Resgate.

Os soldados já sentiam certo tédio, estavam a algumas horas de prontidão atrás de uma pequena barreira feita com caixas metálicas enquanto os cientistas atrás deles vasculhavam minuciosamente um cadáver quase congelado de uma criatura, parecida com um grande urso bípede branco que chamaram de ursadon.

Eram cinco os soldados que formavam a primeira linha de defesa daquele assentamento terrano, dois deles vestiam trajes CMC novos e ainda brilhavam sob o céu de Kaldir, as ombreiras largas e grandes não exibiam nenhum traço de combate nem amassado, seus grandes rifles Gauss, perfeitamente adaptados para caber nas mãos grandes do traje, também pareciam saídos da fábrica de algum lugar da galáxia. Outros dois exibiam seus trajes mais surrados, diversas marcas de bala e arranhões denunciavam que aquelas armaduras já haviam sobrevivido a intensos combates, os rifles por outro lado estavam ótimos. O ultimo parecia mais experiente, o traje era vermelho e exibia marcas de desgaste, um desenho de uma mulher loira de biquíni na ombreira estava cortado por um grande risco no ferro, separando a cintura da jovem retratada do resto do corpo. Ao contrario dos outros quatro que estavam com visor abaixado e liso, este exibia sua longa e grisalha barba enquanto fumava um grande charuto.

- Garotos, fiquem espertos. – Disse a voz suave de uma mulher nos comunicadores internos do traje de cada soldado. – Estou pegando alguma coisa estranha logo à frente.

- Finalmente um pouco de ação. – Falou o soldado do traje vermelho, fechando seu visor sem se importar com o charuto.

Como que ensaiados, todos os soldados carregaram seus rifles, enchendo automaticamente os pentes de suas armas com balas incendiárias. Ficaram em silencio por alguns minutos a apenas o som da raspagem que os cientistas faziam na carcaça era ouvida.

- Estão se aproximando, não são ursadons, são Protoss. – A voz da comandante falava quase aos sussurros dentro de seus trajes.

A informação os fez se preocupar, eram poucos e dependendo de quantos protoss se aproximavam seria uma derrota certa. Mas acreditaram que o comando ordenaria uma retirada rápida se as forças inimigas fossem muito superiores.

Mais à frente puderam ver, à medida que os alienígenas se aproximavam, que era uma força ainda menor que a presente no assentamento, apenas dois fanaticus que eram escoltados por uma sentinela. Os guerreiros usavam suas típicas armaduras amarelas e brilhantes, suas longas testas eram protegidas apenas por uma fina camada do metal e um cristal na fronte, assim como o queixo pontudo continha uma singela proteção como uma peça encaixada. As ombreiras menos largas que dos soldados tinham projeções circulares para o alto, como que evitassem golpes corpo-a-corpo que degolassem o guerreiro. O peitoral dourado cobria todo o corpo do protoss, assim como os braços que eram desprotegidos apenas nos cotovelos. As pernas, por outro lado, não sofriam qualquer ponto de vulnerabilidade, sendo totalmente coberta pelas armaduras. A atenção dos soldados se voltou para dois pares de rodas girantes nas laterais dos joelhos invertidos dos guerreiros, estava claro que se tratava de um aprimoramento de velocidade.

A unidade robótica sentinela flutuava alguns centímetros acima do solo coberto de neve, feita de uma liga de metal parecida com as armaduras dos fanáticos o autômato era pequeno e achatado, como um prato. Em sua frente uma pedra redonda e azul brilhava constantemente, dois arcos metálicos dourados projetavam-se dela para sua lateral circular, no centro brilhava uma grande esfera azul que girava lentamente e o brilho que podia ser visto atrás da sonda denunciava o pequeno motor.

- Não os deixem começar, esses filhos da mãe são rápidos! – Disse o soldado de traje vermelho. – Acertem na sentinela primeiro! – E começou a disparar.