Capítulo 4 (Parte 1)

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-Isso lá é pergunta que se faça, Lissa?!

Eu bufo, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

-Não tem nada demais, mãe! Eu já sou grande o suficiente para ter esse tipo de conversa com a senhora. É apenas uma curiosidade e eu gostaria que sua resposta fosse sincera.-Peço, vendo-a me fitar com um pequeno sorriso.

-Você tem razão. Você não é mais uma menina.

-Isso não responde a minha pergunta.

Ela suspira vencida, vendo que não vou desistir até obter uma resposta.

-Eu já o amei. Na juventude fui loucamente apaixonada por ele, mas depois de dezoito anos eu já não sinto o mesmo. O rapaz feliz e cheio de sonhos por quem me apaixonei não existe mais e deu lugar a um homem frio e controlador que eu não reconheço.- Fala com melancolia -Mas o fato de não ama-lo não significa que eu não me preocupe com ele. Dezoito anos é muito tempo. Eu gosto do seu pai, Lissa. Nós temos uma história juntos. Temos você!

Ela chegou ao ponto que eu queria.

-Você é o meu pai não estão juntos só por mim, não é? -Pergunto sem delongas.

-Lissa... - Ela fica desconfortável imediatamente e eu tiro minhas próprias conclusões.

-Não precisa ser assim, mãe! Eu não vou ficar depressiva nem me atirar de um penhasco porque os meus pais não moram juntos! Também não serei a primeira e muito menos a última pessoa na Terra que é convive com pais separados! Eu quero que você a seja feliz, mãe! Você é jovem, é linda e não precisa aguentar as humilhações e as bebedeiras do meu pai. A senhora pode encontrar outra pessoa; Alguém que lhe dê o devido valor. Nós podemos começar a trabalhar para o nosso próprio sustento e...

-As coisas não são fáceis assim, filha. Você acha que eu nunca pensei em ir embora? Algumas vezes eu cheguei a fazer as malas, mas depois de pensar bem e com calma, acabei desistindo e guardando tudo de volta. Giovanni é o meu marido e eu prometi, perante Deus e os nossos familiares, que viveríamos juntos até o fim de nossas vidas, na alegria e na tristeza...

-E também prometeram fidelidade um ao outro. -Dessa vez sou eu quem a interrompo. -Mas pelo visto o meu pai não está cumprindo essa parte do prometido. -Digo com ironia e o rosto da minha mãe empalidece.

Ela pensava que eu não sabia desse detalhe.

-Você ouviu toda a conversa? -Pergunta ela.

-Grande parte dela. -Confesso, baixando o rosto.

-Me desculpe, filha. Não era para você ter ouvido nada daquilo.

Sorrio sem humor.

-Eu não ouvi nada que já não soubesse. Só não entendo como a senhora pode continuar com ele sabendo que ele à traí com outras mulheres. -Falo com incredulidade.

Se Rafael Castilho me traísse algum dia, eu lhe castraria as bolas.

Minha mãe me lança um olhar que não compreendo, mas quando abre a boca para falar alguma coisa, Giovanni Ferrasi aparece na porta da cozinha com a roupa amassada e uma cara péssima, fruto da ressaca após a bebedeira de ontem.

Internamente, suspiro de alívio ao vê-lo bem, mas não demonstro nada por fora. Ainda estou magoada com tudo que ele fez.

-Bom dia. -Ele diz, meio sem jeito.

Minha mãe e eu nos limitamos a retribuir a saudação.

-Clarice, precisamos conversar. -Diz ele para a minha mãe e eu torço silenciosamente para que ela o ignore.

No entanto, ao invés de ignorá-lo, ela concorda com a cabeça e depois de me lançar um olhar de desculpas, sai da cozinha sendo seguida por ele.

Eu sei onde isso vai dar, pensei comigo mesma.

Tomo o resto do meu café sozinha e em seguida subo para o meu quarto. Me jogo na cama e pego o meu celular dentro da mochila, me assustando com a quantidade de mensagens e chamadas perdidas que encontro ao liga-lo, todas do Rafa.

Droga! Esqueci completamente de ligar pra avisar que cheguei em casa bem ontem à noite.

Resolvo ligar para ele, que atende logo no primeiro toque, como se estivesse com o celular na mão o tempo todo esperando a ligação.

-Alô.

-Lissa! Por que não me ligou ontem!? Eu estava ficando louco sem notícias suas!

É pior do que eu imaginava!

Suspiro, me sentindo culpada.

-Desculpa, eu acabei esquecendo... -Falei em tom de desculpa, sentindo um nó na garganta.

As lágrimas começam a cair pelo meu rosto involuntariamente.

-Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Você está chorando?! -A preocupação na voz dele quase me fez sorrir. Ele ficava extremamente encantador todo preocupado.

-Meus pais brigaram de novo. -Falo em tom de explicação, fungando e secando as lágrimas que teimavam em cair.

-Eu sinto muito amor! Há algo que eu possa fazer?

-Eu preciso de você. Posso ir até a sua casa? -Pergunto, ouvindo-o sorrir levemente do outro lado da linha.

-Que pergunta boba é essa, namorada? "Mi casa es su casa." -Diz com um sotaque engraçado e eu começo a rir inevitavelmente.

Sei que ele está tentando melhoras o meu humor e devo dizer que ele está obtendo êxito.

-Eu chego aí em meia hora. Ah, e só por curiosidade... O Renan está em casa? -Pergunto mordendo o lábio.

Mesmo sem vê-lo, sei que o Rafa está franzindo a testa do outro lado da linha.

-Ele chegou de madrugada e saiu agora à pouco. Não acho que volte tão cedo. Mas por que a curiosidade? -Pergunta desconfiado.

Suspiro aliviada por saber que o meu cunhado idiota não vai estar em casa.

-Não é nada. Só para saber... -Desconverso, tentando disfarçar o alívio que sua resposta me trouxe. -Tenho que desligar agora. Eu amo você, Rafa!

Ouço o sorriso dele no outro lado da linha.

-Também amo você, minha linda! -Ele diz e eu sorrio como uma idiota, finalizando a ligação.

Vou até o quarto dos meus pais, que está estranhamente silencioso. Coloco o ouvido encostado na porta para tentar ouvir alguma coisa e sinto minhas bochechas pegarem fogo quando ouço barulhos muito parecidos com gemidos e suspiros vindos de dentro do quarto.

Tapo os ouvidos imediatamente e saio dali o mais rápido possível, tentando afastar a imagem dos meus pais transando da minha cabeça. Isso sim, é capaz de traumatizar uma pessoa, penso constrangida e resolvo deixar um bilhete na porta da geladeira.

"Fui estudar na casa da Mila.

Volto à tarde.

Lissa."

Escrevo no bloco de anotações e saio de casa em seguida.

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Foto da Lissa acima.

Um Bad Boy em minha vidaWhere stories live. Discover now