-Isso lá é pergunta que se faça, Lissa?!
Eu bufo, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
-Não tem nada demais, mãe! Eu já sou grande o suficiente para ter esse tipo de conversa com a senhora. É apenas uma curiosidade e eu gostaria que sua resposta fosse sincera.-Peço, vendo-a me fitar com um pequeno sorriso.
-Você tem razão. Você não é mais uma menina.
-Isso não responde a minha pergunta.
Ela suspira vencida, vendo que não vou desistir até obter uma resposta.
-Eu já o amei. Na juventude fui loucamente apaixonada por ele, mas depois de dezoito anos eu já não sinto o mesmo. O rapaz feliz e cheio de sonhos por quem me apaixonei não existe mais e deu lugar a um homem frio e controlador que eu não reconheço.- Fala com melancolia -Mas o fato de não ama-lo não significa que eu não me preocupe com ele. Dezoito anos é muito tempo. Eu gosto do seu pai, Lissa. Nós temos uma história juntos. Temos você!
Ela chegou ao ponto que eu queria.
-Você é o meu pai não estão juntos só por mim, não é? -Pergunto sem delongas.
-Lissa... - Ela fica desconfortável imediatamente e eu tiro minhas próprias conclusões.
-Não precisa ser assim, mãe! Eu não vou ficar depressiva nem me atirar de um penhasco porque os meus pais não moram juntos! Também não serei a primeira e muito menos a última pessoa na Terra que é convive com pais separados! Eu quero que você a seja feliz, mãe! Você é jovem, é linda e não precisa aguentar as humilhações e as bebedeiras do meu pai. A senhora pode encontrar outra pessoa; Alguém que lhe dê o devido valor. Nós podemos começar a trabalhar para o nosso próprio sustento e...
-As coisas não são fáceis assim, filha. Você acha que eu nunca pensei em ir embora? Algumas vezes eu cheguei a fazer as malas, mas depois de pensar bem e com calma, acabei desistindo e guardando tudo de volta. Giovanni é o meu marido e eu prometi, perante Deus e os nossos familiares, que viveríamos juntos até o fim de nossas vidas, na alegria e na tristeza...
-E também prometeram fidelidade um ao outro. -Dessa vez sou eu quem a interrompo. -Mas pelo visto o meu pai não está cumprindo essa parte do prometido. -Digo com ironia e o rosto da minha mãe empalidece.
Ela pensava que eu não sabia desse detalhe.
-Você ouviu toda a conversa? -Pergunta ela.
-Grande parte dela. -Confesso, baixando o rosto.
-Me desculpe, filha. Não era para você ter ouvido nada daquilo.
Sorrio sem humor.
-Eu não ouvi nada que já não soubesse. Só não entendo como a senhora pode continuar com ele sabendo que ele à traí com outras mulheres. -Falo com incredulidade.
Se Rafael Castilho me traísse algum dia, eu lhe castraria as bolas.
Minha mãe me lança um olhar que não compreendo, mas quando abre a boca para falar alguma coisa, Giovanni Ferrasi aparece na porta da cozinha com a roupa amassada e uma cara péssima, fruto da ressaca após a bebedeira de ontem.
Internamente, suspiro de alívio ao vê-lo bem, mas não demonstro nada por fora. Ainda estou magoada com tudo que ele fez.
-Bom dia. -Ele diz, meio sem jeito.
Minha mãe e eu nos limitamos a retribuir a saudação.
-Clarice, precisamos conversar. -Diz ele para a minha mãe e eu torço silenciosamente para que ela o ignore.
No entanto, ao invés de ignorá-lo, ela concorda com a cabeça e depois de me lançar um olhar de desculpas, sai da cozinha sendo seguida por ele.
Eu sei onde isso vai dar, pensei comigo mesma.
Tomo o resto do meu café sozinha e em seguida subo para o meu quarto. Me jogo na cama e pego o meu celular dentro da mochila, me assustando com a quantidade de mensagens e chamadas perdidas que encontro ao liga-lo, todas do Rafa.
Droga! Esqueci completamente de ligar pra avisar que cheguei em casa bem ontem à noite.
Resolvo ligar para ele, que atende logo no primeiro toque, como se estivesse com o celular na mão o tempo todo esperando a ligação.
-Alô.
-Lissa! Por que não me ligou ontem!? Eu estava ficando louco sem notícias suas!
É pior do que eu imaginava!
Suspiro, me sentindo culpada.
-Desculpa, eu acabei esquecendo... -Falei em tom de desculpa, sentindo um nó na garganta.
As lágrimas começam a cair pelo meu rosto involuntariamente.
-Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Você está chorando?! -A preocupação na voz dele quase me fez sorrir. Ele ficava extremamente encantador todo preocupado.
-Meus pais brigaram de novo. -Falo em tom de explicação, fungando e secando as lágrimas que teimavam em cair.
-Eu sinto muito amor! Há algo que eu possa fazer?
-Eu preciso de você. Posso ir até a sua casa? -Pergunto, ouvindo-o sorrir levemente do outro lado da linha.
-Que pergunta boba é essa, namorada? "Mi casa es su casa." -Diz com um sotaque engraçado e eu começo a rir inevitavelmente.
Sei que ele está tentando melhoras o meu humor e devo dizer que ele está obtendo êxito.
-Eu chego aí em meia hora. Ah, e só por curiosidade... O Renan está em casa? -Pergunto mordendo o lábio.
Mesmo sem vê-lo, sei que o Rafa está franzindo a testa do outro lado da linha.
-Ele chegou de madrugada e saiu agora à pouco. Não acho que volte tão cedo. Mas por que a curiosidade? -Pergunta desconfiado.
Suspiro aliviada por saber que o meu cunhado idiota não vai estar em casa.
-Não é nada. Só para saber... -Desconverso, tentando disfarçar o alívio que sua resposta me trouxe. -Tenho que desligar agora. Eu amo você, Rafa!
Ouço o sorriso dele no outro lado da linha.
-Também amo você, minha linda! -Ele diz e eu sorrio como uma idiota, finalizando a ligação.
Vou até o quarto dos meus pais, que está estranhamente silencioso. Coloco o ouvido encostado na porta para tentar ouvir alguma coisa e sinto minhas bochechas pegarem fogo quando ouço barulhos muito parecidos com gemidos e suspiros vindos de dentro do quarto.
Tapo os ouvidos imediatamente e saio dali o mais rápido possível, tentando afastar a imagem dos meus pais transando da minha cabeça. Isso sim, é capaz de traumatizar uma pessoa, penso constrangida e resolvo deixar um bilhete na porta da geladeira.
"Fui estudar na casa da Mila.
Volto à tarde.
Lissa."
Escrevo no bloco de anotações e saio de casa em seguida.
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Foto da Lissa acima.
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Um Bad Boy em minha vida
Teen FictionMaria Alissa Ferrasi, 17 anos, é uma adolescente brasileira de descendência italiana que vê sua vida mudar quando conhece o seu cunhado Renan Castilho, 19 anos, um bad boy tatuado, desbocado e dono de um sorriso malicioso que deixa qualquer garota d...
Capítulo 4 (Parte 1)
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