- Liz, nós pensamos muito nos figurinos para essa sessão, esse é o melhor...

- Melhor para quem? Não para mim! Eu nem sei outra música do Guns que não seja "Sweet Child O' Mine"! Uma vergonha, eu sei - fui até o cabide atrás dela, procurando alguma camiseta legal, mas a melhor que eu encontrei era um cropped escrito "wacko"*. - Ah! Alguma coisa para salvar. Como pode, em Alexa? Você sempre trabalhou comigo, consegue ser melhor do que isso.

- É difícil achar algo para você! Tem noção do quanto você é esquisita?

Levantei a camisa pondo em frente ao peito deixando a estampa escrita "wacko" para frente e sorri, como se isso justificasse tudo.

- Talvez eu devesse participar de algumas reuniões, sabe que eu não vou aceitar o que eu não quero. Mas adorei o short!

Arranquei a roupa e vesti a outra imediatamente, calçando os coturnos logo em seguida.

- Não vou usar nenhuma dessas roupas. - adiantei logo. - Peça a Ewan para ir à minha casa, na parte de camisas do lado esquerdo do meu closet tem algumas camisas úteis. Tem uma branca que nunca usei e ta escrita "bad bitch", acho que vai combinar muito com o propósito disso tudo aqui.

- Eu não sei... Parece exagero, não?

- Alexa, você não consegue ser má sem ser uma vadia. Bad Bitch. Confia em mim.

Voltei para a sala onde as fotos aconteciam e dessa vez meu humor estava suavemente diferente. Eu não estava mais aborrecida e de saco cheio, eu estava cínica.

- Eu gostei desse olhar - Tasha disse. - Vamos aproveitar!

- E que tal uma música?

Tasha sorriu e começou a comandar a equipe para reajustar as luzes do cenário e por a música para explodir nos alto-falantes do estúdio. E a partir daí o ensaio saiu de forma natural e relaxada, apesar de eu odiar o bando de pessoas me olhando, eu já estava acostumada a me forçar a ignorá-las e seguir em frente com as caras e bocas. De qualquer maneira, eu nunca me senti tão à vontade antes, talvez porque dessa vez eu estava sendo eu mesma. Eu estava com roupas que me faziam sentir bem, com estampas que definitivamente me descreviam, ou que me faziam acreditar que sim.

Querendo ou não, eu adorava pensar que era uma vadia, louca, estranha, rebelde. Eu queria ser tudo isso, mas no final das contas sempre colocava meu rabinho entre as pernas com o desejo apenas estampado nas camisetas.

Talvez eu fosse uma fake bad girl hipster. Aparentemente isso já servia. Afinal, usei a camisa com "bad bitch" e uma jaqueta de couro e simplesmente foi uma das minhas melhores fotos! Nem mesmo precisei da garrafa de Jack Daniels.

Depois de tudo pronto, Tasha me mostrou as fotos para escolhermos e várias ficaram bem estranhas, afinal, eu não sou uma pessoa das mais fotogênicas, para piorar eu não sou aquele tipo de beleza... bem, típico. Acho que tirando toda a maquiagem feita pela Abby ou o cabelo manipulado pelo Gil, não tenho nada que alguém possa dizer: uau! Talvez os meus tons sejam um diferencial fora da America latina, mas meu rosto... é bem normal até. A diferença sempre foi a superprodução e os cuidados que sou forçada a ter.

Ensaios fotográficos sempre me faziam lembrar de que antes dessa fama toda e de toda a produção que fizeram em mim, eu estava lá, no grupo ignorado e esquecido pelo resto da sociedade escolar juvenil porque eu não era bonita o suficiente para que a maioria das pessoas se enturmasse comigo.

E eu ouvi isso na minha cara e mais de uma vez: eu não era bonita o suficiente.

Agora eu apareci nas 10 mais bonitas do mundo. Chupa mundo! E obrigado puberdade + dinheiro e fama.

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