com ele?
_Bem, parecia ele, só que estava muito magro e tinha uma aparência horrível parecendo ele só que com mais maldade nos olhos e eu podia ver algumas parte de seus ossos saliente no corpo, estava muito feio e magro mesmo, parecia faminto.
Luthiron assentiu. _Não era ele, mas seu povo.
Lúcia olhava para Luthiron com os olhos muito abertos e tentando entender o que ele dizia. _Quer dizer que Balmac não é só, tem mais igual a ele.
_Balmac vem de um povo guerreiro, os Zargons e ele são seguidores, a maioria de seu povo depois de escravizada em batalha se aliou ao espectro, sendo guerreiros orgulhosos, não quiseram ficar com o lado que estava perdendo, e o espectro os enganou prometendo que depois que conseguisse dominar todos os povos desse mundo, os libertaria para que reinassem com ele, todos dominados pela ganância e pelo egoísmo de ver nem que fosse só seu povo em liberdade se uniram ao espectro, foram poucos os que se recusaram, Balmac é um deles e desses que foram contra essa atitude somente ele que sobreviveu.
_Como aconteceu isso? Foram atacados pelos próprios de sua raça por não terem concordado é isso?
_Não sei os detalhes Lúcia, só sei o que todos sabem, Balmac poderá te contar algum dia, mas deixemos isso de lado e vamos falar desse pesadelo, na última vez que sonhou, já havia acontecido.
Luthiron estava concentrado, tentando entender o sonho, Linade, Jiron e Balmac se aproximaram Jahil permaneceu em seu lugar atento, Caluto parecia nem querer ouvir a conversa, Ádino mexia com o fogo, mas estava atento ao que diziam.
_O que houve? Perguntou Linade
_Lúcia teve mais um pesadelo.
Linade a olhava com os olhos apertados um pouco desconfiada e preocupada com o que poderia ter sonhado. _ Conte o que sonhou Lúcia talvez possamos ajudar.
_Quando Lúcia sonhou com a morte de Chilsto, na beira do lago, seu sonho foi até o final, nesse ela não pôde ver o que lhe aconteceu, então quer dizer que o primeiro já havia acontecido ou acontecia naquele momento, mas esse ainda poderá acontecer.Lúcia contou a todos seu sonho enquanto Luthiron continuava a andar pensativo, de um lado a outro bem devagar, logo começou a falar a todos e a ninguém ao mesmo tempo.Luthiron parecia visivelmente preocupado. _Pode ser um aviso do perigo que ela correrá, se tivesse sonhado até o final, saberíamos como contornar isso e quem sabe protegê-la.
Balmac olhou para Lúcia suplicante. _Você conseguiu ver a paisagem, alguma coisa que a marcasse em seu sonho?
Lúcia ficou pensativa, tentando lembrar algo que pudesse ser relevante. _Não, eu estava caída perto de uma pedra, mas a paisagem parecia ser um nada vermelho.
Balmac arregalou os olhos, igual a todos os outros e Luthiron com um ar preocupado disse o que os outros pareciam já saber.
_O campo vermelho, será lá que acontecerá, teremos de ser cautelosos e ficarmos atentos a Lúcia quando chegarmos lá.
*-* espero que tenham gostado, vou amar se me disserem o que acharam e se votarem muitos beijos e até a próxima!
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Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1
FantasyEla não imaginava que viajaria pelas terras de Heleno acompanhada de tantas criaturas, ela não imaginava que muitos povos dependiam dela, muito menos sabia que teria missões a cumprir e que a cada missão concluída com sucesso, um povo seria libertad...
Uma visão com Balmac
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