Universo de Luz

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Uma cidade.
Um bairro.
Uma rua.
Uma casa.
Um andar.
Um quarto.
Uma janela.
Aberta.
1001 estrelas.

Historinha do poema...
Livia, abarrotada de trabalho, preenchida de infelicidade e lotada de estresse, procurava por luz. Uma luz desse abismo, uma luz no fim do túnel apertado e asfixiado que a vida dela tinha ganho rumo. Uma luz.
O mísero feixo de sol, que dava clareza a recém-chegada manhã de Livia, iluminava sua sala escura. As paredes cinzas e os retratos de rostos aborrecidos pendurados pitorescamente na cristaleira vazia da casa, davam um ar de solidão. Eram 5:00 horas da manhã e Livia já estava trabalhando, emfurnada em seu laptop, já vestida em seu tubinho preto com um cinto bordô um pouco acima da cintura.  A primeira vista; a vida de Lívia parecia quase que perfeita: apesar de não ter um companheiro ou família próxima, ocupava um alto cargo como executiva em sua empresa. Tinha dinheiro e era chefe de muitos funcionários. Uma mulher de poder.
Ela ouviu um barulho. Como nunca saia, nunca vivia, nunca ouvia nada além do tectec de seu teclado, em primeira via achou que fosse um ladrão. Como cena de novela pegou uma frigideira na cozinha e atirou-a na janela. O vidro, a prova de balas, nem se mexeu: mas o pasaarinho amarelo que antes relaxava no batente fez uma melodia com seu ritmado e acelerado bater de asas.
Correu ao banheiro, abriu a torneira ao máximo e botou seu rosto por baixo do chafariz, borrando seu rímel e tirando toda sua maquiagem cara. Chorando, secou-se; e como se algum animal afinado e tagarela tivesse sofrido uma mutação tornando-se Livia, ela se dispôs a cantarolar. Girava e dava mortais no ar de forma tão angelical que dava a impressão de estar voando, dançando semore na frente da luminosidade do Sol, que dava as caras de forma grandiosa e graciosa. As janelas abertas, ela parou em frente a vista da cidade e sua rápida e transformadora metamorfose dava por seu mais arriscado e inexplorado número! : asas nasciam de suas costelas finas e subnutridas pelas descargas de dietas em que se submetia. Como se fosse a personificação da liberdade, voou em direção a janela e piou como um passarinho amarelo e bateu as asas como uma pura borboleta:
- Uma janela. Um feixo. Uma luz. Uma chance. E eu me vou para o verdadeiro universo que minha lagarta deprimida me deixou presa, sem asas para voar até o coração.
E desapareceu, levando consigo o fim do dia, trazendo a noite e suas 1001 estrelas.

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MandiMayer
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