O celular tocou mais uma vez e ela apenas espiou a tela, vendo mais uma vez aquele nome: Sabrina. Suspirou, imaginando o que afinal ela queria insistindo tanto nas ligações. Tudo tinha sido dito na noite anterior o a última coisa que Luciana precisava era ouvir novamente a voz da ex e cutucar a ferida fresca em seu coração.
Ela encarou o copo vazio sobre o balcão e fez um sinal com o dedo indicador para o bartender, que sabia bem o que aquilo significava, preparando outra bebida semelhante. Luciana agradeceu mentalmente, ajeitando-se em seu lugar e esperando pelo drink.
— Uma pena que seus amigos nem perceberam que você não está se divertindo.
Luciana se virou para a esquerda, na direção da voz, e encontrou uma loira que sorria para ela.
— Prefiro assim. Não quero meus colegas de trabalho fazendo perguntas que não estou querendo responder.
A moça deu de ombros, ainda sorrindo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e tomando um pouco da própria bebida.
— Entendo bem o que você quer dizer, também não gosto que as pessoas que trabalham comigo se envolvam na minha vida. Mas acho que você poderia ter alguém pra desabafar o que quer que esteja incomodando e deixando tanta tristeza.
O bartender colocou o drink sobre o balcão.
— Meio complicado quando os amigos que você tem ou ficaram na sua cidade natal ou estão completamente ligados à sua ex — Luciana deu de ombros, bebendo um gole da bebida recém preparada.
A loira se levantou e andou na direção de Luciana.
— Então esse é aquele momento em que você pode fazer novos amigos — ela disse, estendendo a mão para Luciana. — Prazer, Marina Serrano.
As mãos se uniram um segundo antes de Luciana registrar o nome dito. Ela franziu a testa, tentando usar a memória, até que conseguiu lembrar-se das feições que repentinamente lhe pareceram familiares.
— Marina, é você? — Luciana separou a mão, sem tirar os olhos da garota.
— Você me conhece?
— Sou eu, Luciana Monteiro!
Ela viu Marina abrir a boca e percebeu que tinha sido reconhecida.
— Luciana! Que mundo pequeno!
As duas se abraçaram e Luciana esqueceu por algum tempo da tristeza que estava sentindo para celebrar o reencontro de uma pessoa que tinha sido tão importante em sua vida.
— Uau! — Marina disse assim que se separou do abraço da outra. — Quais eram as chances de nos reencontrarmos nessa cidade enorme?
— Não sei, Marina, mas certamente não vou deixar você sumir de novo.
.::.
Marina estava barzinho naquela noite, acompanhada pela amiga que parecia genuinamente constrangida com a situação, enquanto guardava o celular de volta na bolsa. Não era culpa dela afinal, imprevistos aconteciam e um desses tinha acabado de ligar no celular de Cláudia, fazendo com que aquela noite no barzinho de sempre tivesse de ser adiado.
— Pena que você tem que ir, Cláudia.
— Pena mesmo, a gente 'tava começando a se divertir — Cláudia tratou de esvaziar o copo, que era o primeiro daquela noite. — Você já vai também? Podemos dividir o táxi.
— Não, não, quero ficar mais um pouco. Não 'tô no pique de ir pra casa agora.
— Certeza? — Cláudia se inclinou na direção da amiga, franzindo a testa. — Não queria deixar você sozinha hoje.
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Todos os sonhos do mundo
Romance"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." Tabacaria - Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) Luciana tinha um sonho que estava guardado no fundo de sua gaveta há muito tempo, pegando a poeira do conformismo e d...
Capítulo I
Começar do início